segunda-feira, 8 de junho de 2020

MUSEU HUMANO

Partilhar

 (o link para o documentário inteiro está disposto no final do texto)

 "De todas as criaturas já criadas, ele (o homem) é o mais detestável. Ele é a única criatura que causa dor por prazer, sabendo que causa dor" (Mark Twain)

Dizem as teorias espiritualistas que estamos num movimento de ascenção. Que estamos num movimento de mudança de planeta de expiação para um planeta de regeneração. De todas as teorias e variantes que evocam essa ideia e suas diferenciações 'técnicas' do que somos para o que nos tornaremos, tem-se desde a composição genética de carbono para silício à reorganização de um novo DNA; da comunhão com outras dimensões e iguais galácticos a uma nova existência com outras vibrações e energias. De uma grande irmandade interestelar, de seres que são nossas origens para além do papel que desempenhamos nessa vestimenta, à mudança de 'modus vivendi'. Não tenho a menor pretensão em refutar nem discutir nada disso aqui. Afinal, vai que....
Uma das possibilidades nessa viagem psicodélica que chama minha atenção e, mais que isso, desejo, é o de ter um novo modo de sentir, construir a realidade, de nos tratarmos e nos relacionarmos. Outra é a de presenciar a glória de ver por água abaixo todas as relações de usurpação e de uso do outro como objeto, como produto, como escravo em todos os âmbitos de nossas relações.... Nunca escondi que este sítio é uma ode a utopia, uma veneração daquilo que se acredita mais puro no ser humano, daquilo que podemos produzir de bom, de magnífico, de genuíno (espero que nessa nova possibilidade de modalidade de existência retornemos à genuinidade do ser). Pode parecer conversa de bêbado, mas acreditar naquilo que parece impossível sempre foi um 'defeito' daqueles que nasceram sob a égide do signo de peixes. Como boa nativa da constelação, tirei um tempo para pensar, buscar, pesquisar essas questões que nestes tempos nos movem a acreditar que existe algo além dessa nossa existência miserável de 3ª dimensão. Uma dimensão de sofrimento, de dor, de pânico, de guerras.
Se estamos num momento de real mudança por forças que estão além de nossas capacidades de entendimento, capacidades de administração, de compreensão e de decisões, como seria o depois, se tudo o que diz o 'mundo espiritual atualizado' for verdade? Que chegaremos ao estado tão sonhado pelos mais afeitos a utopias, de nos harmonizarmos, de nos entendermos, de não nos subjugarmos - nem a nós, nem aos animais e tudo ao nosso redor -; de não precisarmos fazer protestos pelo óbvio, de termos nossas intenções lidas sem nos escondermos atrás de discursos, de termos a capacidade de nos compadecermos dos outros com naturalidade, de convivermos unidos, de respeitarmos o santuário de vida - Gaia - e com ela nos fundirmos....Como seria vista a humanidade que precedesse a este 'céu na terra' - o nós hoje - ? Como uma civilização mais avançada nos veria com questões torpes, sem lógica, genocida, suicida, na verdade?  Pois quando apostamos em extermínio é que somos. O quanto o painel da humanidade escrito com luz cinematográfica por Yann Arthus-Bertrand em seu documentário "Humano: Uma viagem pela vida" nos apresentaria  àqueles? como duais. Como agentes de uma dualidade esquizofrênica, sem sentido, vil e doentia. Como bichos presos numa gaiola machucando a nós mesmos. Uma pintura louca, insane, da qual não deveríamos ter nenhum orgulho do rastro deixado, a não ser o da coragem daqueles que aceitaram a missão de pintar esse painel, de fazer seus relatos, de expor suas dores e parcas alegrias.
Somos uma espécie hedionda, torpe, cruel e, ao contrário do que acreditamos, merecemos tudo o que nos acontece. Nos alimentamos com muito mais prazer da dor, do sofrimento, do  terror, do pânico, da impotência, da decepção e do sangue, do que da paz, da serenidade, da tranquilidade, da harmonia e do amor. Somos muito mais barulho do que silêncio. Usamos os outros - seres humanos e animais, ditos irracionais - para nossos intentos, quase sempre egoístas. Usamos nossa inteligência para produzir tecnologias para a destruição de tudo. Somos o pior que esse planeta possui. Nos adonamos do que é de todos - água, terras e ar - e sujeitamos tudo o que passa por nós, Com muito mais prazer pelo exercício de poder do que pelo exercício de comunhão e troca.
O que é essa maldição sobre Gaia, chamada nós? Toda a natureza treme com a nossa presença, com o uso de nossas forças - potencialidades mal usadas - superiores para subjugar, matar e destruir. O quanto o planeta e a natureza exulta quando ficamos em casa, quando estamos impotentes diante de um virus invisível. E o quanto usamos até esse vírus para promover eugenia, nossos intentos mais sórdidos de fomento de medo e de exercício de poder. Somos o mal do planeta.
Fico a imaginar o dia em que essa energia malévola for substituída por uma de vida, de luz e de regeneração, a sensação que não causaria em seres iluminados, puros, ascensos os relatos que se dão no documentário "Human" (no original). Minha esperança é de que vire peça de um grande museu que tenha por objetivo lembrar de uma espécie que passou por aqui, que quase destruiu um planeta inteiro- espero que seja detida a tempo - para que seja reconhecido qualquer de seus remanescentes  - se houver algum - para que seja detido a tempo de não se multiplicar e tomar o poder novamente.
Passou da hora de Gaia nos pôr no nosso lugar, de se vingar de nós ( o que ela não faria pois é amor e por isso sofre todos os males que impomos a ela). Passou da hora dos animais nos devolver tudo o que a eles infringimos, através de doenças, tristezas e mortes. Passou da hora de recebermos um basta. Que um dia - e que seja breve - possamos estar livre dessa sanha horrenda. E, que tudo o que fomos e fizemos seja lembrança e peça de museu.

Links para a versão estendida do documentário "Human"  de Yann Arthus-Bertand. França, 2015.
Parte 1

Parte2

Parte3