sexta-feira, 29 de abril de 2011

O JOGO DA VIDA

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      Há 30 anos atrás tivemos o casamento século XX. Como sempre um casamento real. O do Principe Charles e Diana Spencer. Onde o amor, aparentemente, era unilateral e, o seria a decepção, a tristeza e a dor. Mas o protocolo sempre estaria em primeiro lugar. Estaria?!....A insuportabilidade foi tanta, que tivemos as "traições" do século e o divórcio do século. Acabando tragicamente num túnel na França. Um Romeu e Julieta às avessas.
      O cerne da questão, " a infelicidade", estava no encanto pelo quintal do vizinho, chamado Camila Parker Bowels, também casada e amante de longa data (desde os idos da universidade, aproximadamente ínfimos 20 anos), deste senhor distinto e protocolar. No desembaraçar das teias do destino, após o fim trágico da esposa, separou-se de seu cônjuge, impôs-se goela abaixo da monarquia e dos súditos da rainha, quebrando todos os protocolos, com a bênção do ex-futuro rei. O que não se teve coragem de fazer na época própria por medo, covardia ou falta de peito para enfrentar as convenções, foi feito mais tarde mediante o alto preço da infelicidade alheia, da vergonha e humilhações próprias e da exposição pública desnecessária. Sim, porque na época houve vazamento de conversas íntimas, publicadas em tablóides sensacionalistas, de arrepiar cabelo de careca.
      Hoje, no casamento do século XXI, a saber, de um dos rebentos do casamento do século XX, quem estava entre os familiares e na sacada do Palácio era ela, com todo o direito, ao lado de seu verdadeiro "amor" e ele, o pai do noivo, sossegado e feliz como nunca dantes se vira.
       A conclusão que chegamos é que o "amor" tem seus caminhos e instrumentos, não se deixa vencer pelas normas, regras e racionalidade. Não há contenção para a avalanche que é a atuação dos ferormônios. O nosso lado animal de existir.
      As cenas vistas hoje jamais seriam profetizadas há 30 anos atrás. O que significa que não somos donos de nossos destinos. Dos afetos que vivemos, a amizade é o mais racional, por ser exercida lucidamente através de afinidades; na sequência, a fraternidade por ser vivida ideologicamente; e por fim a sociabilidade por estar embuída dos interesses que nos são necessários, do bem viver, da ascenção social e profissional. O "amor" não. A primeira fagulha da paixão é instintiva, ferormônica, é animal e daí nos expomos à toda sorte de destinos.... da felicidade à desgraça. Mas é o jogo da vida. Têm-se esse exercício em todo o mundo animal.
      Como somos racionais misturamos a  racionalidade com os hormônios para dar-lhes freio e conseguimos.... conseguimos nos sentir poderosos controladores de nós mesmos... conseguimos ser infelizes... conseguimos ser inexperientes, porque perdemos a oportunidadde de que algo nos aconteça, de que cresçamos com o que aprendemos. A racionalidade, no caso do "amor" deveria ser usada como tela de proteção, para o caso de "não dar certo", não como escudo, até porque não adianta.
      Tomando como exemplo o caso do Príncipe Charles e, da hoje,  Duquesa da Cornuália (nome sugestivo no nosso idioma), Camila Parker Bowels, ouçamos os nossos ferormônios, sejam eles convencionais ou não, até porque mais cedo ou mais tarde tudo vem à tona e não adianta represar a água contida numa hidrelétrica sem abrir as comportas de vez em quando.
Enquanto isso reinventemos a frase a completar de um álbum de figurinhas da década de 70. Amar é.... neologizar, inventar, viver, render-se aos instintos, transgredir, subersivizar (neologismo de subversivo). Porque isso, dessa forma, tem prazo de validade, ninguém vive isso com essa fome toda aos 90 anos. Vivamos, amemos, como o "amor" se apresentar, sem inventar estórias e tentar se encaixar em modelos.
      A vida é um jogo, joguemo-lo com competência de quem não tem do que se arrepender.......é a sua vez.














segunda-feira, 25 de abril de 2011

O CASAMENTO E SEUS DESCAMINHOS

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      A palavra casamento deriva de uma outra: acasalar, que no mundo animal consiste em achar uma parceira para copular e reproduzir a espécie. Mas, como tudo sem contexto perde o significado, no contexto humano, com seus múltiplos aspectos, acasalar não seria apenas o exercício de nossos instintos, então transformamos o verbo em substantivo e ficou " o casamento", que em suas implicações contextuais, carregam no seu bojo, acordos, contratos, consensos, proteção patrimonial, domínio e etc...
      Historicamente os casamentos selavam acordos entre famílias para a manutenção de terras; politicamente, contratos para junções de reinos, feudos e domínios territoriais; comumente são garantias de direitos do patrimônio adquirido ao longo de uma relação, das garantias de  que os "serviços prestados" não foram em vão e que o tempo despendido não foi desperdiçado.
      O que se esquece nessas junções é que a instituição é composta de pessoas...é .... aquela coisa que tem alma, sentimentos, vontade própria, livre arbítrio, sonhos, por mais fugazes, tolos e sem noção que sejam, e que nelas pulsa o espírito do acasalar, então, tem que ter brilho, vontade, desejo, química, etc... O tempo acaba com eles, mas no início tem que ter, porque tem-se que ter do que lembrar.
      Os acordos políticos e econômicos que tinham como "liga" o casamento, não levava em consideração este aspecto e até hoje temos culturas como a cigana, a indiana e algumas árabes que agem com essa característica...a de acordo, contrato. A própria Igreja Católica não admite os casamentos de padres, não pelas ordens Paulinas, mas pelo simples fato de ser ela a única detentora do patrimônio herdado por esses "homens de Deus" de suas famílias, sem ter filhos para o reclamar. O casamento é um instrumento político. Se até a sagrada guardiã do sacramento/casamento é dissensual, reclamamos a quem? A sagrada instituição que constitui o princípio da "célula mater" de uma sociedade é uma hipocrisia. E de hipocrisia em hipocrisia vamos vivendo, tentando nos contaminar menos com ela e transformar este evento em nossas vidas, o mais próximo possível de nossas verdades.
      Esta semana teremos o casamento do século, unir-se-ão pelo " sagrado matrimônio" o Príncipe da Inglaterra Willian Spencer e a pebléia Kate Middleton, expressão essa que não significa pobreza nem coitadismo, quer dizer apenas que ela não tem em sua linhagem ninguém que detenha títulos de nobreza, o que não a desenobrece. Estamos diante de duas instituições  selando acordos sob a égide de uma terceira instituição " o casamento".Uma intrincada teia de acordos e interesses.
      No imaginário social é um conto de fadas. E voltamos ao retardo da Bela Adormecida. Um príncipe que achou graças nos olhos de uma bela moça e a resgata de sua vida simples ( que de simples não tem nada, é muito bem criada, educada, bem sucedida, tem uma estrutura econômica e familiar invejável) e a leva aos píncaros da glória... e serão felizes para sempre.
      Feliz para sempre é quem fica solteira. A brincadeira começa agora. Fazer parte de um emblema representativo de uma nação européia, carregar o fardo de ser vista, invejada, esquadrinhada e vigiada. Ver a compra de uma roupa íntima virar notícia internacional, o olhar triste de um dia com TPM virar motivo de especulação, ter amigos que jamais o seriam em outras circunstâncias e, que , muitas vezes, são capazes de tudo por um minuto de fama ou por milhares de dólares que uma notícia íntima possa representar.
      Para qualquer casamento a brincadeira começa no "sim". E em meio a toda essa tormenta, tem-se ali dois seres humanos, que na verdade, querem é ser felizes, que é tudo o que todos buscamos. Acreditando na possibilidade desse amor do imaginário social, que o casal Willian e Kate consigam o que os súditos e outros pelo mundo afora buscam. Porque ser difícil não significa ser impossível. E se depender da energia de todas as pessoas boas que, sonham para si e não conseguiram, mas que procuram ver no outro o exemplo do que almejam para vislumbrar a possibilidade de tê-lo, que tenham toda a felicidade do mundo e que sejam cúmplices o suficiente para resguardar suas vidas, sua intimidade, seus espiritos, seus segredos e a alma de sua relação. Deus Salve a Rainha!



sexta-feira, 15 de abril de 2011

MATRIX TUPINIQUIM

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      Matrix foi uma trilogia lançada na década de 90, estrelada pelo ator Keanu Reeves e o eixo norteador era a dicotomia entre o real e o virtual. Em alguns momentos do filme, as realidades pareciam tão imbricadas  que não se distinguiam. Mas a questão deste texto é a contextualização dessa premissa com os nossos dias. O que é real? e o que é virtual?
     Temos uma geração de jovens que se "plugam" com " amigos" . Conceito esse,mudado à exaustão nos últimos 30 anos, que hoje é multifacetado. Dependendo da idade do indivíduo, as definições propaladas são diferentes.
      Hoje se escolhe um amigo pela foto;  Para conversar se usa o MSN; as salas de bate-papo dos mais diversos sites de relacionamento. Telefone está virando coisa do passado, assim como um dia foi o fax, a máquina de escrever e etc... Como o cérebro é mais rápido que as mãos, inventamos um novo dialeto. Sem percebermos o Frankstein que estamos montando. Conceituações equivocadas, distanciamento emocional do outro, visão de sociabilidade distorcida, construção de deficiência na escrita, principalmente em crianças e adolescentes, que ainda estão construindo o conhecimento do código linguístico.
      Estes instrumentos são imbatíveis em diminuir distâncias...RJ/RS; BRA/EUA e etc... mas entre tijuca e maracanã?...sempre?....alguém lembra do telefone? do sorvete na esquina? do banco da praça?....a voz, a presença, o toque existe e faz parte do contato humano. Compramos pela Internet, muito válido, o tempo está escasso, além de o pouparmos, evitamos o estress do mercado, das lojas, o gasto com combustível, praticamos o desenvolvimento sustentável, poluimos menos. Assistimos filmes pela Internet. Válido também, as ruas estão perigosas e o conforto e a segurança do lar, até aqui, são impagáveis. Resolvemos questões bancárias, de cartório, fazemos reclamações, sugestões, fazemos inscrições para qualquer tipo de concurso, do emprego público à corridas de rua. Ma-ra-vi-lho-so.
      Mas nenhuma dessas facilidades substitui o contato humano. Falar com alguém, ouvir a voz de alguém, revelar-se através do timbre de voz, do gestual, do olhar, da linguagem corporal. Sabem por que isso é importante? porque faz parte do exercício da nossa modalidade de existência, somos humanos, o toque é importante em qualquer fase da vida do indivíduo.
      Segundo estudos recentes, nosso cérebro não percebe a diferença entre o que imaginamos e o que vemos. Ele ativa a mesma área neuronal para ambos. Viver no mundo virtual é o mesmo que dizer ao inconsciente que aquela é a realidade. E essa realidade dita não inclui o toque, mutilamos silenciosamente uma potencialidade que entra em latência e passamos a não saber como agir diante da possibilidade de tocar alguém, afagar alguém, abraçar alguém. Perdemos o potencial do carinho, tão importante na construção desse mundo novo que precisamos.
      Mas...vamos analisar?.... por que estamos escolhendo isso? ninguém nos está impondo. Do que temos medo? do que fugimos? da rejeição? ou da aceitação? do não sentir nada?ou do sentir tudo? de não ter alguém? ou de passar a ter alguém e criar vínculos e ter uma nova situação para administrar? o que significa, de fato, preferir estar no mundo virtual a estar no mundo real? e diferencio um do outro, em tese, através dos conceitos "toque" e "presença" em uma existência materializada.
       Quando estamos conosco mesmo, estamos na zona de conforto. Estar diante do outro nos causa terremotos internos, controlar o turbilhão que a presença do outro nos causa, o olhar do outro, o toque do outro é ter mais trabalho....então é mais fácil perguntar: Quem esse outro pensa que é? para me tirar da minha paz, do meu sossego, da minha tranquilidade....simples....a continuação de todos nós. O outro é a nossa extensão, nosso elo com o que de fato somos. Quando evitamos isso, evitamos aprender uma habilidade nova, evitamos desenvolver uma potencialidade latente.
       O contato humano é insubstituível para tudo, para conversar, para brigar, para brincar, para amar.....ou alguém já ouviu falar de filho virtual? Também só faltava essa! A internet e suas possibilidades são um santo remédio para os males dos nossos dias, mas lembremo-nos sempre que, a diferença entre remédio e veneno é a dosagem.














sexta-feira, 8 de abril de 2011

EDUCAÇÃO RUMO À MEDIEVALIDADE

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      A Educação está um caos. Isto não se aplica somente à escola, que estrutura a educação sistemática, que tem por função a compilação do conhecimento contextualizado com a realidade cultural e com a construção de uma nação. Mas a educação assistemática, aquela que é dada cotidianamente, com particularidades de contexto familiar, religioso, social, sexual, comportamental, de aquisição de valores éticos e morais.
      A Educação familiar entrou em falência com a ausência de mães e pais que precisam trabalhar, sentem-se culpados e não conseguem dizer "Não" a seus filhos e imporem limites a eles, nos poucos momentos que estão juntos. Então temos uma avalanche de "Sims". Tudo pode. "Meu filho é o melhor". Respeitar o outro pra quê?...por que?. Ele ( " o meu filho") tem que estar na frente. Tem que ser o melhor. E se não for?... vem a frustração. Aprendemos a lidar com isso?. Esquecemos que quando respeitamos o outro como legítimo outro, significa que nos respeitamos primeiro, que sabemos o que é isso e o que significa. Quando esse conceito não é formado, perde-se os limites de  até onde se deve ir, não se tem "freios", nem morais nem éticos. Avilta-se o outro e, dependendo do objetivo, o indivíduo vilipendia a sí próprio por algo que queira, seja esse "algo" importante ou não, aliás, a noção de importância também é uma construção, não se nasce com ela.
      O resultado dessa falta de "freios" é o Bullyng, as tragédias ( tão comuns nos EUA). Agora nós também temos a nossa própria. O péssimo traquejo em lidar com frustrações, o consumismo exacerbado entre crianças e a sobrepunjança deste em detrimento das relações sociais e afetivas, a negociação dessas relações na obtenção de um recurso material que se queira adquirir, a intolerância com o diferente, seja de aspecto positivo ou negativo, porque o "bonito", o "inteligente", "o bem educado" também sofre, não é só o "gordinho" ou o que tenha necessidades especiais, a intolerância é "democrática".
      O autor do Bullyng na escola, será o autor do bullyng na academia de ginástica, na universidade, um divulgador de boatos no trabalho, na internet. A proporção que a situação está tomando estende-se a muito longo prazo, o bullyng, segundo o andar da carruagem, não será privilégio só de colegiais, o será nas academias, em sites na internet ( já o são), no trabalho e etc...
      E o alvo do Bullyng? alguém já pensou no que se transformará? Vejamos.... talvez num medroso, num covarde com medo de ousar, num traumatizado... ou num revoltado, num esquizofrênico, num psicopata...basta que ele tenha tendência, o bullyng se transforma num gatilho. Temos "N" possibilidades e brincamos com elas. Nada justifica, tragédias como a que vimos esta semana na cidade do Rio de Janeiro, mas se explica. Não precisa necessariamente ser bullyng, pode ser uma rejeição sistematizada, uma alienação combinada. Querem experimentar o quanto o outro interfere na sua vida?  viva a experiência dos NÃOs. 10 "NÃOs" num dia, somente aquele dia, e perceba como o final do seu dia será infernal. "Não" para qualquer coisa e todas elas...doem. Somos parte de um todo. Não tem como assistir a algo e alijar-se, queiramos ou não, admitamos ou não, somos responsáveis por tudo o que temos, por tudo o que construímos, nós produzimos a sociedade que temos, pelo simples fato de não sabermos o poder que possuímos.
      Com essa falta de controle dos pais, por culpa, por pena, por falta de noção, resolveu-se colocar a responsabilidade na conta da escola. A responsabilidade do "freio". Mas quem está  acostumado a fazer tudo o que quer durante 6 anos ( idade inicial do Ensino Fundamental) não vai mudar com a pseudo-autoridade de desconhecidos em 1 ano. A construção já está feita, principalmente a de caráter, as arestas é que devem ser aparadas.
      A escola não dá conta de ensinar bons modos, respeito por si, respeito ao outro, planejamento familiar, educação espiritual, orientação vocacional, sexual, filosófica, comportamento social e etc... isto é dever da família, a escola é complementar.
      O que temos então? uma multidão de pessoas que acham que têm razão em tudo, incondicionalmente. Educadores reféns desse descontrole, pois numa titude de discordância com um desses " benfazejos do próprio destino", em qualquer assunto, principalmente em avaliação e comportamento, têm-se o carro arranhado, pneus furados, ameaças e etc... e assim vai-se vivendo, fingindo que as coisas são normais. Mas, sem "freios" a coisa pode continuar piorando e acaba explodindo. A escola não tem autoridade para expulsar um aluno que se constitua ameaça a integridade física ou moral  de alunos, professores ou funcionários. Não tem-se a quem recorrer, tudo cai na Lei de Inclusão, no ECA, no Conselho Tutelar, sempre tirando a razão da escola, e já que temos que conviver com isso, que nos seja fornecido segurança....NÃO TEM. Então ficamos entre a escola e a penitênciaria, de pés e mãos atados, sem poder fazer nada.
       Estamos criando uma sociedade sem princípios morais e éticos, excessivamente consumidora e tendo essa vertente ( a do consumo) como eixo norteador; barbaramente cruel, no que diz respeito ao trato social, que não sabe como ter filhos, quando tê-los, como alimetá-los, como educá-los, que não quer arcar com responsabilidades.Parecendo uma horda de medievais a tomar de assalto uma civilização, com o objetivo de usufruir de prazeres fúteis como o exercíco de poder por puro poder e pela força.
      Esta construção tem mais de 20 anos. Dentro da escola e fora dela.Como parar com isso?... na linha de projetos de políticas públicas? (debochadamente) instituir um adicional de periculosidade para os funcionários da educação (????!!!). Será que resolve? é tapando buraco que agente resolve a inclusão no Ensino Superior, abrindo cotas, ao invés de melhorar a qualidade da formação do profissional de educação e pagar-lhes com dignidade. Como resolvemos a homofobia? instituindo uma lei que puna com prisão inafiançável, ao invés de educar. Como resolvemos o racismo? da mesma forma. Como resolvemos a violência contra a mulher? fazendo a Lei Maria da Penha....mas a Maria da Penha está numa cadeira de rodas.....e....
      O que estamos assistindo é o resultado do descaso e da prática de jogar o lixo para debaixo do tapete, só que o lixo está tanto, que está dando para tropeçar. O problema é social, político, econômico, espiritual e etc... é a soma de fatores que uma só intituição não dá conta. `A educação cabe cumprir seu papel de construção do cidadão, de alicerce na constituição de uma nação.`A família cabe construir pessoas, indivíduos com noção de humanidade, pois a família é  célula mater de uma sociedade. O que estamos assistindo é a falência da família como instituição, arrastando todas as outras consigo, em suma, a sociedade inteira. A educação, hoje, é caso de polícia. Digo isso com pesar e tristeza, pois vivo da educação há 20 anos e acredito piamente nela. podemos mudar isso. É só  acreditarmos, querermos e nos mobilizarmos. Leva tempo? leva, mas o tempo vai passar do mesmo jeito, passemos este tempo construindo alguma coisa boa para deixarmos para as próximas gerações.
 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O EXERCÍCIO DA AUTONOMIA

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      A utilização dos instrumentos que se possui para gerir a própria vida. O usufruto da liberdade implica num prazer de movimento, de decisão e, como tudo, de pagamento de preços.
      Estar livre, fazer o que se quer, de ficar em casa, ler um livro, fazer ginástica, falar ou não falar algo a matar alguém. É um exercício de responsabilidade.
      É esse o preço da autonomia....responsabilidade. Que implica em estar sob sua própria égide e responder pelo faz, arcar com consequências.
      Queremos tudo isso.... mas sem os preços. Arcar com consequências é um exercício solo. Não há companhia, não há grupo. Há você.
      Essa construtividade da solidão não é fácil de ser percebida. Só é vista e curtida à medida que se amadurece. Amadurecimento precisa de tempo e experiência,  passar por circunstâncias que nos ensine. O que nem sempre significa acertar, às vezes é mais errar, equivocar-se, quebrar-a-cara, que qualquer outra coisa.
      Até a solidão ser constituida como ferramenta, ela é uma pedra no sapato, o esquecimento de Deus, a maldição dos invejosos, uma não administração de relações, uma incompetência para viver....um diploma de não apto à convivência social.
      Mas,  logo, a boa administração desse "presente" traz benefícios que muitos não tem. Organizar seu dia sem consultar ninguém, não repartir o orçamento, estar menos sujeito a imprevistos cotidianos - normalmente trazido pelos outros, maior liberdade nos seus intentos. Esse é o lado egoísta e sujo da solidão,que como bons solitários cooptamos para a coluna dos benefícios.
      Para tanto há outro pré-requisito básico para esse exercício produtivo, o equilíbrio , um quociente emocional trabalhado, eficiente, competente, com serviços de radares que identifiquem à distância uma tempestade, uma chuva esparsa ou um furacão e, um serviço de auto-proteção bom que significa saber se desviar de fortes tempestades, lidar com as chuvas esparsas e esconder-se dos furacões sem detonar a sí próprio. E, esse serviço de defesa tem que ser diplomático, ter jogo de cintura, ter poder de decisão e firmeza....fácil?...Não. Difícil. Muito difícil, mas isso não quer dizer impossível. Isso nos  abre a possibilidade  do exercício da auto-avaliação,do auto-controle, que são  bússolas norteadoras. Seria como jogar xadrez consigo mesmo, vencendo sempre o lado que tem gente. Você/real. Como somos nosso próprio inimigo, o jogo da vida é vencer-se a si mesmo.
      Ver a vida de dentro é isso. A grande esteira de passagem tem diversas nuances..... mas isso é história para outra prosa.