domingo, 30 de dezembro de 2012

SENTIMENTO DO MUNDO

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Às vezes tenho vontade de abraçar o mundo, 
De inventar um jeito de ser grata.
Grata por fazer parte de uma construção.
Uma construção de aprendizados e gentilezas.
Aprendizados de convivências, de conecções, de links, de resgates, de feridas curadas, de competências aplicadas, de vida em movimento.
De gentilezas: silenciosas, discretas, resignadas.
De perdões, de crescimentos, de sublimações, de estabilizações, de restabelecimentos, de reconstruções.
Tenho vontade de abraçar o mundo.....
Me orgulho de fazer parte dessa grande massa que evolui, que muda, que melhora.
Tenho prazer em ser parte integrante de algo, que não importa se eu tenha capacidade pra definir, pra conceituar, mas fazer parte de algo que consigo ver, sentir e viver.
Me orgulho de ter olhos de ver , alma de sentir e oportunidade de testemunhar ações boas, lidares retos, atitudes nobres, usos de potenciais para o bem.
Gosto de, no meu limite de entendimento, conectar o que sinto com o que vejo, de ligá-los em níveis de profundidade e abrangência, mesmo que só eu entenda e  que numa lingua/linguagem convencionada, codificada seja intraduzível, sem condições de expressão em palavras, mas que a emoção, a expressão do choro, do sorriso, do abraço dê conta de definir, de traduzir, de interpretar....Tenho vontade de  abraçar o mundo!
Como dizia Drumond......"Tenho em mim todo o sentimento do mundo".
                                                                         
 FELIZ ANO NOVO!

domingo, 23 de dezembro de 2012

O BÓSON DE HIGGS, A MATÉRIA ESCURA E A FÉ

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 Nota: O texto abaixo não se pretende acadêmico, nem pró ou contra ciência ou religião é apenas uma reflexão a que todo cidadão tem o direito de fazer e deveria. Da série: pensar é bom.



Desde a muito fé e ciência são áreas distintas, quadrados separados e uma discussão com várias nuances em abrangência e profundidade. Mas todos nós vivemos na intercecção entre os dois. Todos nós precisamos/usamos as benesses oferecidas pela ciência (vôos comerciais, remédios de última geração, informações sobre qualidade de vida, descobertas sobre nutrição, equipamentos hospitalares e etc...) e também usamos confessamente ou não os apetrechos da fé ( o santinho na carteira,  o crucifixo no alto da cabeceira da cama, o rosário no pescoço, aquele sinal da cruz quando passa em frente a igrejas ou cemitérios, ou o famoso Valha-me Deus! na hora do perigo - até ateu confesso o faz), atribuimos  como milagre tudo o que não explicamos lógicamente e em algum momento quando o bicho pega vamos a uma igreja, centro espírita, terreiro, sinagoga, mesquita e tal. Há também aqueles que se autoproclamam agnósticos, os que não acreditam em nada, seja por considerar os fenômenos sobrenaturais inacessíveis a compreensão humana ou por achar que é melhor não perder tempo com alguma coisa que não tem uma explicação lógica ou por achar que depois da vida terrena tem nada. Não importa,  também fazem parte da conta.
A religião já teve seu tempo de dominação - a idade média. A ciência também, o renascimento, a era industrial, o progresso tecnólogico e à medida que o tempo passa os dois irmãos opostos - Esaú e jacó - se aproximam cada vez mais; que o diga a  física quântica ou mecânica quântica  ( saiba mais) que embrica em dado momento ciência,  filosofia e espiritualidade.
Este ano tivemos a descoberta científica mais esperada dos últimos 40 anos - o bóson de Higgs   ou "particula de Deus" - (veja) que explica ou justifica ou prova a composição e funcionamento de toda matéria visível e invisível - subatômica.   (como funciona)
Mas não é só isso, tem também  a matéria escura...é. Trata-se do principal componente do universo, compõe aproximadamente 95% do mesmo, que é inivisível e que não se sabe exatamente o que é (certifique-se) mas que investimos tempo, recursos financeiros, recursos humanos e etc...para descobrirmos o que não sabemos nem por onde começar. (confira!)

Todos esses elementos tem algo em comum com a fé, a imaginação. Não vimos, não fotografamos, idealizamos, ninguém sabe até que ponto os cálculos (instrumento de comprovação exata) são tendenciosos ou não. A fé é definida no livro Aos Hebreus, escrito pelo apóstolo póstumo Paulo de Tarso como "firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem" .
Qual a diferença entre o princípio de construção do "acreditar" que a ciência postula e o da fé? Aquele em que se acredita naquilo que não se vê mas que se espera? Não é essa uma definição histórico/religiosa? Qual a diferença entre acreditar no bóson de Higgs  e na matéria escura e a fé cega em algum feito religioso?  Talvez seja o mesmo "princípio ativo da droga" agindo em indivíduos de diferentes estirpes, um do alto de sua construção  metodológica/científica, com cálculos e pesquisas o outro do alto de sua construção cega, sem necessidades de explicações e comprovações.
No natal comemoramos o nascimento de um cara que no mundo religioso-cristão é o filho de Deus encarnado, que morreu e ressucitou; no mundo religioso-não-cristão um avatar que foi uma marco na história da humanidade; no mundo histórico/científico um indivíduo com papel extremamente importante sob os  aspectos filosóficos e políticos. Mas de qualquer forma lembramos um cara que não vimos, que não fotografamos, que só ouvimos falar e que sob nossas diretrizes pessoais o pomos em algum lugar de nossas crenças.
Fica bonito quando a gente não põe o nome de fé, não é? Essa é a nossa realidade, nossas questões, nosso quebra-cabeças. Fé soa ignorante, cego, sem fundamento, sem uso de inteligência...... Tenha o nome que tiver a usamos sempre e para tudo. Logo, em "cientificês" "agnostiquês" e "ignorantês" FELIZ NATAL!




domingo, 9 de dezembro de 2012

INTERFERÊNCIAS

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O saudoso Oscar Niemeyer dizia que "A vida é um livro em que você vem para escrever algumas páginas e depois vai embora" . Possivelmente para esta obra escolhemos aguns passamentos com lições a serem aprendidas, com cenas a serem vividas, com perigos a serem enfrentados, com entreveros a serem evitados, com normas e regras a serem seguidos/obedecidos em um veículo que está sujeito a influências.
Uma história com objetivo de melhora, de evolução, de clareza na forma de ver, de sentir, de perceber, de ser,  de compreender. Mas com dribles a serem executados, com jogadas a serem aprendidas. 
Uma história longa, muito longa, na verdade eterna, dividida em atos e que é só nossa, é pessoal, intransferível, inalienável; com grandes rios ricos de vida, de possibilidades, de movimento e que têm afluentes; os caminhos têm estradas paralelas, desvios de percurso  e "atalhos".
A escolha dessas pequenas estradas e afluêntes a serem percorridos nos define e imprime a nossa digital de evolução. As interferências sempre estarão no nível das emoções, de algo que é muito profundo e definitivo. As mágoas, as anestesias, as fugas, as distrações, as alienações fazem parte do processo e a dosagem é à nossa escolha.
As interferências existem para que desenvolvamos a aguda percepção delas e observando-as, lenta e silenciosamente consigamos dribrá-las e sigamos com a nossa história. Evitá-las é impossível, o objetivo é identificá-las e administrá-las até que não mais estejam lá, que significa que já caminhamos o suficiente para que  sejam passado.
Na história que nos propusemos escrever, evitar as anestesias e as energias que não vibram com as nossas, talvez seja um bom método para lidar com as interferências que são inerentes a essa forma de existência, a humana.
Escrevamos páginas que valham a pena serem lidas, até porque, exemplos não nos faltam.

sábado, 1 de dezembro de 2012

A MÃE DO HERÓI

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Mãe é aquela de quem a gente lembra sempre e os outros também, em jogo de futebol, então!!!
Lembramos, nós e os outros, no dia das mães, nas brigas da escola, num desaforo na rua, numa topada, mas na hora da glória pouca gente lembra, fala ou se  remete a ela.
Por esses dias foi eleito presidente do Supremo Tribunal Federal, Vossa Excelência, o já ministro da casa, Joaquim Benedito Barbosa Gomes, nascido em Paracatu, Minas Gerais e filho da D. Benedita.
Um afrodescendente  oriundo de classe desfavorecida - pai pedreiro e mãe dona de casa - num país cujo marco do preconceito é a discriminação social e a reboque dela todas as outras: a racial, de gênero, de orientação sexual e etc...
Neste contexto penso na MÃE, sim, na mãe do ministro. Porque até o filhote sair do ninho, as orientações, a formação de caráter, o aparar de arestas da personalidade, a noção de civilidade, de sociabilidade é dada pela família, leia-se a mãe, salvo as exceções. E fico imaginando os conselhos depois das brigas na escola, dos bullyings - porque isso não é de hoje - as decepções normais com as meninas na adolescência e os conselhos de D. Benedita. Que mulher! que visão de vida! Que disciplina! que sabedoria!O que se faz depois que se sai do ninho, a postura que se tem, o caminho que se toma e em que se acredita tem a ver com o que foi ensinado lá atrás.
Independente de qual projeto político está sendo gestado para o Brasil em relação às políticas de inclusão, qual estratégia está sendo articulada para a construção de um novo herói e quais águas ainda passarão debaixo dessa ponte, ter sido a pessoa certa na hora certa para um "plano de salvação", ter conseguido chegar até o lugar do qual pudesse ser visto e cogitado para um objetivo, espero que nobre,  já é digno de admiração e mesuras.
O que esperamos é que o ministro honre sua mãe e não se deixe transformar em "puppet" de programas políticos salvadores da pátria, não se empolgue e não se deixe vender por trinta dobrões. Até porque, não enxerga quem não quer, já tivemos o primeiro operário presidente da república, a primeira mulher e agora o "plano Marshal" da república das bananas é o primeiro negro presidente da república e essa construção começou  em 2003, na sua indicação para ministro do STF pelo então presidente Lula.
O momento é explendoroso, magnífico, e é para ser curtido, registrado, cantado em todas as rodas, mas como dizia um antigo comercial...." E não é só isso"...
Independente de pra onde vá o andor o santo é de barro e foi dona Benedita da Silva Gomes quem educou. Palmas pra ela que ela merece.

domingo, 21 de outubro de 2012

SÍNDROME DE FIDÍPEDES

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Metáfora da vida. A atitude que traduz decisão e disciplina. Não canso de perscrutar o que é a corrida, por que é tão encantadora? por que me fascina? O que acontece com o corpo e com alma enquanto corremos? enquanto fazemos o que gostamos.
A paisagem mais bela, não importa qual seja, se  estou correndo, tudo fica bonito. As pessoas mais saudáveis da cidade, o bater cadenciado dos tênis no chão, o mar como testemunha, o trajeto mais fascinante do mundo, seja ele qual for.
A energia, o congraçamento, uma multidão que tem em comum a mesma paixão. Ilustres desconhecidos com suas alegrias, tristezas, dores, segredos e silêncios. Mundos que se pôem em movimento em direção à linha de chegada sem esperar ganhar, sem esperar pódium, sem querer prêmio, pois o maior prêmio é estar ali.
Uma festa a céu aberto, cada um com seus fantasmas, seus monstros a serem vencidos, com algo a provar para si mesmo. O público olhando, aplaudindo, saudando e quem sabe se animando a fazer o mesmo a partir de nós, de nossa atitude de vida e ode à saúde.
Fazer do tempo que temos aqui um parque de diversões, um exercício de paciência, disciplina e de  atenção introspectiva.
Os loucos que largam a cama cedo, correm à exaustão só para se sentirem vivos, saudarem  a vida, agradecerem pelo corpo,  louvando por todas as graças, dando um passo  após o outro por kilômetros e kilômetros.
Motivos pra correr?.... MUITOS, mas Lucho Runner os resume brilhantemente. Confira!



domingo, 14 de outubro de 2012

PEDREIROS DA HUMANIDADE

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Existe um tipo, um grupo, um 'nipe' de pessoas - como queiram - que "veem" o mundo  de forma diferente, são especiais, tem uma alma encantada e vieram como uma vocação sem igual...construir.
São tipos que acreditam nas pessoas, vêem além. Para além da aparência, para além do social, para além do presente, para além das forças contrárias.
Seu instrumento de trabalho são as pessoas. Têm síndrome de Miss, querem a paz mundial e um mundo melhor. E feito loucos, investem nisso, vivem no mundo das idéias, escolhem um pedaço do conhecimento e se jogam.
Diz a lenda, que educam filhos, fazem mercado e pagam contas. São imiscuidos com os demais e que disfarçam bem.  Um ou outro, de vez em quando, é descoberto por "bater de frente com o sistema".
São perigosos, trazem consigo umas mensagens subliminares subversivas, fomentam motins, lutam contra injustiças e até tentam descortinar o mundo.
São um tempero especial e são tão parecidos no brilho do olhar, acreditam em coisas tão fantásticas, que aos mais desavisados são capazes de cooptar.
São corajosos, vêm de um planeta com um coração enorme e que vêem na gente uma massa boa para moldar, mas o melhor é que eles se moldam juntos, crescem juntos, aprendem também, evoluem. Fazem de nós tijolo, pedra, areia, cimento, concreto, argamassa  e por fim constroem um prédio inteiro.
O mundo sem essas pessoas seria um eterno inverno com tentativas de outono mal sucedidas. Quem são? No nosso momento de evolução ainda os chamamos de PROFESSOR.
FELIZ DIA DO MESTRE!


sábado, 6 de outubro de 2012

CESTA BÁSICA

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Amor, amizade, carinho e afeição, são todos ítens da cesta sentimentos, todos nós os conceituamos, sabemos o que significam, os contextualizamos, mas nem todos os temos ou os vivemos.
Quem conhece o amor, a amizade verdadeiros, o carinho que não espera retorno, a afeição que não precisa ser confessada é um privilegiado, desfruta dos manjares da alma.
Encontrar um outro com quem tenhamos uma identificação silenciosa, o prazer de estar junto, sentir a falta em momentos especiais. estar feliz só com a presença, é encontrar um conhecido de outrora.
Alguém de antes, cujo nome não se sabe mais e não interessa, mas cujo brilho dos olhos, o timbre de voz, a sensação da energia, o gritar da alma não é estranho.
Alguém de quem não se quer saber da vida, basta estar nela. 
Alguém que mesmo não estando conosco sabemos que está.
Alguém que não precisa se explicar, entendemos.
Alguém que não precisa falar, escutamos.
Alguém que mesmo longe, está perto.
O amor que tanto deturpamos, maculamos e destruimos com nossa mesquinhez é o mais puro, o mais genuíno dos sentimentos e não está vinculado a uma relação estabelecida ou a rótulos determinados por um grupo, uma casta, uma sociedade.
O amor é caos, bagunça sem definição, apenas volatilidade de sentires.
Ter um amigo é ter uma alma gêmea a quem se reportar com o coração, com a mente, com o sentimento.
O mais puro amor de nossa civilização recebe o nome de AMIZADE.

domingo, 30 de setembro de 2012

JORNADA

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Jornada é um caminho, uma história. Uma jornada é feita de sonhos, planos, decisões, alegrias, tristezas, aprendizados....movimento. Uma jornada não é jornada se nada acontece, se ficamos parados. Jornada implica em agir, prestar atenção, ter presença de espírito.
Não importa se foi como planejada, o quanto deu certo ou  não deu, se o final foi triste ou glamouroso, o que importa na jornada é paisagem e o que aprendemos; quantos sóis vemos, sim porque ele é outro a cada dia; quantos mares e suas diferentes cores; quantos solos e suas diferenças; as diferentes umidades do ar; os frescores das brisas; as diferentes temperaturas, tipos de chuvas, vegetações e tempestades. Como reagimos a tudo isso e o quanto de tudo isso fica em nós.
Jornada é um presente que só nossos olhos, nossa pele e sentidos podem perceber. Jornada é a confiança da responsabilidade em nossas mãos. Não importa se ela será longa ou curta, o que importa é que seja o que precisamos, que tenha o que necessitamos para melhorar, crescer e virar outro nós.
Abrir mão da jornada é covardia, é devolver o presente, é não merecer a confiança. Abre-se mão da jornada   anestesiando-se ou entregando a outros as responsabilidades e cuidados que seriam nossos.
Jornada... a cruz agradável de carregar, pois é o que  precisamos e  o que pedimos.

domingo, 23 de setembro de 2012

CORPO

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A você que me possibilita sentir.
A você que me faz existir numa forma que se integra, se relaciona.
A você que me possibilita saber o que é a emoção do riso, do choro, do gozo.
A você que me leva onde quero.
A você que me possibilita calçar um sapato, vestir uma roupa, pertencer a um meio. 
A você que é meu companheiro, fiel, leal, meu outro eu.
A você que me possibilita respirar e sentir a leveza de ser cheio de vida, que me permite sentir a suavidade da tez de uma flor, o calor de uma outra pele, enxergar o brilho do olho do outro e que através dos hormônios dão a essas experiências outro tom, outro viés, outro sentir.
A você que é o presente, a condição de existir nesse mundo, meu muito obrigada!
Obrigada por perdoar os maus tratos de uma fase sem conhecimento.
Obrigada pelas recuperações estupendas, pelas respostas rápidas, pela disposição, pela alegria, por me ensinar o que é dor primitiva e o que é prazer primitivo.
Obrigada por me ensinar a olhar, a perceber, a me cuidar, a me dar limites.
Obrigada por me ensinar a respeitar as leis da física.
Obrigada por me ensinar a diferenciar os amores físicos dos amores espirituais.
Obrigada por promover essa festa que é VIVER.


domingo, 16 de setembro de 2012

SEGREDOS

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Segredos são nossa verdadeira face escondida. Escondida dos outros e de nós  mesmos. Pelos segredos damos a vida, pelos segredos calamos. Que força tem a palavra que calada nos poupa, nos protege. Que força tem os segredos, que diz quem somos.
Segredos...bons ou ruins são a marca d'agua da nossa alma, do que somos capazes de fazer, de sofrer, do que somos capazes de não mostrar; seja pelo medo, seja por vergonha ou por empobrecer um ato tal que, em segredo, viva eternamente com a mesma força do momento em que aconteceu.
A nobreza da lingua que cala.
Bem-aventurado o que controla seus ímpetos de fala;
Bem-aventurado o que descobre e continua a corrente; 
Bem-aventurado aquele que sabe recolher um segredo;
Bem-aventurado o que não se curva pela língua;
Bem-aventurado os que possuem segredos, mantém os seus e os dos outros;
Bem-aventurado esse 'nipe' de espiritos encarnados que têm um brilho diferente e vêem a vida de uma outra forma, que têm o referencial em si mesmo e respeita o perímetro da vida alheia.
Quão admirável são os olhos que contemplam, os lábios que calam, a alma que aprende e o gesto que agradece.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O BATMAN DE NOLAN

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Trilogia Batman. Aventura, drama, fantasia e ação Elenco: Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan Freeman;Produtores: Emma Thomas, Charles Roven, Larry J. Franco; Trilha Sonora: Hans Zimmer, James Newton Howard; Diretor: Christopher Nolan; ; 2005/2008/2012.

Baixada a poeira do alvoroço que foi o lançamento de Batman The Dark Knight Rises, está na hora de fazer uma leitura do que foi, na opinião da crítica cinematográfica mundial, o melhor Batman de todos os tempos.
Surgido nos quadrinhos (HQs) em 1939, criado por Bob Kane e Bill Finger, no início da segunda guerra mundial, remetendo a uma esperança que nascia da noite vivida pela   guerra, Batman conquistou público e virou seriado de curta-metragem para o cinema em 1943, em pleno recrudescimento do evento.
Ao longo de 70 anos de existência esse super-herói soturno povoa o imaginário social evoluindo de acordo com as novas tecnologias cinematográficas, novos modelos de estética e contexto político.
A trilogia de Nolan divide-se em temáticas cujo contexto real é o terrorismo,  vivido escancaradamente desde os atentados de onze de setembro de 2001. Batman Begins tem como temas o medo, a justiça e a vingança. A abordagem é a própria vida pessoal de Bruce Wayne ( Christian Bale), atormentado pela morte de seus pais na infância e à procura de uma forma de fazer justiça e lidar com o proprio medo. O contexto de Batman Begins é a corrupção interna da justiça e o submundo do tráfico de drogas.
Em Batman The Dark Knight a instituição Batman está pronta, acabada, tornou-se um símbolo e a discussão ideológica clara sobre justiça e terror se personifica  através de Coringa/Joker interpretado brilhantemente por Heath Ledger. A temática é o terrorismo, a mensagem é acreditar, acreditar sempre.
Em Batman The Dark Knight Rises a personagem principal sofre uma cisão e temos duas histórias andando de mãos dadas, a pessoal, de Bruce Wayne e a institucional, de Batman. O contexto é a guerra civil, a luta de classes, o discurso socialista, a luta armada e a reflexão sobre o poder nas mãos das minorias e a temática é a liberdade.

A jornada filmográfica do Batman de Nolan começa com uma queda. Bruce criança (Gus Lewis) caindo num poço escuro, numa alusão ao seu interior sombrio. Seus passos, ao longo da vida, são sempre em busca de algo que possa trazê-lo de volta ao mundo real, e sai mundo afora procurando desafios e respostas.....Enquanto isso do outro lado da cidade....A justiça é feita por corruptos burocratas e o promotor público da cidade, Dr. Jonathan Crane (Cillian Murphy) é o vilão, o maior traficante de drogas da cidade e orientado pelo líder da liga das sombras Ducart (Liam Neeson).
O herói, Batman, é humano, não tem super-poderes, não é sobrenatural. O grande mantenedor do herói é o capital e a tecnologia financiada pelo conglomerado Wayne através de um setor chamado ciências aplicadas, financiado pelo caixa-dois da empresa, pois não aparece nos livros-caixa oficiais, (Batman The Dark Knight). O super-herói ao invés de super-poderes tem super tecnologia, super financiamento. Em um dos diálogos o contador das empresas Wayne descobre um croqui do batmóvel e diz que sabe que o departamento de ciências aplicadas financia o super justiceiro e tenta chantagear Lucius Fox (Morgan Freeman) e ouve o seguinte: "...deixe ver se eu entendi bem, você descobriu que o homen mais rico e poderoso do mundo faz mingau de criminosos à noite e quer chantangeá-lo. É isso?" O poder político e econômico o tornam acima do bem e do mal.
O poder público é financiado pelo capital privado. A polícia recebe ajuda de empresários da cidade no caso do roubo de milhões de dólares evadidos para a China. As notas foram irradiadas e a promotoria questiona como a polícia teve dinheiro para usar um procedimento tão caro. Os fundos para defender Gothan City vem de festas beneficentes promovidas por Bruce Wayne, que diz para o comissário Gordon ( Gary Oldman) "... uma festa com meus amigos e não precisará de mais um centavo"
A institucionalização da espionagem desterritorializada é abordada quando a investigação do livro-caixa de uma empresa chinesa de seguros, supostamente pertencente à máfia, é viabilizada com falsas pretensões de negócios, usando-a (a espionagem) como instrumento oficial de combate ao crime.
Desrespeita a soberania do território nacional chinês invadindo-o e sequestrando um cidadão para ser julgado em território americano. Constrói sonares com os celulares de trinta milhões de habitantes de Gothan, transformando-os em microfones, numa completa e absoluta falta de ética.Constrói um olhar em alpha, que atravessa paredes, tornando o mundo devassável.
O nacionalismo também está presente, na forma de defesa da produção nacional e na forma de patriotismo. Quando tentam matar Harvey Dent ( Aaron Eckhart) com uma pistola fabricada na china e ela falha, ele sugere que use uma americana (Batman The Dark Knight) e no ataque terrorista a um estádio de futebol americano na hora  do hino nacional.( Batman The Dark Knight Rises)
Numa introdução sobre tipos diferentes de  idealistas, Alfred (Michael Caine) diz à Bruce (Christian Bale)   " Até os comuns são vendáveis, compráveis, menos os idealistas..."  e nesta lista, de idealistas de direita está Rachel Dowes (Kate Holmes e Maggie Gyllenhaal) - Batman Begins e Batman The Dark Knight respectivamente - que morre pelo seu ideal de justiça, e corroborando com esse raciocínio Harvey Dent ( Aaron Eckhart) diz: " ...ou você morre herói ou vive o bastante pra se tornar o vilão" realidade essa que seria a sua e que viria a ser o fio condutor do desfecho do terceiro episódio.
 Na caracterização do que seria um idealista do mal se encaixa Coringa/Joker (Heath Ledger) genuíno representante do terrorismo e é referido por Alfred (Michael Caine) da seguinte forma: "Alguns homens não procuram nada lógico, como o dinheiro. Não são compráveis ameaçáveis, razoáveis, negociáveis, alguns homens só querem ver o circo pegar fogo" . Batman Dark Knight foi o que mais apresentou discursos explicativos sobre os estereótipos. Coringa representa o estereótipo terrorista de uma época. Sentado em cima de uma pilha monumental de dólares, achincalha o capitalismo e sua civilização e traz falas absolutamente claras. Conversando com um mafioso: " Eu tenho gostos simples, curto dinamite, pólvora e gasolina" e queima uma tonelada de dólares..." sabe o que pólvora, dinamite e gasolina tem em comum?....São baratas (...) vocês só pensam em dinheiro, a cidade merece uma classe melhor de criminosos e eu vou dar a ela" à frente de uma fogueira de dólares diz ainda: "não é pelo dinheiro, é para passar uma mensagem" e na cena seguinte Bruce Wayne tenta  ajudar a evacuar a cidade, que está explodindo nos quatro cantos num Lamborguine.
Coringa, já no hospital, vestido de enfermeira - a assistente da cura - conversando com Harvey Dent continua: "(...) eu não planejo, eu apenas faço as coisas. A máfia, os tiras,Gordon fazem planos. Eu só mostro o quanto as pessoas que fazem planos e tentam controlar seu mundinho com esquemas são patéticas. Peguei seu mundinho e virei contra ele mesmo, veja o que eu fiz com a cidade com uns barris de gasolina e umas balas.(...) se você introduz um pouco de anarquia perturba a ordem vigente, tudo se torna um caos. Eu sou o agente do caos. Sabe qual é a chave para o caos? o medo"  e limpa as mãos com álcool gel.
Mas é em The Dark Knight Rises que o épico tem seu desfecho ideológico. Saído do submundo absoluto (abaixo da batcaverna), surge Bane o mercenário idealista e sem limites que sacudiria Gothan City. Usando uma mácara sob a boca, na representatividade dos que não tem voz, Bane arrebanha todas as minorias, os presidiários, os loucos, os trabalhadores braçais, os corruptos, os traficantes, os insatisfeitos com o sistema.
  Inicia atacando a bolsa de valores, o coração do capitalismo, deixa a bandeira dos E.U.A em frangalhos, faz um discurso socialista de tomada de poder pelo povo e para o povo, promove o caos pelas idéias e, é adepto da luta armada, destrói o discurso de hipocrisia em torno de Harvey Dent e postula a liberdade a qualquer preço.
Estereótipo de força física, superioridade e truculência leva Batman ao nocaute sem trilha sonora, promove uma batalha medieval corpo-a-corpo na Wall Street, centro financeiro do planeta, e põe Batmam para lutar contra a poderosa e inexorável bomba nuclear.
.....Enquanto isso do outro do lado do indivíduo....o de dentro, o Bruce Wayne caído no poço desde a infância tenta sair conotativa e denotativamente do poço para a liberdade sob o entoar de um canto gregroriano de ....Ressurja! Um imperativo que grita na alma de bruce e que é evocado e lembrado sempre pela sua consciência externa, Alfred, seu fiel escudeiro, mordomo, pai adotivo e, por fim, herdeiro de seu império.
A viagem introspectiva de Nolan a alma de Bruce Wayne é brilhante quando mostra no Batman Begins, Bruce fechando o poço com alguém dentro, que vê a ripas serem postas e Rachel Dowes (Kate Holmes) dizendo-lhe que a máscara não é Batman, Batman é o indivíduo, a máscara é Bruce.
A crise de identidade estabelecida em Batman The Dark Knight com espelhos que refletem o espectador, com quebras de vidraças e devassabilidade de dentro para fora e de fora para dentro, com máscaras reversas, tanto as de Batman quanto as de coringa. São os signos identificadores de uma alma em agonia, que por fim ressurge para a vida e assume sua existência "real", abandonada aos oito anos de idade, ao lado de Selina Kyle ( Anne Hattaway), numa declaração silenciosa de que a vida é devir, não tem regras e não se curva às nossas convenções.
Quanto à produção? Espetacular! A grandiosidade das imagens projetadas na versão IMAX (65mm) com uma inacreditável qualidade, numa tela que pode chegar ao tamanho de um prédio de dois andares nas melhores casas de exibição. A aposta de Nolan foi em detrimento da versão 3D e assim justificou sua escolha: "Eu prefiro a tela grande, olhar para uma tela enorme e com uma imagem que você sente que é maior que a vida" E isso amplificou a sensação de abarcação do mundo. a sinalização da visão panóptica de Batman em relação a Gotham City, que representa o mundo.. As cenas em sua maioria são amplas e abertas, apenas as que se referem a Bruce e alguns momentos de luta de Batman são fechadas e intimistas, pouquíssimas remetem as tomadas de quadrinhos (HQs) e estão mais presentes em Batman Begins e Batman The Dark Knight.
A trilha sonora é explendorosa e sacode a alma. A sensação provocada pela associação da imagem gigante e da qualidade e intensidade do som é de elevar a tatibilidade à enésima potencia.
A grandiosidade não pára por aí. Algumas das cenas mais perigosas e de ação não foram montagens gráficas, foram reais. Nolan, de fato, colocou alguém sob o pináculo de uma cidade vestido de Batman, o cone do avião da CIA em que que se dá a primeira briga de Bane, era um cigarro sem asas de um avião real içado por um helicóptero, e aqueles homens pendurados, eram reais. Absolutamente estonteante e corajoso.
O Batplane, era real. Foi contruída de fato uma traquitana gigantesca e inacreditável.
O que foi o Batman de Nolan?...Foi tudo.Mas muito especificamente, um homem. Alguém em quem o espectador,  teve com o quê se identificar. O que foi o Batman de Nolan?...Um mural de ideologia, um exemplo de que se pode misturar blockbuster com algum conteúdo.
A trilogia Nolan tem quase nove horas de película em que, realmente, se conta uma história e se dá um final grandioso para ela, e cuja mensagem  é a de que ninguém é insubstituível e que, romanticamente, termina dizendo que o herói pode ser qualquer um de nós, que no-fundo-no-fundo, para o  tipo de mundo que construímos e escolhemos viver já somos super-heróis.
O Batman de Nolan é ideológico, é político e de extrema direita. Mas mesmo assim, vai demorar para alguém superar essa obra cinematográfica. No Batman de Nolan qualquer semelhança não é mera coincidência.
Se Batman morreu?....Se os argumentos para inseri-lo num contexto findaram-se?...Se não há mais possibilidade de inventividade tecnológica em Batman?....Se Batman acabou?.....NOT YET!

Fique com o behind the scenes.....apoteótico:

sábado, 25 de agosto de 2012

SEPARAÇÃO

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Existe um casamento que é especial,  definitivo e é até que a morte os separe.
Quando somos concebidos começamos a namorar e construir um relacionamento fantástico com alguém que vai nos acompanhar a vida inteira. Tem a missão de ser o nosso melhor amigo, companheiro e estar conosco em todos os momentos, todos os momentos mesmo.
Levamos nove meses, ou menos, construindo esse sujeito, essa outra pessoa, essa  relação passo-a-passo. Quando nascemos ficamos noivos. Ele é rudimentar e tosco, se manifesta por gritos, choros, berros e alguns sorrisos e levamos a vida inteira educando-o. Ensinando-o a alimentar-se, a não se machucar, a sentir tudo, a agir e reagir.
Em algum momento dessa relação, confundimos os papéis e nos adonamos e achamos que somos um, casamos. Passamos a não ouvi-lo, ignorá-lo, vilipendiá-lo, sem saber. Em nome do prazer, da beleza, da aceitação....sempre do prazer.
Esse outro quando está cansado, resfria. Quando é mau amado, chora. Quando não é alimentado sente fome. Quando não é respeitado, adoece. Este outro é transformado em vitrine, vira cabide da moda.
Como ninguém é bobo, esse outro aprende a se defender de nós mesmos (eu/você).....esse outro é o nosso corpo. Quando paramos de comer ele economiza gordura, nos sabota, preserva sua fonte de energia, sua sobrevivência e consome músculos, sua  sustentação, que gera muita energia e gasta também, ele é inteligentíssimo. Quando você fuma, bebe ou se droga ele luta o tempo todo, incansavelmente, para manter limpos os alvéolos, o fígado e a corrente sanguínea. Um esforço hercúleo durante anos, um esforço cansativo....até não conseguir mais.
O não conseguir mais do nosso "cônjuge" é a desistência. A desistência de lutar contra quem deveria amá-lo. De todas as desistências, de todas as separações e divórcios do nosso corpo pra conosco a anorexia é mais gritante, a mais escandalosa, a mais desesperada, a mais suplicante.
Desisto de você......não aceito mais comida.
Desisto de você...... desliguei o aparelho reprodutor, não quero outro desse alguém por aí.
Desisto de você......não consigo sofrer mais
Desisto de você.....o carinho mais emergente você me negou.
Desisto de você..... você não me merece.
Desisto de você.....você não soube me usar.
Não confio mais em você.....
Tenho medo de você........
....quero ir embora!
De todos os divórcios esse é o único que em cem porcento dos casos termina em morte.
QUEIRA AJUDA! ACEITE AJUDA! PEÇA AJUDA!
Com carinho para as ANAMIAs de minha vida e do mundo.


domingo, 29 de julho de 2012

ESCREVER

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Esta  semana (25/07) comemorou-se o dia do escritor. Define-se escritor como sendo alguém que escreve profissionalmente, porém, nada é estático, com as multiplicações de veículos de escrita, colunas de jornais digitais, blogs, notas do facebook, etc... Contextualmente, escritor é quem escreve e se expõe através do veículo escolhido. Temos os que escrevem por prazer, por terapia, por profissão, por brincadeira e tal. Já que é a pauta da semana, vamos e ela, pensemos a cerca.  A escrita me dá medo pelo seu poder de fixar o que se pensa, pela dificuldade de retirar o que se diz, pela apropriação dos outros de uma coisa que, até então, era pessoal, pelas múltiplas interpretações, pelas múltiplas consequências, pelas múltiplas visões. A escrita foi uma forma inventada de não esquecer, de selecionar quem lê, de elitizar o pensamento, de blindar o conhecimento.
A escrita é um processo de expurgação de nossos demônios, nossos fantasmas, de nós mesmos. Vamos deixando um pedacinho aqui, um outro ali, nos revelando um pouco cá e um pouco acolá.
Ferramenta perigosa, arma respeitável, baú de realidades mil, depósito de idéias, de revoluções, de nascimentos e renascimentos em nós mesmos.
Escrever é deixar um pouco da alma e do sangue através das idéias, é deixar cair bem devagar os sete véus, é uma sedução em slow motion.  É pique-esconde, é poder exercido com charme, com classe. É parir um filho, é esculpir um vaso. Escrever é trabalhar como oleiro moldando uma forma, a mais bela e intrincada forma de se esconder. É um convite a descoberta, a descoberta do texto, do contexto, do autor.
Escrever é um jogo de se revelar não se revelando, é viver sem viver, de falar sem abrir a boca, é provocar e esperar. É jogar xadrez sozinho. Escrever é se esconder se mostrando, é gritar em silêncio, é jogar pedra atrás de um vidro blindado. Escrever é emaranhar-se numa floresta de letras e esperar que algum dia elas digam quem somos. É procurar um leitor a altura aumentando sempre o nível de dificuldade. É procurar sem querer encontrar.
Escrever é usar um código em benefício próprio e ser ovacionado como talentoso. Escrever é fazer no imaginário o que não se consegue fazer na prática. Quem escreve é um sofredor, um observador com  ares de experiente. A escrita é um exercício nobre de covardia.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

AVÔ

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Avô é aquele parente condescendente que não tem cara de parente, tem cara de alegria.
Avô é aquela entidade que a gente visita pra ser recebido de outra forma.
O avô já viu de tudo, sabe tudo, inclusive que a partir do sorriso e do carinho podemos construir um mundo.
Avô é aquele que sabe que pressa não adianta e faz tudo muito lentamente.
Avô é aquele que, por  conhecer o mundo, sabe ciceronear.
Avô é aquele cara que parou de brigar por tudo e assiste dando nota em silêncio.
Avô é aquele que lida bem com o fardo, pois já o teve como objeto, como obrigação e agora é apenas exercício de vida....gratidão.
Avô é aquele que quietinho ou não, tem uma compreensão acima da média e que nos olha como  lembrança e esperança.
Avô é aquele que acende assim que chegamos e que nos dá poder de torná-lo mais forte e especial, alguém que já aprendeu a ouvir o próprio silêncio e que adora o nosso barulho; alguém de madeira por fora e marshmallow por dentro.
Ser avô não é desempenhar um papel social, é ficar encantado, é ter ares de papai noel,  poder de duende, saber de um mago e alegria de palhaço. É alguém enfeitiçado pela vida.
Bem aventurados os que são avós de verdade, que encarnam esse papel irresponsável e mágico para alegria de quem começa uma jornada e prêmio de quem a está concluindo.
Exercer a magicidade de ser avô, ter essa grandeza de percepção é pra poucos, mas ainda bem que existem.

domingo, 8 de julho de 2012

LIBERDADE

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A palavra liberdade remete ao horizonte, a não ter fronteiras, ao exercício do poder de decisão, a não precisar obedecer, não precisar dar satisfações, a pleno movimento sem restrições.
Sempre que pensamos em liberdade, a primeira premissa é: " fazer o que se quer" A palavra liberdade vem vestida de fantasias e ilusões.
Liberdade é um patrimônio, há que ser construído. Ter liberdade exige pré-requisitos,  não é para qualquer um, hão de ser conquistados.  Usar a liberdade exige condições, não é sem critério, há que se desenvolver capacidade para reconhê-las.
Liberdade não surge do nada, não é o horizonte à disposição. É caminho de possibilidades, é PODER. Ter liberdade é poder exercer a vontade, ter consciência dos preços e ter condições de pagá-los, ter estrutura para aguentar as consequências do que se decide.
 Ser livre é ter construído um arcabouço de maturidade e responsabilidade para usar um PODER. Ter liberdade é ter uma bagagem de possibilidades reais e a perspicácia para saber qual possibilidade usar e em qual momento fazê-lo.
Os pré-requisitos básicos para possuir esse patrimônio valiosíssimo não são simples: ponderação, paciência, perspicácia, estrategismo. Ter conhecimento de causa, da vida, para saber pensar, refletir, esperar e analisar circunstâncias e situações díspares, contextualizar e pesar prós e contras.
O exercício de liberdade exige que saibamos o que queremos, para onde vamos e quais os preços que pagaremos pela decisão que tomaremos e que saibamos ter condições para arcar com as consequências de nossas escolhas, porque elas vêm. A capacidade de avaliação interna e externa são de suma importância. A  condição de pagar preços pelas escolhas faz dos usuários da liberdade alguém competente ou incompetente para seu uso.
Liberdade não é falta de limites, mas o uso inteligente, prazeiroso e construtivo desses limites. Liberdade não é viver sem rédeas, mas saber controlá-las, controlar-se. Liberdade não é lutar contra o mundo, mas usá-lo a seu favor. Liberdade é o maior patrimônio que um espirito encarnado pode ter, é o exercício da sua sapiência, da sua evolução em prol do seu crescimento.
"Fazer o que quer" como definição de liberdade é para tolos.



domingo, 24 de junho de 2012

HOUSISMO - parte II - O AMOR E O MEDO

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House M.D. Drama/ mistério Elenco: Hugh Laurie, Omar Epps, Robert Sean Leonard; Produtores: Paul Attanasio, Katia Jacobs; Roteiristas: David Shore, Brian Singer; Criador: David Shore; 2004-2012.
Agora é definitivo. Acabou o affair que tínhamos com o detetive da medicina Dr. Gregory House (Hugh Laurie). A viagem ao interior da personagem e as exposições de suas fraquezas, medos e fragilidades, iniciou-se no  1º episódio da  6ª temporada / Broken, em que House encontra-se num hospício - Mayfield Psychiatric Hospital. Vimos um House pedindo ajuda e com medos confessos, sem segurança, mas tentando acreditar em alguma coisa, tentando se salvar. Quando se envolve com Lydia ( Franka Potente) a cunhada de uma das pacientes, e  o que os aproxima é a música.
House via a mulher, em geral, como objeto, numa relação de prestação de serviços. Em Mayfield a contratação de serviçais era proibida, é claro, e a liberação de um paciente para sair era impossível, até segunda ordem. O que o forçava a ver as pessoas como pessoas, inclusive se tivesse que se reportar a esse aspecto, relação íntima.
No hospital psiquiátrico a carência e a fragilidade humanas estavam tão expostas, tão afloradas que eram o cartão de visitas de cada um. Num trabalho psicanalítico de exercício de confiança, House se aproxima de Lydia e a cena de entendimento entre os dois é, na minha opinião, a mais bela  de toda a  série. Um pedido de desculpas numa valsa silenciosa em que ambos dançam ao som do nada, apenas perdoando-se e confessando-se como humanos  que se rendem à essa condição. O que se segue é o exercício do despir-se de si e  de ser o que se é. O atestado da intensidade do fato, em House, são seus olhos marejados acima dos ombros de Lydia, como faróis acesos sob a escuridão e que encontraram o que procuravam sem nunca ter  tido a certeza de que existia, revelavam sua alma, retiravam a armadura e o escudo e erguiam a bandeira branca de rendição.
A impossibilidade do romance - mulher casada x paciente de um hospício - o faz cair na realidade fria e cruel que ele sempre conheceu. A cena da porta na cara de House, na varanda da tal senhora, com a  câmera aberta e house de cabeça baixa é proporcional à dos olhos marejados. A partir daí, revestir-se do seu antigo eu, o papel já conhecido de si, é mais que natural.
O renascer mais terno, possibilita mais adiante um romance, mais que esperado, com Drª Cuddy ( Lisa Eldeinstein) -  1º episódio da  7ª temporada/ Now What? . Após perder uma paciente nos escombros de um desabamento e estar completamente revoltado e impotente diante da morte, é aninhado nos braços da colega de  trabalho. Outra cena brilhante se agiganta diante do espectador: Lisa ao cuidar das feridas corpóreas de House,  beija-lhe a perna "aleijada" com uma cicatriz horrenda, numa alusão à cuidado e aceitação. House resiste ao ímpeto da fuga e se emociona, permite-se, consente ser amado, tocado, cuidado, estar sob a guarda de, confiar, colocar-se nas mãos de alguém.
O amor para House era enfraquecedor de poderes, atrapalhava a atenção, interceptava comunicações racionais, era uma espécie de criptonita. O amor o distraía, o deixava menos competente, mais normal, mais igual a todo  mundo, mais comum, alcançável, nivelável. E essa perda de seu "eu-arcabouço", essa imposição de fragilidade e a falta de capacidade de administrar outra pessoa em sua vida, colocou um ponto final na história.
O seguir em frente era imperativo para ele, mas quando passou a ser realidade na vida da Cuddy, quando percebeu não conseguir fazê-lo em sua vida emocional, a grande manifestação de descontentamento foi o ato mais abrupto - 23º episódio  da 7ª temporada/ Moving On - a invasão da casa da mulher amada com um carro, no mais perfeito estilo Mad Max, a música do episódio, composta por Jason Derlakta e Jon Ehrlich, dizia: " não tenho nada a perder exceto escuridão e sombras, amargura e padrões".
House não conseguia mudar com platéia, House não queria mudar, ele queria que o mundo se curvasse ao que ele era, e a condição para o pleno exercício, do que se institucionalizou chamar de amor, no caso de House, era a mudança.
Segundo David Shore: " House sabe o que é o amor, é um homem que tem emoções, tem sentimentos, se preocupa, mas tem como características a distância, a indiferença, a remoção de qualquer tipo de ligação e não é bom com mudanças". Usa a união que legitima o amor para ganhar trinta mil dólares em troca do green-card da pseudo-esposa Dominika ( Karolina Wydra) - 17º episódio da 7ª temporada/ Fall from Grace . O amor, segundo a máxima popular, é vida, vida para House é dor.
Vida para House é hipocrisia, um desfile de falsidades e mentiras. House não salvava vidas, ele resolvia mistérios, derrotava doenças, participava de um duelo. O que o paciente iria fazer com o que lhe restasse de hipocrisia e dor , pouco ou nada lhe interessava.
O único espaço de amor no qual  House se sentia à vontade era o da amizade. O amor escolhido com consciência, que tem respeito nas veias, que necessita do cultivo e que a possibilidade de perda é clara, matemática, lógica. O amor que é questionado sempre e revitalizado pela consideração e pelo reconhecimento da necessidade. E mesmo sendo tudo isso, House chegava aos limites dessa relação, sendo uma fonte de usurpação, que era a distância imposta e o limite testado por puro medo.
A partir da possibilidade real de perder o Wilson, único amigo, para o câncer - 19º episódio da 8ª temporada/ The C World - algo que não dependia dele, desesperou-se. Sabia que, enfim, iria ficar só de qualquer jeito e teria que lidar com isso. Esse era seu limite.
David Shore o colocou no último capítulo  - 22º episódio da 8ª temporada /Everybody Dies - conversando com os quatro "fantasmas de sua vida passada" todos querendo salvá-lo da morte eminente em um prédio em chamas, menos um, o último. Que dizia ser a morte a recompensa para tanto sofrimento e aconselhava " acabar com a dor é melhor do que a dor" e House lembrou-se de seu último paciente, um viciado em heroína, para o qual disse:  " você é uma pessoa melhor morrendo do que vivendo.... o mundo é um lugar melhor porque eu não salvei você". E a partir desses diálogos e lembranças, House morre e nasce Gregory. House deixa de ser o vivo-Morto, forja a própria morte e se transforma num morto-Vivo.
House está morto. Alguém que vivia para os usos de suas habilidades de inteligência, para o exercício de suas potencialidades intelectuais, salvava vidas porque era uma consequência da solução de enigmas.
Na verdade, a doença para House era a vida com sua dicotomia de racional/emocional. " A vida é dor"  fala repetida em vários episódios, numa alusão direta àquilo que se apresentava para ele todos os dias através de sua perna.
Em 177 episódios poucos foram os pacientes com quem House se identificou e se envolveu, dentre eles: Um paciente que se comunicava através da música - 15º episódio da 3ª temporada/Half-wit. Uma paciente que sofrera todas as atrocidades possíveis na juventude e que transformava sua dor em arte  - 23º episódio da 7ª temporada/Moving On. E o viciado em heroína que não tinha nada a perder e com quem ele trocou de corpo - 22º episódio da 8ª temporada/Everybody Dies. Todos esses foram pedaços centrais do House.
House optou por uma nova vida no último capítulo da série, abdicando dos enigmas da profissão, do julgo do convívio social, para ser um morto-Vivo. O primeiro exercício de amor de House seria amizade por Wilson, acompanhando-o nos seus últimos cinco meses de vida, apresentando, conotativamente, como carteira de identidade um atestado de óbito.
House deixou de ser House para ser Gregory em cima de uma motocicleta, símbolo de liberdade e rebeldia, sob o som da música composta para o episódio, que dizia: " divirta-se como você pode, pois os anos passam rápido como um piscar de olhos"  ao lado do seu melhor amigo. E as ilações sobre a vida/morte de House ficam por conta do espectador e de suas considerações finais acerca da personagem, de acordo com seu repertório de significações de vida. Depois de salvar tantas vidas House tenta salvar a sua própria, sendo apenas Gregory.
Com oito anos de uma história fictícia e a criação de uma personagem tão instigante, uma salva de palmas para esse gênio chamado DAVID SHORE.


domingo, 17 de junho de 2012

VIAGEM PARA DENTRO

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"Conhece-te a ti mesmo" é uma frase célebre atribuída a Sócrates, filósofo grego. Contextualizando com a nossa temporalidade,  com o nosso cotidiano, sugere que prestemos atenção em nós mesmos, insinua que não sabemos o óbvio...quem somos. Soa imperativamente.
Para nos conhecermos, em primeiro lugar temos que ter coragem, confiança, sermos fortes, querermos nos conscientizar de algo, neste caso de nós mesmos, sim ás vezes vivemos uma vida inteira sem termos consciência de nós mesmos.
 A primeira ação é o exercício da atenção, desligar-mo-nos do exterior, das coisas que atrapalham, nos distraem e nos tiram a presença de espírito, encontrar um ponto de equilíbrio em que estejamos conosco mesmo, sabendo do que acontece ao redor mas, ligados em nós mesmos, cônscios, presente no aqui agora. A maior dificuldade que encontramos é livrar-mo-nos de todos os pensamentos e interferências que nos distanciam do presente. Quantas vezes executamos nossos afazeres pensando em mil outras coisas que são desnecessárias àquela atividade.
O exercício do silêncio interno também é importante, conhecermos nosso silêncio, nossa respiração, sem controle externo, somente nós, conosco mesmo. Desligar-mo-nos do mundo, desprender-mo-nos e termos prazer em nos conhecer.
O que importa não é o contexto, a inserção, a adaptação e sim o aqui e o agora. Esse processo exige  exercitar a paciência, a reflexão, a conscientização e  acarreta o nascimento da humildade. Percebendo o nosso tamanho e lugar exercita-la-emos como a respiração de todo o dia.
O abandono de vícios ajuda, principalmente o de falar. Devemos/deveríamos compartilhar somente o que realmente vale a pena, e valer a pena significa algo que também ajude o outro a se encontrar e/ou mostre as digitais da nossa evolução, o que fazemos na ação é e produz o efeito espelho.
O grande mote é encontrar uma nova dimensão dentro de nós. A primeira percepção é de que nâo sabemos o que pensamos que sabemos e assumir que nada sabemos, abre espaço no HD para aprendermos o que deveríamos saber. A segunda percepção é de que é natural ter emoções como as nuvens....que passam e a terceira percepção é a de que tudo, absolutamente tudo, tem um propósito e cabe a nós, silenciosa e pacientemente, descobrir qual é.
Daí em diante aprendemos que não existe certo e errado. Tudo depende de um referêncial. O certo é em relação a quê ou a quem. Nunca vamos estar certos padronizadamente e nunca vamos estar mais errados que os outros.
Aprenderemos também que devemos seguir a intuição e que tristeza é não aproveitar a vida. Aprenderemos a conhecer a nós mesmos assumindo as nossas imperfeições. Aprenderemos que contra o medo o grande segredo é cortar laços e que a nossa função é servir, sempre. E que não devemos desistir do que amamos, e que devemos encontrar amor no que fazemos.
Aprenderemos que a perfeição, a vitória e invulnerabilidade não existem e que ser totalmente vulnerável é a única coragem. Aprenderemos que agir é ação de sabedoria e reagir é ação de tolice.
Na verdade o que existe é só o caminho, sem começo e sem fim e que a felicidade está na jornada e que esta felicidade é contagiante.
Quando aprendermos que a vida é um mistério, que o humor é a força além de todas as medidas e que a mudança é a regra sem excessão....
Quando estivermos no lugar: AQUI, no tempo: AGORA, e atendermos pelo nome de: ESTE MOMENTO, estaremos prontos.



 

Peaceful Warrior: Elenco: Scott Mechlowicz; Nick Nolte;Amy Smart; Paul Wesley. Diretores: Victor Salva e Shalimar Reodica.2006.
 



sábado, 2 de junho de 2012

OS NÃOS

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O NÃO é um monossílabo controverso. Não é bem vindo mas é necessário. Com o NÃO vem o limite que nos dá condição de convivência social. Com o NÃO vem a informação daquilo que nos inviabiliza para algumas atividades. Com o NÃO também vem a motivação que precisamos para saber o que tem por trás daquela cortina. Como saber quais são os NÃOS ? de que tipo são ? quais obedecer ou não ?
O NÃO é uma palavrinha mágica que orienta caminhos e salva vidas. Não há nada mais dicotômico que o NÃO. Vários NÃOS ouvidos no mesmo dia nos causa irritação, raiva, revolta, porque nos enjaula e nos diminui diante daquilo que queremos, mas um NÃO dito na hora certa norteia nossas ações e faz-nos parar para pensar em outras possibilidades. Um NÃO selando uma decisão nos abre portas, outros caminhos e redireciona a vida. Existem os NÃOS inquestionáveis, definitivos e alardeadores do nosso limite real: Pular do 23º andar? NÃO! Experimentar crack? NÃO! Quebrar a janela do avião? NÃO!
O NÃO é uma palavrinha/palavrão para se refletir acerca de, é um poliedro. O NÃO contém mistérios e sendo tão simples é poderoso e multiverso.
Se todos ouvissem e repeitassem os NÃOS teríamos menos corrupção, teríamos mais ética, teríamos menos problemas sociais, teríamos menos pais e mães chorando, teríamos limites, saberíamos respeitar o outro como legítimo outro, porque o limite do que podemos fazer e até onde podemos ir, termina quando começa o do outro e esse limite é dado por um NÃO.
Se existe uma palavra que não pode tirar férias é o NÃO. A hegemonia do sim seria o nosso verdadeiro caos e para se usufruir de todo o poder do NÃO ele deve ser usado a partir do berço. É o cerceador de nossos limites. Apresente o NÃO a quem você ama.

domingo, 27 de maio de 2012

HOUSISMO - parte I

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Dr. House M.D - Elenco: Hugh Laurie, Omar Epps, Robert Sean Leonard; Produtores: Paul Attanasio, Katia Jacobs; Roteiristas: David Shore, Bryan singer; Criador: David Shore.
Terminou essa semana, oficialmente, nos EUA uma série televisiva que fez sucesso no mundo inteiro e foi sagrada como a série mais vista no planeta. Exibida pela FOX de 2004 a 2012 e aqui no Brasil pelo Universal Channel. A última temporada completa, inclusive o último episódio, já está disponível na Web. Aqui no Brasil só termina em junho. Trata-se  de Dr. House uma série médica, criada por David Shore, um escritor canadense aficcionado por Sherlock Holmes, e que tem como roteiro histórias que colocam um médico como investigador e anti-herói, doenças como vilões a serem vencidos e a jornada de diagnóstico e cura como uma aventura imiscuida com o cotidiano. Indicada e premiada  durante os oito anos de exibição, Dr. House, interpretado brilhantemente por Hugh Laurie é um médico infectologista e nefrologista, pessoa comum, com problemas comuns, com personalidade bastante controversa, mau-humorado, ceticista, misântropo (anti-social), sarcástico, sem ética, manipulador, chantagista, apostador compulsivo dentre outras coisas.
O contexto é um hospital universitário fictício em New Jersey, as doenças abordadas/encenadas são raras e reais, a série contou com uma consultoria médica permanente para orientação.
A influência de Sherlock Holmes é visível e gritante. A similaridade do nome, Holmes remete a Home que em tradução livre é lar; House da mesma forma é casa; a logística de solução dos casos - método socrático de investigação filosófica, condução de raciocínio e processo de reflexão; o caráter psicológico usado para desvendar os mistérios; o poder de observação e dedução; o uso da bengala; ambos tocam instrumentos musicais: Holmes toca violino, House toca piano; a dependência química: Holmes é viciado em cocaína, House em Hidrocodona - Vicodin; a amizade de Holmes com John Watson, da mesma forma a de House com James Wilson; o maior inimigo de Holmes era o professor Moriarty, o homem que tenta matar House chama-se Moriarty; Ambos são desafiados por uma mulher  que os vence, em Sherlock Holmes é Irene Adler, sendo mais inteligente que ele no conto o Escândalo na Boemia, e citada em outros contos como o desafio a altura; em House é Esther Doyle - qualquer semelhança com o sobrenome do autor de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, também é proposital - ela é uma obsessão por não haver conseguido diagnosticar a doença que a levou  a óbito, ou seja, vencido pela morte; o número do apartamento em que moram é o mesmo, 221B.
Gregory House era, como personagem, alguém que tinha a missão confessa de ser ele mesmo com todos os defeitos e imperfeições e a coragem de encarar todos os entreveros da vida assumindo as consequências. Era alguém que sofria de uma dor insuportável devido a necrose do músculo quadríceps após uma cirurgia mal sucedida, deixando-o manco, o que o levava aos analgésicos e que o levava ao vício. Era alguém que sabia seu pai de criação não ser seu pai biológico, sem ninguém o haver contado, somente pelas percepções e considerações que fazia, vindo a confirmá-lo depois. Alguém que sendo um gênio convivia mal com inteligência comum. Alguém que não respeitava regras e o fazia de propósito, assistia novelas médicas no trabalho, jogava jogos eletrônicos na frente da equipe e dos pacientes, fazia refeições na UTI. Alguém que afrontava o poder instituído. Alguém que usava a irreverência como arma para constrangimento. Alguém que tinha o deboche como marca registrada, alguém para quem a vida era um jogo a ser jogado com placar.
Mas também alguém que se importava, sem confissões ou demonstrações. A morte de um paciente era uma perturbação insane, a culpa pela morte de uma colega, Drª Amber ( Anne Dudek), a inquietação pelo suicídio de um médico da equipe, Drº Kutner (Kal Penn), não se perdoando por não haver percebido algum indício. Alguém que confrontava Deus e disputava poder com o que se fabrica de imaginário do Todo-poderoso.
O fenômeno de ter um grande público no mundo inteiro admirando, acompanhando e apreciando um anti-herói que usurpa os amigos, chama a todos de idiotas, invade o consultório da psicanalista da ex-mulher para roubar-lhe a ficha médica e saber a quantas anda a relação dela com o atual marido, que é capaz de agredir um paciente para mostar que está certo, que é capaz de tirar um pedaço da orelha do pai de criação no velório para fazer um teste DNA, alguém que tem o prazer excepcional de estar sempre certo, faz pensar.
O que de fato é admirável no Dr. House não são suas sandices mas, o ponto de intersecção que algumas de suas posturas tem conosco, com o que somos escondido ou com o que gostaríamos de ser. Ter a liberdade de dizer o que quiser e a capacidade de arcar com as consequências, a sensibilidade reprimida, que tanto a modernidade nos impinge, e no caso do House, evidenciada pela música e sua transformação diante dela.
A frase de cabeceira de Dr. House era " Todos mentem" numa espécie de lema de vida  usado como registro oficial da hipocrisia humana institucionalizada. A necessidade de mostrar as pessoas felizes que eram pseudo-felizes, como que numa missão de resgatá-las da ilusão, tendo a realidade nua e crua como o grande libertador, a necessidade de desconstrução do mundo do outro para justificar que a insatisfação com o mundo é que era o normal. A forma matemática, clean e objetiva de ver a vida e a assunção da realidade, seria um atestado de sanidade e lucidez.
House tinha medo de quase nada. Não tinha medo de doenças desconhecidas, não tinha medo da solidão, não tinha medo de perder amigos, não tinha medo de perder o emprego, não tinha medo da opinião alheia, não tinha medo do incerto, não tinha medo do futuro, não tinha medo do manicômio, não tinha medo da prisão, exceto de perder a lucidez.
A grande arma, o grande mote de House, os cabelos de Sansão era a lucidez. O momento mais crucial da personagem foi quando  pediu ajuda ao amigo Wilson por estar alucinando. Entendeu que perderia toda guerra se não pedisse ajuda, pediu, aceitou, esperneou, cooperou e venceu, este foi o único momento em que House baixou a guarda.
E quando todos pensaram (personagens e público) que depois do manicômio e da prisão ele mudaria, enganaram-se. Ele gostava de ser quem era, se amava com seus defeitos e imperfeições, os reconhecia e se perdoava e esfregava suas virtudes (inteligência, perspicácia, a presença de espírito, competência) na cara de todos sem a menor modéstia.
House se conhecia e vivia seus conflitos como desafios naturais, com os quais deveria conviver, House pedia desculpas, se reconhecia humano, chafurdava na lama do humano e tomava banho na condescendência alheia. House não tinha vergonha de seus erros, seguia em frente.
 O seguir em frente de House talvez seja o motivo da apreciação pública, o que mais se parece com o cotidiano de todos nós, o que traduz a necessidade de ação para continuar a vida. Não havia, na série, ações sobre-humanas ou lições de moral. O que havia era vida com cara de vida. O que se viu foi um ser humano em suas redes sociais se debatendo com seus conflitos internos, sua obrigações profissionais, sua capacidade cognitiva, sua condição de reles mortal e sua logicidade em relação à fantasia.
O que, talvez, tenha conquistado o público foi o quanto de igual temos e o quanto cultivamos uma pequena inveja da coragem de House de ousar ser quem era de fato e pagar todos os preços no melhor estilo: " Quem convive comigo sou eu mesmo".
Quanto ao amor? O exercício da sensibilidade no contato com o outro? Ah! isso é assunto pra outra prosa.


domingo, 6 de maio de 2012

A DESIMPORTÂNCIA

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Vivemos a vida procurando coisas importantes para fazer, assistir uma peça de teatro importante, participar de uma palestra importante, termos amigos importantes, sermos importantes no nosso cotidiano, no contexto familiar, social, profissional.
Na nossa cultura a palavra importância tem peso relevante. Somos respeitados se temos ao nosso redor "importâncias" e não reparamos que até a importância é devir. O que foi importante ontem já não o é hoje, o que é importante hoje não o será amanhã.
A importância também é relativa, transformamos coisas simples em coisas importantes, porque são nossas. Algo que é importante para uns pode não sê-lo para outros. Categorizamos a importância, damos prioridades àquilo que consideramos mais importante e elegemos as que são menos importantes. Fazemos isso para sistematizarmos nossa vida.
Damos tanta importância a importância que nos esquecemos do valor da desimportância. Associamos a desimportância com negativismo, rejeição, desprezo, não aceitação, mas a desimportância tem sua importância.
A desimportância faz-nos desapegar, saber largar, destralhar, seguir adiante. Se assim não fosse, teríamos um HD de memória emocional tão grande e extenso de situações que não mais fazem parte de nosso cotidiano, que comprometeríamos nossa qualidade de vida psíquica, não suportaríamos tantas informações desnecessárias tão vívidas e punjantes quanto à época em que aconteceram os fatos. Se assim não fosse, teríamos que ter um cômodo a mais em nossas casas para guardar todas as quinquilharias das quais não conseguiríamos nos desapegar, desde aquela fralda com a qual dormíamos quando bebês, passando pelo primeiro soutien até a última aliança do último relacionamento, comprometendo nosso aproveitamento de espaço e aumentando a conta de IPTU.  A desimportância transforma sensações, sentimentos e objetos em lembranças para que possamos ter uma história, um referencial sem excesso de bagagem.
A forma de lidar com a desimportância diz que nível de desprendimento temos, a velocidade na qual cresceremos, a maturidade que possuimos para lidar com situações novas. Assimilar mal a desimportância nos adoece.
A desimportância é o destralhar das energias velhas, deixando fluir as novas. A desimportância é mudança de nível no curso da vida. A desimportância é a chave para sobreviver sem traumas e certificado de saúde mental e emocional. Se pensarmos bem a desimportância é mais importante que a importância. Viva a desimportância!

domingo, 29 de abril de 2012

TUDO PASSA

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Dizem à boca pequena que o  médium Chico Xavier tinha uma inscrição em sua cabeceira que dizia "Tudo Passa" e que ele a usava para lembrar, num momento de muita tristeza, que ela passaria e este artifício lhe oferecia conforto e alívio para o pesar que sentia, mas ele também a usava para os momentos de alegria e felicidade, para ter consciência que estes também passariam. Logo, não era para se entusiasmar em demasia nem se decepcionar quando não mais estivessem lá. Se era verdade ou não, não importa.
O que importa é a mensagem que estas duas palavras podem nos trazer e as mudanças de atitudes diante das questões da vida. O cultivo da paciência e serenidade que saber disso nos possibilita.
Somos passageiros. Passageiros de uma grande viagem, de uma grande ventura. E escolhemos, pedimos, precisamos estar na escola da vida, do mundo, da terra para "brincarmos de casinha" em papéis sociais e espirituais que achamos ser o nosso tudo.
Quando vejo imagens de estradas engarrafadas à distância, à noite, em saídas de feriados prolongados, aquelas filas infindáveis de carros com suas luzes de freio acesas fazendo um caminho de formiga lento, lindo e vermelho - embora incômodo para quem os enfrenta - fico imaginando ser esta a cena de um filme, o qual assistimos de fora e que é tão importante estar nele que fazemos qualquer negócio para sermos contratados, mesmo que como figurantes.
E quando fazemos parte do elenco, reclamamos do lanche, dos aposentos, do salário, do lugar do nosso nome nos créditos. Sem a menor lembrança de como quisemos, ansiamos, lutamos, pedimos, imploramos e precisamos estar nele, fazer parte da montagem.
Essa cena pictórica em minha mente/alma é o que me faz calar a boca quando dá vontade de reclamar, é o que me faz valorizar cada quadro e imaginar que o que não conteceu ainda é porque não chegou a hora de ser gravado ou não faz  parte do script. Fazemos parte de uma grande produção que também passa.
Logo, aproveitemos a cena daquele pôr-do-sol glamouroso, daquelas árvores floridas na primavera, do cachorrinho brincando com um copo vazio no pátio da escola, daquela criança procurando a tomada do microondas, do gato que procura o som atrás da T.V, daquele abraço de amigo que de longe se sente o calor, do beijo de namorados com saudades, de tudo o que a gente presta atenção, chora e se emociona num filme. Por que isso acontece do nosso lado e não enxergamos da mesma forma? Porque olhamos pra longe.
Olhemos para perto, pro nosso redor tendo a noção de que aquela cena que vemos não mais se repetirá, portanto selecionemos as melhores, as mais belas, as mais significativas, as mais cativantes, as mais calientes, as mais edificantes. Porque a única coisa eterna é aquilo que está dentro do que você pensa que é.....VOCÊ.




domingo, 22 de abril de 2012

A BELEZA DA VIDA

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 A beleza da vida não está só num dia claro de sol, no mundo de cores que a luz descortina diante dos nossos olhos.
Não está só nas paisagens deslumbrantes que a natureza nos oferece ou nos sons sublimes que os pássaros, o vento ou a música nos apresenta.
A beleza da vida está nos primeiros passos, nas primeiras vezes de tudo. No aprendizado de andar de bicicleta, no dia especial que é ver alguém andar sozinho pela primeira vez, no falar a primeira palavra, na descoberta de significado de uma palavra escrita, na decodificação da vida.
É uma modalidade de beleza cega, na qual não é o olhar que é agraciado, mas alma. O deleite é do espírito.
Ver alguém dirigir sozinho pela primeira vez, seja adolescente ou idoso.Ver a reação de alguém que vê o mar pela primeira vez. Saber pela experiência que essas primeiras vezes são absolutamente tudo, são alicerces para outras aprendizagens, empreendimentos, construções de uma jornada
Essas primeiras vezes de tudo, que é de todos são os marcos de uma história, e visto de fora com olhos de ver, é deslumbrante.
A beleza não é só plástica é também etérea, sensível e acima de tudo contemplável, não só pelos olhos mas também pelos sensores da alma.
Beleza é quase que  concretude, é tão penetrável em tudo o que somos e o que fazemos, que é quase palpável.
Beleza, um brilho que reluz aos olhos de quem tem olhos de ver e  que brota de quem sabe viver, de quem sabe aprender, porque o prendizado é belo. Seu processo é uma construçao explendorosa na nossa existência.
A beleza da vida está em saber aprender. Ser bonito é ser bom aprendiz.

domingo, 15 de abril de 2012

INTERRUPTOR

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Todos nós vivemos a idade das trevas. Aquela em que de nada tínhamos noção, em que fomos guiados sem questionamentos, em que nos assemelhamos às samambaias - o céu dá o sol e a chuva, a terra o alimento -  e estava bom.
Mas na vida de cada um de nós, existiu um momento decisivo e para cada um, diferente, pois temos jornadas distintas, em que tomamos consciência de nós mesmos. Surgiu em nós um vigor, uma força, os olhos de encheram de mundo, de possibilidades, de novidades, de vida, de conquistas e  fomos invadidos por uma vontade de fazer o próprio caminho, e não foi qualquer caminho, foi o nosso caminho, que desprovido de qualquer vaidade será sempre melhor que o dos outros.
Neste momento de iluminismo pessoal, intranferível, inalienável foi acionado o nosso interruptor interno, aquele que nos deu a luz pela segunda vez. Pode ter sido um livro lido que nos abriu um horizonte de possibilidades. Pode ter sido a fala de um professor que nos deu um click para vida. Pode ter sido uma desilusão amorosa que nos mostrou que somos inteiros. Pode ter sido a exclusão de um grupo  que nos permitiu perceber que há outros grupos e que tudo são fases. Seja o que for, o momento click da nossa vida existiu.
E quando nos demos conta do tamanho que queríamos ter, traçamos planos, sonhamos e nos expomos à vida. Nos adonamos das rédeas adonavéis: A vontade. E iniciamos a nossa saga.
Sem saber que a graça não estaria em conseguir tudo o que se quer, mas administrar a falta do que não se conseguiu.
O prazer não estaria em ir em linha reta, mas descobrir como trilhar em diferentes pisos, nos diversos atalhos e desvios de itinerário que a avida nos faria percorrer, por força das circunstâncias.
O orgulho não estaria em ser sempre o mesmo, mas em mudar, em se reinventar e rever valores, quebrar paradigmas, ser maleável.
O bom da luz acesa é ver o caminho trilhado e avaliá-lo. Se for bom, continuar ligado a essa energia e usá-la, refiná-la, cumprir a jornada com todas as fases que a pertencer, com dignidade. Se não for bom, reflexibilizá-la, repensá-la, expurgar a má energia, limpar-se, religar-se em outra sintonia e prosseguir.
Mas só conseguimos isso se mantivermos a lucidez, a presença de espirito, a isenção de nós mesmos para medirmos nossas ações e analisarmos nosso caminho.
O interruptor de nossa vida, o insight de nossa alma é ligado pela sede de viver, de aprender, de sermos donos de nós. O manteremos ligado enquanto preservarmos essas vontades nobres e tivermos o prazer de existir como responsáveis por nós mesmos. O que temos que saber é que sempre dependerá de nós, só de nós. Ninguém tem o poder de desligá-lo, só se permitirmos.
O tesão que mantém este interruptor ligado é este poder. O único que temos de fato, o de tomar conta de nós, da nossa vida, decidirmos sobre o que fazer com ela/nela e barrarmos o que quisermos, na velocidade da luz.
Logo, as escolhas que fizemos foram as que nos trouxeram até onde estamos. mantenhamos nossos interruptores ligados!

sábado, 7 de abril de 2012

FOFOCOLOGIA

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O que faz alguém ser alvo de disse-me-disse? Que força faz com que alguém invente ou parta de um pré-suposto para atingir alguém? Qual a posição dessas peças no tabuleiro de xadrez da vida? Quem são? Quem é o alvo do imbróglio, de fato? Qual é o papel do ouvinte? O que é a fofoca? São perguntas, relativamente simples, que a maioria não faz, mas deveria fazer.
Ser autêntico é um diferencial. Usar o tempo a seu favor é outro, gostar da própria vida é quase uma anomalia. Saber o que fazer com ela e ter assertividade é quase como pôr um alvo nas costas. Destacar-se, em relação aos demais, naquilo que escolheu fazer, ser criativo, ter clareza nas análises, ser feliz.... é uma receita de bolo milimetricamente calculada para ser odiado.
A necessidade de deter este ser que vive é, quase que, uma ordem dentro daqueles, para os quais, a vida é uma jaula, um carregar pesado de si, sem graça, sem vida, sem movimento. Um vir a ser ditado pelos outros, pela moda, pela mídia, pelo vizinho, pelos amigos, em suma, alguém que vegeta a vida alheia.
Como entender que um outro "metido" ouse dizer a si mesmo, na frente de todos, que sabe o que quer? que sabe quem é? ...ou pelo menos está a caminho de descobrir? Que sua vida tem tantas coisas a serem construídas, moldadas, mudadas, direcionadas que lhe toma todo tempo e atenção?
A capacidade para entender tamanho enigma é substituída pela capacidade de destruição. Essa força malévola vem associada ao prazer de ver sofrer o outro, Como sabe-se sofredor consigo mesmo. Vem da insatisfação consigo e impotência voluntária de mudar algo para melhor, da vibração com a frequência energética com tudo que seja triste, sombrio e sofrível, do orgulho de dizer-se sofredor. E como alguém ousa ser diferente disso? E não usufruir desse banquete diabólico? E ainda ser feliz?....
Longe de se imaginar que o  arquiteto de fofocas é um indivíduo sem inteligência, pelo contrário, é alguém de extrema perspicácia. A fofoca exige um arcabouço, um alvo, uma estória, um público, um contexto de nível analisável, pois a fofoca tem que se enquadrar aí como um veículo mobilizador, uma leitura precisa do tipo de público e das formas de reações, para melhor manipular e surtir efeito.
A fofoca exige uma logística do mal, um matemática maligna  bem calculada. Quase que um seguir do método científico, grosso modo: Observar, diagnosticar, levantar hipóteses, experimentar e concluir.
E nesse ínterim o papel do ouvinte é fundamental. O ouvinte/"acreditinte" da fofoca tem que ser alguém especial: alienado, oco, seguidor do nada e ávido por aventuras que possam ser vividas sentado, sem fazer esforço. Normalmente alguém letárgico, cataléptico que vive em estado de estátua - intelectual, social, espiritual e factual. Alguém previsível, lido à distância, manipulável e pouco inteligente.
Este nicho é detalhadamente estudado em sua avidez por consumir asneiras, são analisados em sua capacidade de assimilação de uma notícia plantada e na sua forma de atuação diante do que escuta.Substimadas as ações e reações da vítima é lançado avanço as abobrinhas e abobrões do disse-me-disse.
A fofoca é uma tentativa de deter UM alguém que não se alcança, e um exercício profícuo de poder de manipulação e de nivelamento de uma MULTIDÃO. O maior gozo do fofoqueiro-mor é o quanto de pessoas ele consegue dominar, direcionar e arrebanhar como menores que ele.
Logo, quando alguém lhe contar uma fofoca, este está lhe nivelando ao assunto pretendido, dizendo que você é daquele tamanho, digno de ouvir aqueles impropérios e compatível com toda a sordidez vomitada.
Quem tem que se ofender com a fofoca não é o alvo, é o ouvinte. Porque o alvo....Ah!...está ocupado, vivendo sua vida e se preocupando em crescer, desligado para mesquinhez e fora de área para mediocridades.