domingo, 28 de agosto de 2011

LEALDADE

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Lealdade é uma palavra. Lealdade é uma linha reta eterna e paralela a tudo, não cruza nunca com nada nem com ninguém. Lealdade deve ter sido inventada para servir a seu próprio criador. Lealdade é uma dama rija, imponente, segura e elevada espiritualmente. Não se curva, não se presta à indignidade. Lealdade é um estilo. Lealdade é uma qualidade. Lealdade é um substantivo..... e vamos subjetivando a Srª Lealdade para vermos até onde esta dama honrada nos levará.
Lealdade é respeito, é reverência, é um "modus vivendis".  Lealdade é um vírus do bem que é enxertado nas veias de espíritos nobres. Lealdade é uma espécie de carimbo invisível que marca as pessoas especiais. A Lealdade é linda! tem frescor, é impávida. A Lealdade dá prazer de contemplar....sim a Lealdade é contemplável nos espíritos que foram agraciados com ela, porque Lealdade dá vigor ao semblante, uma natural segurança no viver, no agir, no falar.
A Lealdade traz consigo senso de justiça e temperança. A Lealdade é o berço das qualidades inventadas para serem distribuídas às almas; dela vêm a honestidade, o escrúpulo, a honratez, a sabedoria. Lealdade era a primeira das virtudes, que na modalidade metafísica, estava misturada ao caldo de aminoácidos que deu origem à vida como conhecemos no "Big Bang".
Lealdade é o princípio, o alfa, o começo de tudo no mundo dos valores. É uma das poucas qualidades que podem ser vistas com olhos de ver e sentida pelos sensores de nossa alma, quando estamos diante dela. Lealdade é a pureza que ainda resta neste mundo de interferências, ruídos e mal entendidos. Lealdade começa dentro da gente. Ser Leal é ver e ver. Não se enganar, não inventar, não confundir, é admitir, é ser fiel a sí. 
Usar Lealdade é ter coragem. É ser herói num mundo de valores tortos e torpes. Lealdade dá firmeza e cobra verdade. Possuir Lealdade é não tapar o sol com a peneira. A lealdade não precisa de platéia, de aplausos, de certificados, de diplomação. Lealdade é exercício de isenção. Não se pode ser Leal aqui e não sê-lo ali. Lealdade não é um estado, Lealdade é ser.
A Lealdade configura-se como uma forma de viver de maneira ereta, enxergando coisas e pessoas como de fato se apresentam, mesmo que doa. É ter coragem de se expor à decepção e reerguer-se. É ser verdadeiro com o outro sem precisar ser cruel. Lealdade é uma jóia preciosa que não pode ser roubada.
 Muitas vezes o Leal pode ser confundido com o bobo, o otário. É o que não aproveita oportunidades excusas, o que não entrega amigos, o que não trai seus princípios. Na verdade o Leal é aquele que conserva a limpidez do olhar e a alma imaculada. Passa pela vida em silêncio, aproveitando dela tudo o que ela tem a ofereçer: lições.
O Leal é o aprendiz lapidado, terra boa, terreno fértil, possuir Lealdade é estar a meio caminho dos avatares. Possuir Lealdade é possuir o arcabouço, a partir do qual tudo pode ser construído.

























segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O MEIO DOS EXTREMOS

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Imaginem uma linha do tempo com começo, meio e fim. Um começo bem marcado com ano, mês, dia e hora. A estréia. O início de uma missão planejada, sistematizada, autorizada, sonhada, ansiada, necessária. Nasce-se. Se o evento foi desejado ou querido no palco da estréia ou se foi supresa, não importa. Primeira etapa cumprida com sucesso. Tem-se uma forma, um invólucro, um instrumento para a jornada que se inicia.
Um dia, bem marcado, com ano, mês, dia e hora.....acaba. Volta-se ao estado anterior, mas jamais ao estágio anterior. Algo terá mudado, terá sido acrescido, terá evoluído. A jornada terá transmutado coisas, terá cumprido a sua missão de transformar alguma coisa em outra coisa. Independente da jornada ter sido bem sucedida ou não, jamais seremos os mesmos.
 Mas, pra quê brincar de vai e vem na estação da vida? Que brincadeira é essa que, enquanto se vive se acredita que aquilo que se vive é tudo? ao mesmo tempo que sabemos que é um pedaço.
 O cerne da questão é o que fazemos do espaço entre a estréia e a volta, entre o nascer e o morrer, entre o existir nesta modalidade e o inexistir. Podemos ser o que quisermos, podemos fazer o que quisermos, podemos ir onde quisermos, podemos falar o que quisermos. Sem graça? não. A seleção do que vamos querer é a graça, é o exercício desse tipo de existência, é nisso que consiste o teste.
 Escolher ser o bandido ou o mocinho, escolher dar um tapa ou fazer um carinho, escolher ir ao Hades ou ao Nirvana, escolher falar "eu te odeio" ou "eu te amo" é um exercício de poder incomparável. Escolher é usar poder. Enquanto escolhemos e fazemos os esforços para o exercício das escolhas, plantamos as árvores das nossas escolhas, somos observados, analisados, avaliados. A prova mais difícil não é a do vestibular é a da vida.
Não ferir, não magoar, não vilipendiar, não açoitar, não expor; respeitar, empatizar, amar; freiar-se, controlar-se, proteger-se, esquivar-se. Verbos usados a vida inteira. A vida é uma verborragização.
Na linha do tempo o mais importante é o meio. É no meio dela que temos força, sonhos, assertividade. É no meio dela que escrevemos o final feliz ou não. É no meio dela que decidimos pelo sucesso ou insucesso da missão. É no meio da linha do tempo que ganhamos/conquistamos um "presente" chamado discernimento, e esse presente é pra ser usado imediatamente, guardá-lo numa cristaleira para exibição aos passantes é diploma de tolice.
No meio dos extremos está  o pleno exercício do viver, é ali que dizemos o que somos e a que viemos. Tome posse do seu meio dos extremos. A escolha é sua, o preço é seu e o laurel também.







































domingo, 14 de agosto de 2011

A NOSSA CASA

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A nossa casa tem janelas, portas, quartos, sala, cozinha, banheiro, varanda e quintal.
As janelas da nossa casa tem a cor que a natureza escolheu. A cor que foi combinada silenciosamente  por vinte e uma entidades nanoscópicas. Podem ser azuis, verdes, castanhas ou negras, mas são as nossas janelas. Delas vemos o mundo, assistimos a vida, observamos o passar do tempo e são nossos faróis, os sinalizadores do que acontece no resto da casa. Nos expressamos pelas janelas, elas podem estar abertas, semi-serradas ou serradas, e estes estados tem significados mil, que outras casas e outras janelas saberão traduzir.
As portas da nossa casa são igualmente importantes, delas saem e entram o que precisamos, pessoas, palavras, sentimentos, declarações. As portas da nossa casa falam, escutam, excretam, parem, beijam, copulam. As portas da nossa casa são a simbologia do para que serve a nossa casa.
 Os quartos da nossa casa nos guardam, nos protegem, protegem o que somos, o que construímos. São nossa memória, nossos arquivos, neles estão nossos sonhos, nossas aspirações, neles descansamos, refazemos nossas forças e plasmamos nossos afazeres.
 A sala de nossa casa é o perímetro milimetrado no qual permitimos que os outros adentrem, ali colocamos o que queremos que seja visto, a noção de conforto que possuímos e que permitimos que o outro usufrua. A sala da nossa casa é o nosso cartão de apresentação, é o nosso trato a outrem. A nossa civilidade, educação e prazer de estar junto.
 A cozinha da nossa casa é, por certo, o lugar mais importante, é ali que é processado nosso alimento, nosso combustível, é ali que é feito o nosso dia-a-dia, a nossa construção.  É o gerador de energia de todo o empreendimento "vivenda". Ela tem que estar sempre abastecida e limpa. É a força motriz da existência. É a alma que nos move.
O banheiro de nossa casa é casa de limpeza, de despejo do que não precisamos mais, de despojo do que foi processado. Também é lugar de "refazimento", de lavagem da alma, de limpeza do corpo, lugar de deixar o pó do dia, a poeira da empreitada, é o lugar da capacidade de se refazer.
A varanda da nossa casa é o lugar de contemplação, lugar de confecção de artesanato, espaço de gestação das idéias, do que colocamos em casa. Espaço largo, à frente do principal, pode existir ou não, ser usado ou não. Mas, sempre estará lá. O ventre construtor da existência por obra artesã.
O  quintal da nossa casa é a cara externa do que é a nossa casa, tudo o que não cabe vai pra lá; o que chega vem por lá. O quintal é o nosso entorno. O campo de força que protege, que seleciona, um bom quintal é sinal de boa proteção, de casa saudável.
Mas afinal, o que é uma casa? um lugar que você escolhe, constrói, para viver durante um período. Uma cúpula de proteção das intempéries da natureza, de descanso, de alegrias, tristezas, conflagrações, filosofias e questionamentos. Um lugar em que se vive. Mas a casa a que me refiro não é comum, além das janelas, portas, quartos, sala, cozinha, banheiro, varanda e quintal , ela tem pernas, braços, cabeça e pensa
A casa a que me refiro tem janelas que enxergam ou não; tem portas que usam batom ou não; tem quartos que as vezes tem alzheimer ou não; tem salas que ás vezes não têm trato, educação, nem polimento; tem cozinhas que são doentes, que não amam, que não sentem ou não; tem banheiros que não têm capacidade de processamento de dejetos; tem varandas que gestam ou não e quintais limpo ou não.
A casa que é nossa é o nosso corpo. A nossa morada confundida conosco mesmo. Às vezes cuidamos, às vezes abusamos, às vezes usamos nossa casa para SERMOS. Quando na verdade o ter da vida é só ela. A única coisa que, de fato, você TEM é a que você pensa que você É. Somos caracóis pensantes.










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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

AQUELA LUZ NA CARA

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      Cogita-se a extinção, à longo prazo, do livro de papel, os tradicionais, do jeito que nós conhecemos e nos apaixonamos. Os grupos dedicados à sustentabilidade, à defesa do meio ambiente e das "árvores" reivindicam a diminuição do uso do papel e assim acreditam estar defendendo a flora do mundo. Excelente idéia e movimento social louvável, dimuindo a produção de papel desmatamos menos, poluimos menos, porém, teremos menos produção livresca. Já temos  a abolição do livro didático de papel  se dando paulatinamente até 2015, na Coréia do Sul e o uso obrigatório de tecnologias no ensino sistemático por lá. Alguns cursinhos no Brasil já utilizam apostilas virtuais, ou seja, estamos rumando para a substituição do tradicional pela tecnologia.
      Na leitura de entretenimento, literatura e afins já temos os e-readers (leitores de livros digitais) que possuem uma determinada capacidade de armazenamento, que possibilita a inserção de vários e-books (livros digitais). A mudança que isso vai gerar é estupenda. Poderemos carregar vários volumes em um tablet (outra geringonça eletrônica) economizando força física e espaço na bolsa; os preços dos e-books são significativamente mais baratos, por não necessitarem dos tratos industriais e da quantidade de mão-de-obra para confeccioná-los; os espaços físicos para se montar uma  biblioteca serão bem menores, quase todo mundo que consome literatura poderá ter a sua super biblioteca. O único inconveniente até agora, para o uso cotidiano, é o custo do tablet, mas com passar do tempo se tornará acessível à grande maioria.
      Porém, como boa saudosista que sou, imagimenos.... o ritual de pegar um livro físico, sentir seu peso, seu cheiro, ter o acesso visual real, folheá-lo da direita para a esquerda, ouvir o barulho das páginas e prazeirosamente sentar-se e deleitar-se com uma boa leitura e com o uso de todos os sentidos sendo substituído por aquela luz na cara, a espessura do tablet sempre a mesma, aquele geladinho da tela, aquela cor imutável e para folheá-lo um botão touchescreen ou não, com uma movimentação de cima pra baixo ou não.
     A fisiologia cognitiva enlouquecerá para assimilar estas diferenças de lateralidade e sentidos e ainda ter que entender a leitura. A princípio, até nos acostumarmos, será uma via crucis, um vai e volta de dar dor de cabeça, os laboratórios oftalmológicos agradecem. As mudanças serão sentidas pela nossa geração, as próximas conhecerão os livros tradicionais pelas obras de artes que já se fazem deles. Confira!
      Dói, dói ver um amigo falante, condutor, rico em aventuras terminar desse jeito, e essa, ainda é  a melhor forma de sepultamento, ali se faz uma homenagem a esse companheiro, lhe cedendo um lugar ao sol, lhe dando uma última chance de ser apreciado. Mas vejamos o que nos espera, as novidades, as primeiras gerações de é-readers: Fotos de e-readers e Ipads .
      É, trate de inserir no seu dicionário as palavrinhas mágicas: e-reader; e-books, Ipads, Iphone etc.... porque, do contrário, você será analfabetizado por osmose. Sabemos que ambas modalidades de leitura ainda conviverão juntas durante um tempo e que somos uma geração privilegiada por acompanharmos a transição, porém estamos assistindo à morte lenta de uma agulha que abriu caminho para todas as qualidades de linhas, das mais nobres às mais ordinárias. Agora fique com o modo de usar da geringonça:



      SEJA BEM-VINDO!....OU NÃO.