quinta-feira, 30 de junho de 2011

ALMA PRESA

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      Não é fácil falar sobre o estado d'alma. Primeiro há que se definir o que é alma. Segundo (AURÉLIO,2001) existem 11 significados possíveis " 1- princípio da vida; 2- princípio espiritual do homem; 3- conjunto das faculdades psíquicas, intelectuais, morais de um indivíduo; espírito (1); 4-  sede dos afetos, sentimentos e paixões; 5-pop. espírito desencarnado; 6- coragem, ânimo; 7- veemência de sentimento, entusiasmo; 8- pessoa, indivíduo; 9- condição primacial; essência; 10- interior do cilindro duma arma de fogo, que vai da culatra à boca do cano; 11- pedaço entre a sola e a palmilha do sapato ou bota". Dentre todos esses, exercendo o poder de escolha...ficaremos com o de nº 4 - sede dos afetos, sentimentos e paixões.
    Tudo na nossa construção existencial é desabrochar,  que segundo (AURÉLIO,2001) é: " v. int. e p. principiar a abrir; abrir-se (a flor); desabotoar (se) { conj: 1 [ desabroch] ar}". Se prestarmos atenção desabrochamos para o mundo até certa idade, mas alma sempre o faz. A cada circunstância da vida "re-nascemos", "re-esperamos", "re-vivemos". Temos sempre força para acreditar...é nossa alma desabrochando "Ad eternum". Mas será que é assim para todos?
      Existem pessoas que conjugam o verbo embotar , que segundo (AURÉLIO,2001) é: "v.t.d. e p. 1- tirar a fio, a ponta, (o gume) ou perdê-los 2- enfraquecer (se) 3- insensibilizar (se) {conj 1 [embot] ar}" todas as dores enfraquecem, todas as agruras enfraquecem e o indivíduo se tranforma num zumbi, que segundo (AURÉLIO,2001) é: " s.m. bras. folcl. fantasma que vaga pela noite, segundo lenda afro-brasileira" para quem  não adianta rir, não adianta contar piada nem falar de alegrias...o embotar vulgo enfraquecer se apodera de tal forma que contagia.
      Mas consideremos que há casos e casos. Há casos de prazer no embotar e caso de embotamento por equívoco da vida em fornecer ao pobre vivente uma cruz que o dito cujo nâo consegue carregar. e aí?...aí , a alma: sede de afetos, sentimentos e paixões fica presa. Presa em si mesma como cachorro correndo atrás do rabo, girando em círculos sem sair do lugar. Não sente prazer nisso, mas também não avança por puro problema administrativo/afetivo/evolutivo. O que fazer nesses casos? Nada. Rezar e esperar que o indivíduo melhore.
      Mas quando acontece conosco, parar de girar em torno de si mesmo e seguir em frente é uma boa sugestão. Observar a sí próprio, perscrutar seus reais desejos e expectativas diante da vida, mesmo que o que encontremos não nos agrade, não corresponda ao que achamos de nós ou ao que vendemos como imagem para os outros. Já é um começo de mudança e melhora, de avanço. Porque deixar passar oportunidades de adquirir experiência positiva de vida, de exercício das potencialidades da alma é uma covardia e tanto, para com  missão que viemos cumprir....é, aquela que nem nós sabemos qual é. Quando nos dermos conta que a vida, na modalidade de existência que conhecemos, é rara e única, já não estaremos mais nela, portanto não terá mais graça.
      Solte sua alma, olhe nos olhos, sorria, ame, toque, fale coisas boas, fale coisas amenas, ligue-se na energia que a  natureza traz de bom e viva! Porque alma presa só é boa, no sentido 10º e 11º da definição de alma segundo AURÉLIO,2001. De resto, "Solte essa franga" segundo (VOCEMESMO,2011).  
      

segunda-feira, 13 de junho de 2011

LEITOR: MODO DE FAZER

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      O que é ler? podemos ler um livro, uma pessoa, uma atitude, uma imagem (!!!!)....leitura, em tese, é a decodificação de um signo e/ou a interpretação, o exercício da imaginação que fazemos de qualquer ocorrência de nossa vida. Temos a leitura no seu sentido denotativo e no seu sentido conotativo, fiquemos com o último. A interpretação de uma "leitura" depende do repertório de experiências. Logo, quanto mais experiências, melhor leremos.
      Porém somos seres indivisíveis e temos apenas essa existência, no momento. Como fazer para ampliar isso? vivendo outras vidas, indo a outras paragens, sendo outras pessoas, tendo outra maneira de pensar, conhecendo outros pensares. Como assim? ativando algumas potencialidades que possuimos e que por vezes estão adormecidas. Prestemos atenção no quanto de sentidos usamos enquanto lemos. Confira!

   

      Você acha que a sua Helena é igual a minha? Como são as suas pedras da rua? Como é a sua caneca? e a sua moeda? e a porta que abre e fecha? Como é o sapato que sai andando adiante? Quantos idiomas são falados? quais são eles? e a fotografia? é.... a fotografia. Quais imagens você construiu? quantas potencialidades você usou? são suas.  Estão em você. São acúmulos de experiências vividas ou lidas.
      A leitura é um portal que se abre para um universo infinito. E é um instrumento " sine qua non" para o sucesso e desenvolvimento de vários aspectos de nossa vida! Mas como eu formo um leitor?

Ingredientes:
1 Livro
1 Pessoa
1 Lugar confortável
1 Biblioteca pública (à gosto)
Muita vontade viajar

Modo de Preparo:
Misture tudo  e reserve. Depois pegue sua experiência e divida com seus filhos, amigos, sobrinhos, alunos e etc... Permita que eles lhe vejam lendo em silêncio, por um tempo significativo. Conte-lhes estórias, quando tiver oportunidade. Quer ver como funciona?



Agora, tempere à gosto, bata tudo no liquidificador, reserve por longo tempo, leve ao forno por 1 ano e sirva quente ou frio.
Porções: 6 bilhões de pessoas.
Experimente! ..... e até a próxima....leitura!

terça-feira, 7 de junho de 2011

A MISSÃO DO TEMPO

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      Tempo é um conceito relativo e poderoso. Não volta. Sucessão de acontecimentos, amontoado de horas e dias, bússola para realização de sonhos, parâmetro para se dar razão ou tirá-la de alguém, amigo implacável da mortalidade. Não tem cor, não tem cheiro, não tem gosto, não se toca...mas ele nos toca.
      O tocar do tempo sentimos a partir da concepção, quando ali, ele é nosso aliado no entretecimento de músculos e nervos que, serão invólucros de uma alma que tem uma jornada a cumprir e que se dá no tempo.
      Ao nascer, o tempo é o que temos, de quanto tempo será a vida?...começamos a morrer ao nascermos, inicia-se a contagem regressiva. Contagem regressiva alegre, de descobertas, de adaptações a um mundo novo, de leis físicas a serem aprendidas e obedecidas, o não cumprimento delas implica em diminuir esse tempo. Desses aprendizados depende a vida.
      O tempo flui e nos traz encantos, o corpo floresce e as novidades da vida estão em nós, no nosso próprio corpo, no nosso olhar... e não percebemos que essa é uma ação explendorosa do tempo. E aí somos apresentados ao tempo como algo a ser controlado e domado, ganhamos uma agenda e distribuimos nossos afazeres pelo tempo de 24 horas e conceituamos esse ser onírico como queremos, como um espaço onde tem que caber o que fazemos e o que queremos ser. Silenciosamente este deus onipresente ri-se de nós, da infantil definição, da ilusão de controle e da falta de percepção de que é ele quem age sobre nós.
      Essa semana teremos a despedida de Ronaldo Luis Nazário de Lima, o nosso Ronaldinho, da seleção brasileira de futebol. Quem viu aquele menino atrevido, leve, faceiro, fagueiro, correndo pelos campos aos 17 anos de idade, há duas décadas atrás, sabe do que estou falando. Um olhar puro, de criança, uma expressão de sonho, um gás quase que palpável pela vida e por suas escolhas. O prazer de ver sua velocidade nos campos, e emoção que nos trouxe durante tantos jogos....era a cara do Brasil.
      Hoje pela ação do tempo e, tantas outras mazelas que o tempo com seus coadjuvantes trouxe, para jogar 15 minutos na sua despedida, tomou uma injeção de anti-inflamatórios, dito por ele mesmo em entrevista. E todos se perguntam se ele conseguirá cumprir o tempo bem, e o próprio técnico da seleção pediu que ele não desse arrancadas.
      O tempo implacável, silencioso, corrói, disfarça-se de vento e atua sem percebermos. Estamos todos nós à mercê dele. Ele é a nossa unidade de medida, de prazo de validade,deixa marcas no rosto, nos olhos, no sorriso, na alma. Aceitar o que somos e o que nos tornaremos é minimizar dor e sofrimento. Qualidade de vida é a palavra chave. Porque não há dinheiro, plástica, conserto que detenha o envelhecimento. Gastemos os recursos que usaríamos para deter o tempo em viagens, estudos, aprendizagens inusitadas, conhecimento de novas pessoas, outras culturas, vivamos! gargalhemos! amemos! brinquemos com a vida!....porque a quem não podemos vencer nos juntamos.