quinta-feira, 26 de maio de 2011

O DESEJO E A ASSERTIVIDADE

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      Se existe algum paradigma que ainda permeia o nosso imaginário é o da supremacia física. Quem nunca ouviu falar no deus Apollo da mitologia grega, ou no semi-deus Aquiles ou mesmo no personagem bíblico Sansão? Antes do advento do capitalismo era esse o sonho de consumo, o que fazia os homens serem respeitados entre si e cobiçado pelas mulheres.
      Hoje é apenas um adereço, importante, mas voltado para saúde e longevidade. Quem quando criança não brincou de super herói? Não fingiu ter uma força descomunal? não sonhou em ser especial? Salvar o mundo? ter uma certa supremacia dentre os demais? sem, necessariamente, ter consciência disso, desta forma.
      O sonho de ser atleta e sobrehumano sempre pairou o meu imaginário pessoal, eu queria mesmo era ser atleta. A vida me levou por outros caminhos...mas eu queria mesmo era ter sido atleta. Fumei durante dez anos, três maços de cigarros por dia...e cada cigarro me fazia lembrar que o que eu queria mesmo era ter sido atleta. Engordei absurdos por revezes da vida e por descontrole emocional, numa somatização triste...mas o que eu queria mesmo era ter sido atleta.
      Nunca tirei isso da minha mente nem do meu coração....o que eu queria mesmo era ter sido atleta.Um dia precisei urgentemente parar de fumar, se não o fizesse nem seria a professora que sou nem, muito menos, a atleta que queria ter sido. Foi o momento decisivo da minha vida, parar com alguma coisa da qual eu não tinha o menor controle, mas era ou eu, ou a coisa. E eu tive que ter uma força que jamais conhecera e que jamais sonhara que tinha. Tratamento com nicotina sintética, terapia, abstinência, depressão, sensação de perda, solidão. O cigarro era meu companheiro, era meu amigo de vida e de morte. A dor maior não era só a de perdê-lo, era também a de ver o que iria junto com ele....os amigos que fumavam, a sensação de estar acompanhada, as bebidas que pediam e chamavam por ele e os programas "culturais" (da nossa cultura , dos nossos costumes) dos quais eu teria que me abster. Que sofrimento horrível. Foram os três meses mais negros, duros e difíceis de toda a minha existência até hoje.
      Quando passei por esse período iniciei a natação para melhorar a respiração e era uma pessoa de 78 Kg num corpo de 1,5m de altura. Alguém que não subia escadas com facilidade, que ficava ofegante por falar rápido em uma aula ministrada. Três meses sem cigarros significava 5.400 cigarros a menos. Eu já havia conseguido muito e soube que dali em diante tudo o que dependesse só de mim e não fizesse mal a ninguém eu poderia conseguir.
      Iniciei um processo de reeducação alimentar. Outro sofrimento bárbaro. Juntamente com atividade física em 6 meses eu havia perdido 12kg e nos outros 2 anos perdi mais 10kg. Ao final de 2 anos e meio estava 22 quilos mais leve. Estava na hora de eu realizar o tão sonhado, desejado, almejado, invejado intento.
      Atleta profissional não dava mais...mas amador...nunca é tarde para começar. Iniciei a minha "brincadeira" silenciosa, treinava em esteira depois da musculação, corria nas ruas nos fins de semana, participava de corridinhas curtas como pipoca (corredor não pagante). Até que resolvi virar profissional dos 10K. Corri um ano inteiro todas as corridas de 10K oficialmente. Só que isto vicia e decidi treinar, usar planilha e participar dos 21K. No ano seguinte, dentre as corridas de 10K havia uma de 15K, outra de 16.090K, uma outra de 20K e três corridas de 21K. Me senti uma vencedora silenciosa e alguém que havia descoberto o prazer de existir e estar entre os vivos, com um corpo perfeito e saudável. Fazendo uma transição responsável me cerquei de todos os aparatos necessários para participar da minha primeira maratona e assim o fiz.
      Aos 22 de maio de 2011. Esta ex-fumante e ex-obesa que vocês lêem participou da 28ª Maratona de Porto Alegre, um percurso de 42.125m com um tempo de 4hs23min52s. Neste dia, com este feito eu recebi o maior título da minha vida o de MARATONISTA, fechei atrás de mim uma porta de frustração e recebi o lauréu da saúde, da perseverança, da assertividade, da vitória. O que eu tenho a dizer pra vocês?...cuidado com o que você deseja.







quarta-feira, 4 de maio de 2011

REJEIÇÃO - A ARMA DO SÉCULO

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      Vivemos na era da normalidade. Tudo é normal. Abandonar crianças é normal, adotar sem amor é normal, matar o pai por herança ou pelo seguro de vida é normal, engravidar de jogador de futebol por dinheiro é normal ( vender a alma, o tempo, a vida e colocar uma outra vida como peteca no jogo) é normal.
      Nós seres humanos, ditos sociais, somos uma espécie de vitrine, somente somos considerados alguém de sucesso se ostentarmos algumas quinquilharias pouco duráveis que recebem o adjetivo de "fashion". A  bolsa da Louis Viton, o sapato da Gucci, a roupa assinada por não sei quem e , para os mais pobres, de alguma lojinha mais "transada" de um shopping famoso. Para os homens, possuirem um carro X da marca Y para atrair as "gatinhas". Depois reclamar que o "carinha" só " chegou em você" porque você estava "fashion" ou que a "gatinha" só estava  com você por causa do carro. Legal! a babel do cotidiano.
      Para atrair amigos e afins há tempos atrás você tinha que ter bom comportamento, ser comedido, educado, trabalhador (leia-se não indolente) e ter objetivos para a construção do futuro, e a construção do futuro era construção mesmo, não era presente dado de graça, conhecia-se o preço e o valor de cada conquista. Silenciosamente sabíamos discernir atrocidade de passionalismo, hediondês de impulsividade, planejamento meticuloso de acidente de percurso. Hoje o Hediondo, o atroz e a meticulosidade nociva é uma espécie de acessório da personalidade, com direito a comentários do tipo " Como fulana é corajosa..."
      Somente semana passada foram noticiados três casos de abandono de incapaz - crime, pela nossa legislação- por suas "mães", em São Paulo. No primeiro caso, a criança foi colocada numa caçamba de lixo, no meio da rua, flagrada pelas câmeras de segurança de um estabelecimento; no segundo caso, a criança foi encontrada na porta de uma residência pela manhã, por uma transeunte, juntamente com o lixo caseiro, havendo tomado chuva a noite inteira; no último caso, o mais hilário e sórdido, a "mãe" sentiu apenas uma cólica - e existem mulheres que realmente não sentem dores de parto- pediu para entrar numa clínica e ir ao banheiro, lá pariu a criança e colocou-a na cesta de papel higiênico. A auxiliar de serviços gerais encontrou a criança 40 minutos depois. A "mãe" foi encontrada e está sendo indiciada. em entrevista a "mãe" alegou não saber que estava grávida e que confundiu a criança com dejetos de menstruação.
      Este desafeto manifestado no ventre tem resultados nefastos na vida desse ser que inicia sua caminhada. Por mais que não lhe contem, a alma humana tem sensores decadimensionais e sabe, antes de nós, qualquer coisa sobre nós. Será aquele vazio "inimpreenchível" ....aquele poço que não tem fundo. E se somente assim o for, está é muito bom. Dependendo da trajetória desta caminhada, a dificuldade de amar, de aprender, compreender, de viver mesmo, no sentido existencial é carimbada na pele feito marca de ferro em brasa em boi de pasto. Pergunto: Alguém tem o direito de fazer isso?
Na sociedade brasileira existe um discussão silenciosa, que possivelmente, se transformará numa discussão oficial, com direito a plebiscito e tudo mais, sobre a descriminalização do aborto. Polêmico? sim! muito. Quando se aventa a possibilidade dessa discussão, a fundamentação se dá na premissa " caso de saúde pública", baseado em dados estatísticos de não sei quantas mortes de "mães" por abortos clandestinos mal feitos e de que, nos casos destas "mães" que sobrevivem, sobra para o sistema público de saúde a conta a pagar. Blá,blá,blá...blá,blá,blá.
Ora! a mulher, desde sempre, é responsável por gerar os seres humanos que povoam a terra. Isto é Poder. A mulher, desde sempre, é responsável pela educação deste rebento. Isto é Poder. A constituição do mundo com seus tons e semi-tons é obra silenciosa da ação da mulher através da geração e criação de seus filhos. Isto é Poder. Lembremos que quanto maiores os Poderes maiores serão também as Responsabilidades.
      Na época de nossos avós os homens nasciam para o prazer e a mulher para o dever. Não existia métodos contraceptivos e a mulher não tinha alternativa a não ser parir. Hoje, vejamos....em uma farmácia, sem receita médica, podemos comprar pílula anticoncepcional, camisinha masculina, camisinha feminina, pomada espermicida, o antigo "tampão", que não sei se ainda tem este horroso nome, e a polêmica pílula do dia seguinte, e se você for esquecidinha ainda têm as injeções, que tem efeitos que duram meses ( com receita médica)
      Analisemos.... qual é a necessidade de uma criatura fazer um filho que não quer, abandoná-lo numa lata de lixo ou....uma sociedade inteira gastar os tubos em dinheiro para realizar uma consulta pública para saber ou não se vai se auto-instituir genocida oficialmente? Nossas avós não tiveram essas "benesses contraceptivas" e não se via o descalabro de que vemos hoje. Não estou dizendo que não existia, apenas que não era dessa forma  "normal".
      Saúde pública? falta de educação, falta de interesse na manutenção de seu próprio corpo, falta de auto-estima, falta de responsabilidade com o patrimõnio natural que lhe foi concedido divinamente, falta de noção de causa/consequência, falta de tudo, inclusive de bom senso, quando se vai para uma relação sexual sabe-se da probabilidade disso acontecer. Logo, tem-se duas alternativas para a questão ou você passa numa farmácia e zela pela sua saúde, corpo e bem estar de alma ou abstenha-se sexualmente. Qual é o mais fácil?
Sou a favor da aplicação da lei como ela se encontra hoje, com indiciamento e prisão de 6 meses a 3 anos e exemplo para as demais. O problema carcerário entra na questão? sim. Mas não é o alvo deste texto, isso agente discute depois. Se a primitividade e obtusão só é contida com contundência que assim o seja.
      Na semana do dia da MÃES ( mais comercial do que filosófico) há que se refletir sobre a importância desse papel social/emocional para constituição de uma sociedade sadia. Até porque, MÃE é uma instituição sagrada, abençoada e não é para "qualquer uma". A renúncia de sucesso profissional através da liberdade para competitividade, do crescimento financeiro às próprias custas e afins, é louvavel, pois a missão é extremamente nobre.
      A você MÃE que escolheu a missão mais engrandecedora do planeta. A você MÃE que usou da escolha do sagrado, da continuação, da perpetuidade, do poder feminino em exercício....A você toda FELICIDADE do mundo, as BENÇÃOS do universo, a PAZ dos Deuses e o SUCESSO nessa missão de gerar, parir e construir uma pessoa. Porque se existe algo que se aproxima, de fato, do que entendemos como AMOR (bíblica e filosóficamente) é o SER MÃE, a verdadeira MÃE..... FELIZ DIA DAS MÃES!