sábado, 7 de abril de 2012

FOFOCOLOGIA

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O que faz alguém ser alvo de disse-me-disse? Que força faz com que alguém invente ou parta de um pré-suposto para atingir alguém? Qual a posição dessas peças no tabuleiro de xadrez da vida? Quem são? Quem é o alvo do imbróglio, de fato? Qual é o papel do ouvinte? O que é a fofoca? São perguntas, relativamente simples, que a maioria não faz, mas deveria fazer.
Ser autêntico é um diferencial. Usar o tempo a seu favor é outro, gostar da própria vida é quase uma anomalia. Saber o que fazer com ela e ter assertividade é quase como pôr um alvo nas costas. Destacar-se, em relação aos demais, naquilo que escolheu fazer, ser criativo, ter clareza nas análises, ser feliz.... é uma receita de bolo milimetricamente calculada para ser odiado.
A necessidade de deter este ser que vive é, quase que, uma ordem dentro daqueles, para os quais, a vida é uma jaula, um carregar pesado de si, sem graça, sem vida, sem movimento. Um vir a ser ditado pelos outros, pela moda, pela mídia, pelo vizinho, pelos amigos, em suma, alguém que vegeta a vida alheia.
Como entender que um outro "metido" ouse dizer a si mesmo, na frente de todos, que sabe o que quer? que sabe quem é? ...ou pelo menos está a caminho de descobrir? Que sua vida tem tantas coisas a serem construídas, moldadas, mudadas, direcionadas que lhe toma todo tempo e atenção?
A capacidade para entender tamanho enigma é substituída pela capacidade de destruição. Essa força malévola vem associada ao prazer de ver sofrer o outro, Como sabe-se sofredor consigo mesmo. Vem da insatisfação consigo e impotência voluntária de mudar algo para melhor, da vibração com a frequência energética com tudo que seja triste, sombrio e sofrível, do orgulho de dizer-se sofredor. E como alguém ousa ser diferente disso? E não usufruir desse banquete diabólico? E ainda ser feliz?....
Longe de se imaginar que o  arquiteto de fofocas é um indivíduo sem inteligência, pelo contrário, é alguém de extrema perspicácia. A fofoca exige um arcabouço, um alvo, uma estória, um público, um contexto de nível analisável, pois a fofoca tem que se enquadrar aí como um veículo mobilizador, uma leitura precisa do tipo de público e das formas de reações, para melhor manipular e surtir efeito.
A fofoca exige uma logística do mal, um matemática maligna  bem calculada. Quase que um seguir do método científico, grosso modo: Observar, diagnosticar, levantar hipóteses, experimentar e concluir.
E nesse ínterim o papel do ouvinte é fundamental. O ouvinte/"acreditinte" da fofoca tem que ser alguém especial: alienado, oco, seguidor do nada e ávido por aventuras que possam ser vividas sentado, sem fazer esforço. Normalmente alguém letárgico, cataléptico que vive em estado de estátua - intelectual, social, espiritual e factual. Alguém previsível, lido à distância, manipulável e pouco inteligente.
Este nicho é detalhadamente estudado em sua avidez por consumir asneiras, são analisados em sua capacidade de assimilação de uma notícia plantada e na sua forma de atuação diante do que escuta.Substimadas as ações e reações da vítima é lançado avanço as abobrinhas e abobrões do disse-me-disse.
A fofoca é uma tentativa de deter UM alguém que não se alcança, e um exercício profícuo de poder de manipulação e de nivelamento de uma MULTIDÃO. O maior gozo do fofoqueiro-mor é o quanto de pessoas ele consegue dominar, direcionar e arrebanhar como menores que ele.
Logo, quando alguém lhe contar uma fofoca, este está lhe nivelando ao assunto pretendido, dizendo que você é daquele tamanho, digno de ouvir aqueles impropérios e compatível com toda a sordidez vomitada.
Quem tem que se ofender com a fofoca não é o alvo, é o ouvinte. Porque o alvo....Ah!...está ocupado, vivendo sua vida e se preocupando em crescer, desligado para mesquinhez e fora de área para mediocridades.

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