segunda-feira, 25 de abril de 2011

O CASAMENTO E SEUS DESCAMINHOS

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      A palavra casamento deriva de uma outra: acasalar, que no mundo animal consiste em achar uma parceira para copular e reproduzir a espécie. Mas, como tudo sem contexto perde o significado, no contexto humano, com seus múltiplos aspectos, acasalar não seria apenas o exercício de nossos instintos, então transformamos o verbo em substantivo e ficou " o casamento", que em suas implicações contextuais, carregam no seu bojo, acordos, contratos, consensos, proteção patrimonial, domínio e etc...
      Historicamente os casamentos selavam acordos entre famílias para a manutenção de terras; politicamente, contratos para junções de reinos, feudos e domínios territoriais; comumente são garantias de direitos do patrimônio adquirido ao longo de uma relação, das garantias de  que os "serviços prestados" não foram em vão e que o tempo despendido não foi desperdiçado.
      O que se esquece nessas junções é que a instituição é composta de pessoas...é .... aquela coisa que tem alma, sentimentos, vontade própria, livre arbítrio, sonhos, por mais fugazes, tolos e sem noção que sejam, e que nelas pulsa o espírito do acasalar, então, tem que ter brilho, vontade, desejo, química, etc... O tempo acaba com eles, mas no início tem que ter, porque tem-se que ter do que lembrar.
      Os acordos políticos e econômicos que tinham como "liga" o casamento, não levava em consideração este aspecto e até hoje temos culturas como a cigana, a indiana e algumas árabes que agem com essa característica...a de acordo, contrato. A própria Igreja Católica não admite os casamentos de padres, não pelas ordens Paulinas, mas pelo simples fato de ser ela a única detentora do patrimônio herdado por esses "homens de Deus" de suas famílias, sem ter filhos para o reclamar. O casamento é um instrumento político. Se até a sagrada guardiã do sacramento/casamento é dissensual, reclamamos a quem? A sagrada instituição que constitui o princípio da "célula mater" de uma sociedade é uma hipocrisia. E de hipocrisia em hipocrisia vamos vivendo, tentando nos contaminar menos com ela e transformar este evento em nossas vidas, o mais próximo possível de nossas verdades.
      Esta semana teremos o casamento do século, unir-se-ão pelo " sagrado matrimônio" o Príncipe da Inglaterra Willian Spencer e a pebléia Kate Middleton, expressão essa que não significa pobreza nem coitadismo, quer dizer apenas que ela não tem em sua linhagem ninguém que detenha títulos de nobreza, o que não a desenobrece. Estamos diante de duas instituições  selando acordos sob a égide de uma terceira instituição " o casamento".Uma intrincada teia de acordos e interesses.
      No imaginário social é um conto de fadas. E voltamos ao retardo da Bela Adormecida. Um príncipe que achou graças nos olhos de uma bela moça e a resgata de sua vida simples ( que de simples não tem nada, é muito bem criada, educada, bem sucedida, tem uma estrutura econômica e familiar invejável) e a leva aos píncaros da glória... e serão felizes para sempre.
      Feliz para sempre é quem fica solteira. A brincadeira começa agora. Fazer parte de um emblema representativo de uma nação européia, carregar o fardo de ser vista, invejada, esquadrinhada e vigiada. Ver a compra de uma roupa íntima virar notícia internacional, o olhar triste de um dia com TPM virar motivo de especulação, ter amigos que jamais o seriam em outras circunstâncias e, que , muitas vezes, são capazes de tudo por um minuto de fama ou por milhares de dólares que uma notícia íntima possa representar.
      Para qualquer casamento a brincadeira começa no "sim". E em meio a toda essa tormenta, tem-se ali dois seres humanos, que na verdade, querem é ser felizes, que é tudo o que todos buscamos. Acreditando na possibilidade desse amor do imaginário social, que o casal Willian e Kate consigam o que os súditos e outros pelo mundo afora buscam. Porque ser difícil não significa ser impossível. E se depender da energia de todas as pessoas boas que, sonham para si e não conseguiram, mas que procuram ver no outro o exemplo do que almejam para vislumbrar a possibilidade de tê-lo, que tenham toda a felicidade do mundo e que sejam cúmplices o suficiente para resguardar suas vidas, sua intimidade, seus espiritos, seus segredos e a alma de sua relação. Deus Salve a Rainha!



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