sexta-feira, 15 de abril de 2011

MATRIX TUPINIQUIM

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      Matrix foi uma trilogia lançada na década de 90, estrelada pelo ator Keanu Reeves e o eixo norteador era a dicotomia entre o real e o virtual. Em alguns momentos do filme, as realidades pareciam tão imbricadas  que não se distinguiam. Mas a questão deste texto é a contextualização dessa premissa com os nossos dias. O que é real? e o que é virtual?
     Temos uma geração de jovens que se "plugam" com " amigos" . Conceito esse,mudado à exaustão nos últimos 30 anos, que hoje é multifacetado. Dependendo da idade do indivíduo, as definições propaladas são diferentes.
      Hoje se escolhe um amigo pela foto;  Para conversar se usa o MSN; as salas de bate-papo dos mais diversos sites de relacionamento. Telefone está virando coisa do passado, assim como um dia foi o fax, a máquina de escrever e etc... Como o cérebro é mais rápido que as mãos, inventamos um novo dialeto. Sem percebermos o Frankstein que estamos montando. Conceituações equivocadas, distanciamento emocional do outro, visão de sociabilidade distorcida, construção de deficiência na escrita, principalmente em crianças e adolescentes, que ainda estão construindo o conhecimento do código linguístico.
      Estes instrumentos são imbatíveis em diminuir distâncias...RJ/RS; BRA/EUA e etc... mas entre tijuca e maracanã?...sempre?....alguém lembra do telefone? do sorvete na esquina? do banco da praça?....a voz, a presença, o toque existe e faz parte do contato humano. Compramos pela Internet, muito válido, o tempo está escasso, além de o pouparmos, evitamos o estress do mercado, das lojas, o gasto com combustível, praticamos o desenvolvimento sustentável, poluimos menos. Assistimos filmes pela Internet. Válido também, as ruas estão perigosas e o conforto e a segurança do lar, até aqui, são impagáveis. Resolvemos questões bancárias, de cartório, fazemos reclamações, sugestões, fazemos inscrições para qualquer tipo de concurso, do emprego público à corridas de rua. Ma-ra-vi-lho-so.
      Mas nenhuma dessas facilidades substitui o contato humano. Falar com alguém, ouvir a voz de alguém, revelar-se através do timbre de voz, do gestual, do olhar, da linguagem corporal. Sabem por que isso é importante? porque faz parte do exercício da nossa modalidade de existência, somos humanos, o toque é importante em qualquer fase da vida do indivíduo.
      Segundo estudos recentes, nosso cérebro não percebe a diferença entre o que imaginamos e o que vemos. Ele ativa a mesma área neuronal para ambos. Viver no mundo virtual é o mesmo que dizer ao inconsciente que aquela é a realidade. E essa realidade dita não inclui o toque, mutilamos silenciosamente uma potencialidade que entra em latência e passamos a não saber como agir diante da possibilidade de tocar alguém, afagar alguém, abraçar alguém. Perdemos o potencial do carinho, tão importante na construção desse mundo novo que precisamos.
      Mas...vamos analisar?.... por que estamos escolhendo isso? ninguém nos está impondo. Do que temos medo? do que fugimos? da rejeição? ou da aceitação? do não sentir nada?ou do sentir tudo? de não ter alguém? ou de passar a ter alguém e criar vínculos e ter uma nova situação para administrar? o que significa, de fato, preferir estar no mundo virtual a estar no mundo real? e diferencio um do outro, em tese, através dos conceitos "toque" e "presença" em uma existência materializada.
       Quando estamos conosco mesmo, estamos na zona de conforto. Estar diante do outro nos causa terremotos internos, controlar o turbilhão que a presença do outro nos causa, o olhar do outro, o toque do outro é ter mais trabalho....então é mais fácil perguntar: Quem esse outro pensa que é? para me tirar da minha paz, do meu sossego, da minha tranquilidade....simples....a continuação de todos nós. O outro é a nossa extensão, nosso elo com o que de fato somos. Quando evitamos isso, evitamos aprender uma habilidade nova, evitamos desenvolver uma potencialidade latente.
       O contato humano é insubstituível para tudo, para conversar, para brigar, para brincar, para amar.....ou alguém já ouviu falar de filho virtual? Também só faltava essa! A internet e suas possibilidades são um santo remédio para os males dos nossos dias, mas lembremo-nos sempre que, a diferença entre remédio e veneno é a dosagem.














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