sábado, 31 de outubro de 2015

EM PARTE....

Partilhar
Um garoto de rua, aparentando uns 10 anos, entra no saguão de um cinema na zona sul do Rio de Janeiro. É rechaçado, óbvio.
Em parte, o segurança tem razão.
Em parte, o menino tem o direito.
Em parte, ele constrange os 'outros' (nós).
Em parte, ele poderia entrar só para olhar...e ver como são os outros, como se comportam, o que fazem ali. Só para decidir se se deslumbra e sonha ser igual ou se odeia.
Em parte, um lado tem razão,
Em parte, o outro também tem.
Mas em qual  parte somos responsáveis pela divisão das partes?
A miséria não vem da natureza, não é desígnio divino, uma conflagração cósmica punitiva. Ela é produção humana intencional.
Em que parte da história nós decidimos que a existência do miserável nos serviria?
Em que parte da história percebemos que o incômodo acompanhava a serventia?
Em que parte da história criamos estratégias para separar o incômodo da parte que nos servia?
Em que parte passamos a ter prazer em separar esse incômodo como um selo de superioridade?
Em que parte dessa história a gente vai se dar conta de que essa brincadeira de mal gosto já não cabe numa mão e escorre pelos dedos...
Em que parte dessa história a gente se dá conta de que está perdendo o controle.
Em que parte dessa história a gente ganhou?
Em que parte dessa história a gente perde?
Experimente ouvir 10 nãos num dia e observe como você chega ao final desse dia. Só para termos um simples lampejo do ódio que nos aguarda.
Em parte, somos responsáveis, pela criação do exército de desvalidos, miseráveis, chamado exército reserva,  através do usufruto dos produtos produzidos que consumimos. A gente só não gosta do cheiro da vizinhança....
...Em que parte a gente muda tudo?!


Nenhum comentário:

Postar um comentário