domingo, 11 de junho de 2017

IGNORÂNCIA

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Tudo é relativo e multifacetado, a ignorância também. Há aquela de que somos todos reféns e ela é boa, é aquela que nos diz que  não  sabemos de tudo e que temos sempre algo a aprender. Mas o texto de hoje se refere a outra, a nociva, àquela de que é vitima quem acha que sabe de tudo, que já viu tudo, que entende de tudo.
Aquela que é aquele escudo confortável dos que desistiram de crescer.  Aquela proteção burra que nos engana achando que somos melhores que o outro, dando um gostinho falso de deus. Aquela película transparente que tolos usam para se fingir de sábios subestimando a inteligência e a leitura de mundo alheia. Ignorância nem sempre é sabida por quem a porta, mas tem efeitos colaterais. 
Uma das coisas que me espanta são as lideranças ignorantes, aquelas autoritárias, fechadas, que sabendo-se limitados limitam os outros de crescerem e, possivelmente, saberem mais ou serem mais competentes que seus líderes. Vemos isso em religiões, partidos, clubes, grupos de escolas, de faculdades e em todos os lugares onde o ser humano habita. 
Mas a mais dolorosa é aquela que é usada como filtro para mensurar o outro. A vida e o mundo vistos pelo buraco de uma fechadura em que todos têm que caber nela. E se não couberem, força-se a barra até caberem. Esses filtros parcos são responsáveis pelos grandes equívocos de leitura do outro, de 'interpretação de texto', contexto , de ações e atitudes.
A padronização de leitura de mundo a partir de uma vertente rasa, a interpretação obtusa de algo tão complexo, cheio de camadas e multidimensional em produto planificado e em  2D é o cúmulo do absurdo. É a negação da possibilidade de evolução do outro. A ignorância associada a autoridade é um dos males do mundo. Mas existe pior: o amor a ela.
E hoje vivemos momentos, no mundo inteiro, em que isso é uma verdade quase palpável. Parece que se abriu o porão dos zumbis da ignorância nociva e eles estão invadindo as ruas, as instituições, a política, as religiões, as escolas, as nossas vidas. Não se sentir à  vontade na sociedade, hoje, é estar saudável.


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