sexta-feira, 8 de abril de 2022

CONFISSÕES PANDÊMICAS

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Fonte: seedsbrasil.com

Não, não sou das redes sociais, nem meu espírito, nem minha geração. Mas, sim, sou das contextualizações, dada às adaptações, sou aquela que sabe que a vida segue em frente e que sempre temos muito a aprender. Que as novas gerações, com sua maneira de pensar, seu modo de ver o mundo e sua tecnologia (vide o vale do silício) têm muito a nos ensinar. Então, se as redes sociais são o que temos para hoje para existirmos, mesmo com todos os prós e contras, que seja! 

Esse espaço - o Conversa Afinada -  sempre foi esporádico, aqui se fala sobre os modos de ver o mundo, sobre poesia, filmes, sobre educação do caráter, da espiritualidade e de atitudes cotidianas que podem mudar nossas vidas, e consequentemente, o mundo. Enfim, de coisas que nos deslumbram, coisas boas, vibrações do bem que merecem ser registradas para refletirmos.

Há dois anos e três semanas me tornei vegetariana estrita (sem consumo de qualquer produto de origem animal na alimentação). Há dois anos iniciei um processo de limpeza de toxinas e de saúde plena, que já se apresentavam como necessidade, e que foram impulsionados pelo advento da pandemia. Há dois anos vejo o mundo diferente, sei de coisas que não sabia antes, desenvolvi sentimentos (amor, compaixão) por seres que jamais imaginei, desenvolvi atitudes que nunca ser ser capaz de praticar e tenho testemunhado seus efeitos em mim e no meu entorno. E isso tem me conectado com algo maior do que eu. Depois desse tempo de isolamento quase distópico, de convívio comigo mesma de uma forma muito diferente do que havia 'experienciado' antes; assimilando experiências pessoais muito profundas criei coragem para falar sobre isso. Sobre o quanto esse período sui generis me mudou e o que significou deixar de consumir a carne dos outros, seus flúidos e células-ovo; o que significou na minha saúde e na minha forma de ver e sentir o mundo o não consumo do outro e de todos os processos de sofrimento pelos quais passam, e o que foi o processo doloroso de ver/saber/conhecer  isso. Paul Maccartney diz que: "Se as paredes de um matadouro fossem de vidro, ninguém, jamais consumiria carne". Concordo, pois o que os olhos não veem o coração não sente. Mas, será que aquilo que os olhos não veem a alma não sente? os corpo vibracional de nossos corpos físicos não sente? O corpo físico não reage? (vou deixar um vídeo no final do texto sobre saúde na alimentação)

Somos os indivíduos que querem que tudo seja provado, demonstrado, fotografado dentro dos nossos parâmetros epistemológicos para que acreditemos. Sabendo que nosso conhecimento de mundo são EXPLICAÇÕES de mundo dentro de nosso arcabouço de conhecimento dele. Ou, seja, é invenção, é criação dentro do contexto do que sabemos (que pode mais tarde se demonstrar que não era nada disso). Mas, hoje, aquilo que nossas 'explicações' não dão conta, não serve. Não é porque não vemos o sofrimento de 'alguém' que esse sofrimento não existe. Mas, o que eu fizer para acirrar esse sofrimento, mesmo que eu não saiba que é sofrimento, não deixa de ser cumplicidade. O que muda é a responsabilidade. Se eu não sei o que significa o que fiz, não posso ser responsabilizada. Mas se eu sei o que é, se me tornei sabedor do sofrimento, dos tipos de sofrimentos (são vários: físicos, psicológicos e de dignidade) e do meu papel nesse processo, passo, sim a ser responsável pelo que lhe acontece. Alguém pode me argúir sobre quem me impinge esta responsabilidade...possivelmente, uma lei que está além do nosso arcabouço de 'explicação' de mundo e que em algum lugar recôndito dentro de mim ela se manifesta e grita; e eu abafei e fingi que não sentia e fechaeios olhos para não ver alguma coisa que a eu já tinha desconfiado, ou vislumbrado. Será que por ser tão onírico deixa de ser uma possibilidade de verdade? Esse foi o processo pelo qual passei a partir do dia 11/03/2020.

Por conta da declaração do caráter sanitário pelo qual passamos fui buscar as relações do ser humano com os animais e a natureza (sei que os que me conhecem podem estar pensando...Mas, Sonia, tu és tão inteligente, tão bem informada, não sabias? Não, não do jeito que é) Assim como todo mundo, mesmo sabendo que a propaganda é o cão vestido de anjo, eu comprava a ideia da vaca feliz, dos ovos de fazenda, da pesca solitária (eu sei que parece ingenuidade, mas é não querer saber, é ser ludibriado pelo paladar e pelo costume), não sei se por preguiça, comodismo, falta de tempo ou tudo isso como desculpa - eu tinha outras prioridades - nunca fui buscar, nunca fui pesquisar. Quando o fiz - e a pandemia me deu tempo suficiente para isso - a minha imagem de mim para mim mesma foi para o ralo. Me senti a pessoa mais imbecil do mundo, uma pessoa metida a inteligente e curiosa que tendo todo o acesso a informação de qualquer lugar do mundo, eu era cúmplice dolosa de crueldade e de sofrimento, quiçá, do maior holocausto animal da História do planeta. Me cobri de vergonha, desolação e culpa. Creio que o período de pandemia, para mim, foi o momento mais pesado da minha vida, o momento de 'mea culpa' por várias encarnações. Chorei por dois dias, passei esse período de cara inchada, sofri de verdade. Os vizinhos perguntavam: "Está tudo bem?" Não, não estava. Nem para mim, nem para ninguém, por motivos diferentes. Mas todos dentro do mesmo espectro: o desrespeito à natureza e à vida por parte de toda humanidade em níveis e intensidades diferentes, conscientes disso ou não. 

Seis meses depois estava mais leve (literalmente), mais saudável (fiz exames para atestar isso), mais amorosa, mais compassiva, menos raivosa, menos rancorosa, mais focada e mais espiritualizada (não me refiro a religião) e querendo compartilhar com outras pessoas da possibilidade dessa visão e modo de estar no mundo. Nessa mudança pela qual estamos passando como humanidade planetária, como sociedade, como indivíduos; nessa ampliação de consciência para o que está em nosso entorno -  o outro, a natureza, o meio ambiente -  e suas conexões, ter um espaço que possa ser fomentador de ideias novas, propositor de diálogos e  conversas sobre temas como mudança de hábitos nocivos a nós, à natureza, aos animais e ao meio ambiente é como uma chance de expurgar minha culpa pela indolência na busca de informação durante tanto tempo e por causar tanta dor desnecessária. 

Sim, depois de dois anos de processo de transformação me tornei ativista do direito dos animais e pela vida do planeta. Como boa cinquentona, serei mais comedida, polida, menos contundente, mas nem por isso menos astuta. E sempre grata  ao Cosmos pela oportunidade de fazer esta mudança ainda em vida nessa encarnação e ter a coragem e os instrumentos para lutar por isso com compassividade, é claro. A partir de agora vou compartilhar com vocês as minhas reflexões sobre o tema. Qual? MUDANÇA. Mudança em todo os seus aspectos, na alimentação, no lazer, na vestimenta, no uso de produtos de higiene e limpeza e na maquiagem; mudança de consciência, perceber mais o que está o nosso redor, olhar com outros olhos para tudo, principalmente para o planeta, essa mãe que nos dá o alimento, as condições de vida e o corpo de que dispomos até devolvê-lo a ela.  Por conseguinte, esse é o momento de declarar a maior das mudanças por aqui. Acompanhando a energia do planeta e das novas gerações o CONVERSA  AFINADA e essa vos escreve, a partir de agora é um blog e uma editora VEGANOS. As publicações anteriores serão mantidas como um rastro do caminho percorrido até aqui, um registro do meu processo de maturidade em todos os sentidos, desde os temas à escrita e suas formas, passando pelo desenvolvimento como pessoa, como cidadã, como profissional de educação e ser humano integrado às questões pertinentes à humanidade e sua evolução. 

Nessa vibe deixa eu contribuir para ampliação de consciência geral e para o conhecimento do nível de responsabilidade para com os nossos irmãos sencientes.  Abaixo deixo links, que descrevo um a um, sobre informações importantes para um melhor conhecimento de nossa realidade nessa ladeia global, desde informações médicas e nutricionais para uma alimentação vegetariana estrita até audiovisuais com informações sobre o trato com os animais na indústria da alimentação. 


Entrevista com o Dr.Erick Slywitch (CRM: 105.231 - Mestre em Nutrição, especialista em Nutrologia. diretor do departamento de Medicina de Nutrição da Sociedade Vegana Brasileira (SBV)).


Os links a seguir são de documentários - os que estão disponíveis no Youtube - e trailers - os que estão disponíveis em outras plataformas streamings -, eles foram adicionados de acordo com a nível de impactação de forma crescente. 

Seaspiracy. (Trailer do documentário disponível na plataforma streaming Netflix)


Cowspiracy (documentário completo)


A Carne é Fraca ( documentário completo)


Carne e Osso (documentário completo)


Domínio (documentário completo)


Terráqueos (documentário completo)

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