domingo, 9 de outubro de 2011

PALCO DE EMOÇÕES

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O que é a vida? um caminho, uma estrada, encontros, resgates, uma linha, uma representação, um palco.
O que é um palco? um tablado onde se apresentam estórias, onde se vive, por alguns instantes, uma vida que não é a nossa.
O objetivo de um espetáculo é distrair, desincafifar da própria vida, das agruras existenciais e, por alguns instantes, viver por tabela a vida que o ator finge viver. Refletir, sentir emoções que não são comuns no nosso dia-a-dia, pois se está esquizofrenicamente em outra vida.
Paremos para pensar: viemos não sabemos de onde, para fazermos não sabemos o quê, nos distraimos com a vida do outro, buscamos coisas que não levaremos quando retornarmos para  onde viemos, que é o lugar do qual não lembramos. Alguém marcou um período para este pique-esconde. E tudo o que acontece nesse ínterim é: chorar, sorrir, sofrer, se alegrar, se decepcionar, encontrar, desencontrar, esperar, sonhar, sentir, ressentir, compreender, entender, se desentender, se interessar, se desinteressar, se entusiasmar, desistir, começar de novo.
A alegria de estar com os coleguinhas da/na escola; o sonho de ser médico ou astronauta; a tristeza da primeira perda de alguém que se vai do nosso palco; o entusiasmo do primeiro amor; a hecatombe fisiológica da paixão; a dor do ir-se dessa paixão; o empreendedorismo do casamento, a felicidade e a sensação de vitória, de ser normal, de fazer o que todo mundo faz; a descoberta do prazer da originalidade, de fazer o que só você faz, o que só você é; o deslumbramento ao cubo de se ver perpetuado em outrem, a prole, os filhos; a compreensão da vida como repetição eterna de um ciclo que só se renova porque os atores se acabam, se vão.
O choro, da alegria, o choro da dor, o choro do arrependimento, o choro do fracasso, o choro do nunca mais choro, o choro da saudade, o choro da vontade.
O sorriso da felicidade, o sorriso da saudação, o sorriso da pose, o sorriso da recepção, o sorriso de eu te compreendo, o sorriso do que bom te ver, o sorriso da satisfação, o sorriso da surpresa, o sorriso da paz, o sorriso do exorcismo, o sorriso da ansiedade, o sorriso do descontrole.
O abraço...Ah! o abraço. Abraço é sempre de quanto tempo tem. Quanto tempo tem que não te vejo, quanto tempo tem que não te toco, quanto tempo tem que não troco calor com você. O abraço é uma confissão curta de saudades polidas.
E tem as outras emoções.... as ruins, as danosas, aquelas que evitamos, não falamos, não queremos, não atraímos, mas elas existem, estão lá e as sentimos. A raiva, a ojeriza, o desprezo, o incômodo, o suportar, o tolerar, o ódio, a substimação, a inveja.
Somos esponjas. Absorvemos absolutamente tudo ao nosso redor. As absorções são sempre subjetivas. Sentimentos, sensações, energias. Nosso mundo é material até a página dois, primeira linha do primeiro parágrafo. 
O nosso palco, onde vivemos essa vida, é um palco construído para testar os fusíveis das emoções. Viemos representar a nós mesmos num mar de sentimentos e morremos afogados nas distrações. Já que a peça de teatro é essa, representemos/vivamos para ganhar o Tony.



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