domingo, 13 de novembro de 2011

A HARPA DE DAVI

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Conta-se na história dos hebreus que havia um rei  guerreiro, autoritário e triste chamado Saul que em seus devaneios de ansiedade precisava da música como bálsamo e refúgio,  e solicitava a um menino que tocava harpa, chamado Davi, que tocasse para ele.
Os acordes da harpa de Davi eram calmante para a alma de Saul. As inquietações, angústias, tristezas, pesares e preocupações que assolavam seu espírito e o deslocavam do eixo eram dissipadas pelo poder da música. O transporte da alma de Saul era uma harpa. O veículo que o lançava às origens, ao berço das almas e lhe dava paz entrava pelos ouvidos, amainava as dores, curava as feridas, cicatrizava os arranhões, dizimava o medo, dava tranquilidade, perpetuava o que ele tinha de puro, dissipava as perturbações e o lançava ao útero do universo lhe dando alento, lhe fornecendo a recarga de baterias que suas responsabilidades exigiam.
Saul era um leão em sua selva, rugia, dominava, tresloucava-se em delírios, pois era um homem de espírito extremamente inquieto e descobriu nos ouvidos o portal de entrada da paz, da serenidade por meio de um instrumento pesado e difícil, mas de som suave e tênue.
A música era o remédio da alma de Saul e tocada pelas mãos pequenas e inocentes de um menino que sequer tinha noção das agruras que podem se aninhar na alma de um homem, do leito de sentimentos que é o espírito cuja existência se estende por toda a eternidade.
Davi era a força motriz que possuia a pureza, a leveza e a não-contaminação. Dos acordes que saiam da harpa de Davi iam com eles também a energia do próprio Davi, um pouco de seu ser se etereizava pela música e esse unguento servia na medida certa a Saul.
A música tem o poder de levar-nos onde quisermos, só o que se tem a fazer é entregar-se. O único momento em que Saul entrava em contato consigo mesmo e sua essência era quando se entregava, se largava, se deixava. Deixemo-nos....permitamo-nos por um momento sermos Sauls. 







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