domingo, 6 de novembro de 2011

SILENCIAR

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O silêncio é o grito do "entrego os pontos", é o sinal verde do "desisto", é o ponto de exclamação do "era isso!".
Quando nascemos, gritamos, choramos, berramos e se não o fazemos, nos fazem fazê-lo. Um bebê chora pra tudo, grita pra tudo. Uma criança fala o tempo todo, fala muito, fala com todo mundo, até quando não sabe falar.
À medida que crescemos vamos aprendendo a ouvir e para ouvir calamos. O silêncio se instaura nas nossas vidas com o nome de aprendizado e vai se tornando o maior estelionatário etéreo que se pode conhecer. Ganha nomes como: ansiedade, suspense, medo, ultraje, decepção, sabedoria.
Quando buscamos algo, sonhamos e nos movemos para alcançá-lo e não conseguimos, silenciamos.
Quando queremos muito alguma coisa que não depende de nós, enquanto aguardamos, silenciamos. 
Quando esperamos o resultado de uma prova ou de um exame médico, silenciamos.
Quando não sabemos o que tem adiante e nos aflige o que pode vir a ser, silenciamos.
Quando a expectativa emocional não é correspondida, silenciamos.
Quando vemos alguém de uma forma e ela se apresenta de outra, silenciamos.
Quando estamos diante de uma questão para a qual temos a resposta, mas que ela é só nossa e existem outras respostas tão válidas quanto e que cada um tem direito à sua, sabiamente, silenciamos.
O silêncio tem muitas faces mudas. Só quem conhece a cara do silêncio é o seu dono.
E ao longo da vida aquele senhor ausente no início, vai tomando espaço, vai se fazendo presente, vai se tornando uma entidade com vida própria, vai virando amigo de infância, se transformando numa pessoa. A nossa melhor companhia.
O silêncio é alguém que construímos para nos acompanhar, tem nome, endereço, cara e fala sozinho. O silêncio não é ausência de som é presença de espírito. Silenciar é dizer alguma coisa.



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