domingo, 2 de novembro de 2014

O IMPÉRIO DA INCOERÊNCIA

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O texto de hoje é sobre o mundo construído às custas do aprisionamento da nossa natureza e do choque com o que seria natural ou lógico.E o quanto não percebemos/ou percebemos e continuamos a professar o discurso da incoerência e fabricarmos nossa própria infelicidade.
Aprendemos a não mentir até os treze anos, depois pode. Aprendemos a ser leais aos amigos até os vinte e cinco, depois não importa. A falar o que pensamos até os dezoito, depois respondemos pelos nossos atos, não pode mais. 
Mas o mais inusitado são os palavrões, para dar o exemplo só de um: Vai se f... é palavrão que se diz quando se está com muita raiva de alguém. Mas na hora que a gente quer ser feliz a gente vai se f... com outro alguém, e está tudo certo (!!!!!!!).
Sinceridade é enfeite de dicionário, se for usado até as ultimas instâncias dá cadeia. E parceria nos relacionamentos também é frase de efeito. Já se começa uma relação medindo as palavras, o que poder ser dito, o que pode ou não ser escrito...afinal, vai que a relação acaba?!!!
Somos, por natureza, polígamos e instituímos a monogamia só pra ficar bem na fita do capitalismo e dos falsos bons costumes e manutenção dos valores familiares e instituímos a prostituição que é produto direto da monogamia.
Nos apaixonamos perdidamente por alguém, até descobrirmos o alguém. E que não era o que queríamos que fosse. Queremos estar com pessoas mas como elas são, não servem. Somos democráticos até se dizer o que o outro não quer ouvir. Clamamos por justiça, mas só até o momento em que ela venha bater à nossa porta. Lutamos por direitos iguais, até o momento que não fira os nossos privilégios.
Queremos o crescimento e a evolução até encontrarmos alguém que faça algo melhor que nós. Aí, ao invés de aprendermos por imitação, humildade ou por osmose, aderimos a caça às bruxas.
Premiamos quem vence. Mas quem vence, normalmente, é o mais desleal, o mais esperto, o que passa por cima dos outros e de si mesmo, sem nenhuma classe e sem cortinas de disfarces. Ainda somos seres de "umbigo" e de imposição de poder espúrio como prova de virilidade, competitividade e sucesso.
Instituímos um estado de alerta contra o outro e contra nós mesmos. Não existe mais nicho em que possamos relaxar e sermos, simplesmente, o que somos. Usar a liberdade de ser é crime de alta traição contra o próximo.
Vivemos um mundo louco em que, cada um tem seu espaço construído à revelia e de encontro ao mundo do outro e ainda brigamos pelo lugar onde colocar a cerca. A incoerência é uma instituição oficializada e vamos para o ringue para sabermos qual da incoerências tem mais poder e prevalecerá. A guerra de retóricas é a estrada da vida em que ninguém tem razão.  A confiança morreu, a lealdade virou peça de museu e a esperança está em greve de fome.
A partícula de poeira no espaço em que vida é tão rara e complexa abriga o mais nobre dos  sanatórios. E depois de tudo isso construído por nós mesmos, completamente ao oposto do que somos, ainda queremos ser felizes. E ainda somos tão covardes que colocamos a culpa de todos os males da humanidade na conta do diabo....Que coisa feia!!!!!!
 

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