domingo, 23 de novembro de 2014

PELE SENSÍVEL

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A semana passada aconteceu mais um suicídio na UERJ. Há muito que é lugar comum esse acontecimento no espaço em questão, e um mistério, quase espiritual, o porquê os que se encontram nesta vibração escolhem, justamente ali. Por que falar disso?! primeiro porque o "Conversa Afinada" foi criado para desopilar a alma de tudo o que não se conversa normalmente no dia-a-dia, segundo porque me recuso aceitar isso como banalidade, lugar comum, rotina. Me recuso a me acostumar com o que pode ser mudado, conversado, pensado, refletido....
Dizem que se matar não pode. Pode, só não se deve. Dizem que é pecado. Roubar também é. Crescemos ouvindo "bistuntices" acerca do assunto ou, simplesmente, não ouvindo nada.
Somos levados a acreditar que a vida é uma dádiva, é linda e rara. Só nos esquecemos de avisar no meio do discurso, que isso é para quem consegue enxergar pelo buraco da fechadura da porta das tribulações. Tem gente que não consegue.
E a vida vira um pesar, um castigo, uma maldição a ser vivida dia após dia. Até o dia em que alguém de fora (deus) dizer que é a hora. Às vezes esperar esse alguém de fora vira desaforo, vira humilhação, significa passar a vez do poder de decisão.
E o caro leitor pode se perguntar..."E o que eu tenho a ver isso? Também tenho os meus problemas, minhas questões e minha cruz. Devo me preocupar com a vontade de morrer do vizinho?"...Possivelmente, não. Isso não é preocupação que se tenha. Nem saímos por aí, perscrutando os possíveis candidatos. Mas o mundo não anda sozinho, ele vai no caminhar de todos nós, com nossa energia e  atuação.
Sabendo-nos incapazes da onisciência e, menos ainda, de conhecer o abismo profundo que é o nosso ser, e muito principalmente, o alheio, não custa cautela. Nunca saberemos o quanto um desprezo é a gota do balde. O quanto uma zombaria era só o que faltava, ou o quanto virar as costas é o fim de tudo.
Um sorriso não custa nada. Um bom dia acalorado, também não (fingimos coisas piores). Nunca vamos saber o quanto isso é importante para alguém. Nunca vamos saber o que os nossos atos evitam ou catalisam. Nunca saberemos o tamanho da intensidade da força com a qual uma decisão como essas é tomada.
Então, se é para dormir bem e inventar que salvamos uma vida, e quiçá, o mundo. Distribuamos sorrisos, beijos e abraços...mas principalmente abraços. Provavelmente, ele é um "só por hoje"  de um suicida.
 
 



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