domingo, 8 de fevereiro de 2015

FASCINAÇÃO

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A palavra fascínio ou fascinação está para o pobre mortal como a água está para o óleo. Talvez, por ser de uma pronúncia elitista, que beira o chique, o inalcançável, e propor um estado de êxtase por algo imensamente maior. E por  quase  não existir no dicionário cotidiano de todos nós.
Depois de eternizada em nome de música então....a gente se distanciou de vez. E colocamos o fascínio no altar dos elevados, ele ganhou status de nobreza com poesia, e é como se a nós não pertencesse mais. Como se, o tal, tivesse dono, tivesse sido arrendado, e sob o qual não temos mais o direito da apropriação.
O fascínio foi institucionalizado. E a nós, somente, cabe os chinfrins "encantamento" e "deslumbramento". Ambos dão uma noção de sermos possuídos, uma sensação de que perdemos o poder sobre nós, uma impressão de que sofremos de "abestalhamento" O "encantamento" é papo de bruxa de contos de fadas, e o "deslumbramento" parece estado de quem se queda de boca aberta por qualquer coisa. O fascínio não, se impõe como um poder de envolvimento com inteligência, cheira a conquista negociada, em que os vencidos se dão por vencedores. O fascínio é um processo de engendramento de nós com a coisa fascinante, e com consentimento. Como se decidíssemos ficar ali, de livre e espontânea vontade, se deixando embeber pela energia que nos envolve, prestando atenção ao que sentimos e gostando do que sentimos. No fascínio o que brilha aos nossos olhos recebe o nosso consentimento depois de passar pelo nosso filtro de inteligência.
Desinstitucionalizar a fascinação, usar e abusar dela, é viver melhor. As receitas médicas deveriam prescrever: "fascinação 3x ao dia de 8 em 8 horas durante toda a vida".
 
FASCÍNE-SE!
E o resto deixa pra lá!
 
 
 


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