domingo, 7 de junho de 2015

VACINA DA VIDA

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Tem certas dores que são para serem vividas, são para existir. São iguais ao esforço que a lagarta faz para sair do casulo e se tornar/virar borboleta. Em que o impedimento da saída proporciona a força necessária que fará toda a diferença para o resto de sua vida.
Os episódios de perdas de inocência dos diversos aspectos de nossas vidas, que são registrados na literatura, na música, nas artes plásticas, nos filmes, no teatro, não são inventadas por esses nichos. Elas existem, essas são as formas de  materializa-las através dessas distrações subjetivas, que falam mais de nós mesmos do que imaginamos.
Fugimos das dores, mas somos criaturas fisiologicamente moldadas para o sofrimento. É ele quem nos formata, apara as arestas e nos ensina. É o princípio ativo de nossa modalidade de existência, por causa disso é que devem  chama-la  de primitiva.
Doloroso ver alguém sofrer com uma dor que sabemos ser necessária para seu desenvolvimento e termos que assistir sem fazer nada. Porque, do contrário, o aleijaremos por toda uma vida. Como o caso da borboleta que recebe ajuda para sair do casulo, e que por conta disso, jamais voará. Os pequenos dispositivos fisiológicos responsáveis pelo voo se ativam ali, naquela força empreendida para a saída do casulo.
Mas não é porque não podemos ajudar que vamos jogar pedra. Isso já é uma outra história....Aquela dor que nos fortalece, em contrapartida, não pode/deve nos endurecer ao ponto de sermos cruéis com os demais, e consequentemente, conosco. Mas, nos  vacinar para os processos secos e dolorosos da vida e nos preparar para outras dores, além de nos ensinar que as dores passam e que sobrevivemos a elas e saímos muito melhor (pelo menos é o objetivo).
A vacina para a vida é inoculação do germe da tristeza, da dor, da raiva, do ódio, do rancor para que os reconheçamos.E, possivelmente,  para que os rejeitemos quando se postarem diante de nós como hóspedes permanentes.
Viver sem dor é impossível mas o que a gente faz dela/com ela é que vai decidir a vida que teremos. É, é difícil assim, mas é possível. E é nisso que consiste nosso poder e só.

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