domingo, 21 de maio de 2017

O ÊXODO DE UM

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Assisti a um filme, certa feita, chamado "O Abraço da Serpente". Um apanhado de relatos de experiências de dois antropólogos em épocas diferentes que, do alto de seu cabedal científico não conseguiam perceber o quanto de conhecimento estava espalhado ao seu redor, sem catalogação nem categorização, pelo simples fato de operarem de formas diferentes.
Ali o que mais me chamou atenção foi a metáfora da bagagem. Um homem doente, semi-morto, procurando a cura para seu mal ou seus males, que não desgrudava de seus escritos, sua produção de conhecimentos científicos quase que se trocando por eles  sob as risadas de seu cicerone. Um índio tido como xucro - segundo seus ditames - mas que em relação àquele contexto tinha muito mais conhecimento.
Esse filme para mim, além de todos os atravessamentos que contém me impressionou aí. Naquilo para o qual fechamos nossos  os olhos, mesmo tudo estando diante de nós: a vida, as possibilidades, a natureza, a comunhão com ela, a integração com tudo o que também faz parte de nós para darmos crédito ao recorte: àquilo que uma sociedade nada saudável diz que é importante.
A preferência voluntária pela parte esquartejada e sem vida e, por vezes, equivocada em detrimento do todo também produz doentes. A negativa espontânea de não enxergar nos transforma em criadores de moinhos e inventores de um mundo sem conexão. Creio que seja esse o mecanismo usado por nós em nosso cotidiano, construindo nossas vidas, nos relacionado com as pessoas.Impingindo uma digital de alma ao mundo que, possivelmente, não é das melhores. 
Sempre fiz dos meus momentos de dor, aflições, perigos e incertezas o meu maior celeiro produtivo. O cosmo deve me odiar por impor tantas agruras. Deixar o que foi e seguir adiante produzindo outras bagagens é inteligencia. Produzir bagagens mais fáceis de carregar é sabedoria. Que Venham!



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