domingo, 22 de dezembro de 2013

RASTRO DE LUZ

Partilhar
Desde de antes de nascermos nos movimentamos e sempre que o fazemos mudamos alguma coisa, deslocamos o ar, mudamos objetos de lugar, mudamos a forma com a qual as pessoas nos vêem  e mudamos a forma de ver as pessoas, o mundo. E à medida que vamos alçando outros degraus ao longo da vida, assumindo responsabilidades e adquirindo poderes, as mudanças que promovemos ganham intensidade e abrangência.
É que a gente não se dá conta, qualquer coisa que façamos fomenta mudança. Tudo o que tocamos transformamos. Então, de posse desse saber, seria bom que o fizéssemos para melhor. Exemplos não nos faltam, à nossa volta temos vários conhecidos apenas de nós, outros de mais pessoas no nosso entorno e outros, ainda ,conhecidos, notoriamente, no mundo todo. 
Deixando de lado as classificações do discurso, temos um exemplo de uso de condições e possibilidade de alcance de massa, que a setenta e três anos atrás, enchia o cinema de uma mensagem portentosa de benfazejo. Proferida por Charles Chaplin em "O Grande Ditador"  em plena segunda guerra mundial e considerado um dos mais belos discursos da história, resume as intenções e ações de um homem brilhante e que, ainda hoje, é tão atual. Segue abaixo:
 
"Sinto muito mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar nem conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - Judeus, o gentio, negros, brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de desprezar e odiar uns aos outros? A terra que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e o da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e nos tem nos feito marchar a passos de gansos para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina,  que produz abundância, tem nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós. Nesse mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora, milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas, vítima de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir, eu digo: 'Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós, não é mais do que produto da cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem, e o poder que do povo arrebataram há de tornar ao povo. E assim enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais, que vos desprezam, que vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas. Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar...os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão. Lutai pela liberdade! (...) Vós, o povo tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade. Vós o povo tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto, em nome da democracia, usemos esse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o ensejo do trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam. Não cumprem o que prometem, jamais o cumprirão. Os ditadores liberam-se, porém, escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e á prepotência. Lutemos por um  mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
                                                                                                                   (Charles Chaplin)
 
Que com a energia de congraçamento dessa época natalina, possamos nos dar conta de que cada um de nós pode fazer pelo mundo o que estiver ao seu alcance, dentro de sua capacidade e potencialidade. Façamos a diferença! .... FELIZ NATAL!
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário