domingo, 8 de dezembro de 2013

REFÉNS DA FELICIDADE

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Imaginemos um mundo perfeito, em que tudo dá certo. Somos todos felizes e a dor, a decepção e o sofrimento não existam. Que maravilha!....para  os serafins, querubins, avatares e afins, sim. Para pobres mortais, afeitos à cobiça, inveja, tendenciosidades, espertezas, exercícios vazios de superioridade, disputas torpes e comezinhas, a coisa fica feia.
No nível de evolução (espiritualidade, compreensão da existência) que  possuímos, enxergando um pouco mais de um palmo à frente de nossos narizes e com o mundo girando em torno do nosso umbigo seríamos eternos deficiente d'alma. Preservaríamos, fossilizadas, nossas imperfeições, faríamos monumentos públicos dos nossos defeitos e cristalizaríamos um estágio pobre de compreensão de mundo e de coletividade. Seríamos um estacionamento perpétuo.
Quando enxergamos dessa forma damos outro significado ao sofrimento, chegamos até a ser gratos depois que percebemos o quanto caminhamos e avançamos no nosso crescimento e discernimento em relação à vida.
Sofrimento, talvez, não seja aquela dor para ser curtida até se tornar crônica. Possivelmente, é o instrumento que nossa condição humana precisa para avançar. Piegas, não?!...mas se quisermos deixar de precisar dele e ir para o próximo nível no jogo da vida, não tem jeito, temos que passar pelo que nos levará até lá.
Provavelmente, estamos num momento existencial em que a felicidade é para de vez em quando, em gotas homeopáticas. Então joguemos com o sofrimento e curtamos com intensidade os pequenos momentos de felicidade. Até porque, Quem conseguiria viver num carnaval de ano inteiro? Quem aguentaria férias eternas? Quem suportaria um milhão de amigos, tendo sempre festa todo dia e amados pela humanidade? Seria tão chato que a gente chamaria o sofrimento de felicidade.
É isso aí, somos paradoxais. Felicidade demais aleija, entorta, enjoa, enche o saco e não nos leva a lugar nenhum.

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