domingo, 3 de agosto de 2014

LUZ

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Existe uma energia multiforme que nos contagia de várias maneiras. Não tem nome específico, não tem cheiro, não tem cor nem sabor, mas sente-se. A identificamos sem conceitua-la, desde bem infantes, quase estreantes na vida.
Ela pode nos atingir pelo olhar, a captação das janelas da alma, ou pode nos invadir pelos ouvidos com uma miríade de sons, de tons, de dissonâncias que nos transportam. Ou ainda pelo tato e olfato. É do reino dos sentidos.
A energia sem nome que nos ilumina é do bem. E, instantaneamente, nos transforma em outro, nos mostra, nos fragiliza, mas principalmente, nos desarma, nos torna belos e abre a fresta da porta de nosso ser.
Bérgson fala do sorriso. Essa luz que é  nossa e que nos acende para o mundo, como espontânea e limpa, sem adornos, protocolos ou falsidades (quando natural e veraz). Que é um rompimento com o mecânico, que ri é humano, os animais não riem. Quando rimos é o corpo que ri, ninguém tem o mesmo sorriso que o outro e jamais se ri igual duas vezes.
E José Saramago vaticina: O sorriso (...) "vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada a ver com as contrações musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover do rosto, as vezes hesitante, por um frêmito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso."
Sorria! Ilumine-se!, mesmo que não esteja sendo filmado.

 


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