segunda-feira, 5 de setembro de 2011

NADA DEMAIS

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Sem pretensões propedêuticas mas, relembrando as aulinhas da tia Tetéia....o capitalismo surgiu com o desgaste do feudalismo e com o comércio nos burgos, que a princípio era escambo, e o surgimento de um índice mensurador do valor das mercadorias. A arte do bom sucedimento neste novo modo de produção era o acúmulo desse índice. Produção em massa, empregados remunerados - o que significava mercado consumidor, troca de mercadorias por dinheiro, criação de corporações para um determinado fabrico - as fábricas, as empresas, os bancos. O mundo se arrumou muito bem.
Surgiram os estigmas " bem sucedido" e "mal sucedido". Estas pechas são rótulos atribuídos à vida pessoal, referenciadas ao modo de produção.
Alianças com interesses políticos e econômicos sempre houveram, junções de empresas, de reinos, de famílias. Mas eram alianças, não vendas espúrias e baratas de pessoas, eram acordos de clãs, de grupos que se protegiam e até na mesquinhez eram corporativistas.
Vejamos onde o mesmo modo de produção econômica tem adentrado nossas casas, nossas vidas, nossas famílias e a construção humana hoje. Assista!


Hoje o capitalismo é comprar. Se o indivíduo não consumir ou consumir a partir de uma necessidade e em silêncio, ele não é um indivíduo. A educação dos pequenos, hoje, é baseada no consumo. Não se sabe mais o que é estar com o coleguinha somente por estar, visitá-lo para brincar apenas. O objetivo é saber que brinquedo ele tem, qual a marca do celular, se a mochila é da marca X, se os cadernos são do desenho W e se os tênis são do super herói Z. Confira!


Mas isso é nada demais! Sim. Se esse indivíduo não se tornasse um adulto. Um adulto que escolherá  o namorado/namorada pela roupa que usa, que medirá sua auto-confiança e seu poder de relacionar-se pelo que pode proporcionar a alguém em valores monetários, que selecionará o outro pelo marca do carro, pela marca do relógio ou pelo presente que ganhar. Conheça o sonho de vida dos nossos jovens e adolescentes e que belíssimo exemplo!
Mas isso é nada demais! O mundo está todo assim! Vou criar meu filho para ser um extra-terrestre? Não. Vai criá-lo para ser o que a natureza determinou que fosse, um ser humano, dotado de alma e espírito, em suma, sentimentos e cuja missão é evolução e que dispõe de instrumentos chamados valores para o exercício dessa evolução e cujo palco de atuação é a vida.
Ensinamos aos filhos a verem o pai como Banco Central. Ensinamos aos filhos que basta querer, pois a culpa dos pais por não estarem juntos tanto quanto deviam/queriam, paga a conta. Ensinamos aos filhos a verem as outras pessoas como cifrões. E os tentáculos do capitalismo adentram a nossa vida emocional, vira referencial de escolha de amigos, de seleção de namorado, de aceitação de vizinhos, de afeto.
Deixar uma criança se transformar em alguém assim é construir um adulto infeliz, mesmo que acompanhado. Se for um cidadão com poder aquisitivo, será alguém que se acha no direito de comprar os outros ou que se protege em demasia por não acreditar em ninguém, e com razão. Se for um cidadão sem poder aquisitivo, será, quase sempre, alguém que se prestará a qualquer papel para obter o que quer, se vilipendiará por míseros bens materiais duráveis ou não.
E quando vemos pessoas procurando felicidade nas drogas, na contravenção, em exercícios de atividades ilegais e  afins, não sabemos porque. Nós fabricamos isso.
 As drogas hoje tem sido o anestésico para muitas pessoas que, quando estão sozinhas consigo mesmas, não aguentam saber que aqueles que os cercam não estão ali por eles, mas pelos que eles podem proporcionar. Temos exemplos de artistas famosos mortos por overdose, recentemente, Amy winehouse. Esse vazio que mora dentro de nós é o grito da alma dizendo existir e precisar de alimento. Quanto custa em dinheiro resolver isso? Nada e ao mesmo tempo não tem preço.
Tá na hora de colocar um limite a esses tentáculos na nossa vida pessoal, tá na hora dos valores emergirem como referenciais silenciosos e tomarem o seu lugar e isso se dá através da educação familiar. Comprar, verbo maldito!
Felicidade não se compra, lealdade não se compra, paz não se compra, aconchego não se compra, química com alguém não se compra, amigos não se compram, saúde não se compra, respeito não se compra, auto-estima não se compra.
Mas, felicidade, lealdade, paz, amor, aconchego, carinho, companheirismo, parceria, cumplicidade, amizade, fraternidade, saúde, originalidade, autenticidade, bom senso, bom caráter, isenção, imparcialidade, auto-estima e assertividade é NADA DEMAIS. Não é?!









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