domingo, 11 de dezembro de 2011

POSOLOGIA DO CAFÉ COM LEITE

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Passamos a vida inteira inventando receitas, dando dicas, pesquisando modos de nos relacionarmos com o outro. O grande chavão da juventude/vida adulta é " encontrar a pessoa certa", como se mais nada houvéssemos que fazer.
Gastamos energias mil plasmando e desejando o "final feliz". Ah! como os contos de fadas influenciam a nossa vida inteira, são fomentados pelas novelas e movem o imaginário de uma massa imensurável. Bem, já que está todo mundo fazendo, vamos fazê-lo também. Porém, tracemos paralelos, façamos analogias.
Dizem os nutricionistas que a combinação café com leite não é ideal, mas é boa, igual ao casamento; que uma substância, a cafeína, anula parcialmente a outra, o cálcio do leite; continua igual. Então aproveitemos esta "coincidente" semelhança para falarmos sobre os diversos tipos de cafés e leites que combinam ou não. Até aqui, tudo bem!
Existem vários tipos de cafés, os principais ou mais conhecidos são: o café comum, aquele feito em casa, seja na cafeteira ou no coador - isso ainda se usa; o café solúvel, mais prático; o expresso, mais forte, precisa-se de uma máquina adequada para fazê-lo; o capuccino, no qual se mistura alguns cremes, chocolates e até porcentuais de leite; o frappé, frio batido com cubos de gelo.
Quantos aos leites, os principais são: de origem bovina, os tipos integral, semi-desnatado, desnatado, o em pó, o condensado. De origem vegetal o de soja e o de côco. Se formos fazer cálculos de probabilidade, teríamos para esses casos 35 tipos de combinações. Mas, nem todas seriam viáveis. Imaginemos café solúvel com leite condensado, café expresso com leite de côco ou ainda capuccino com leite de soja. São combinações que não são viáveis tanto em relação ao paladar quanto em relação às reações químicas. Os demais são compatíveis e são maioria.
Quando nos deparamos com uma combinação que não combina continuamos procurando combinações e muitas vezes esquecemos que aquelas substâncias são boas palatar, visual e quimicamente sozinhas ou em outas receitas, que não exatamente o que pretendemos. E isso deveria nos fazer refletir sobre as associações que por vezes queremos fazer em nossas vidas mas, que não se dão.
O que nos falta é olhar em volta e descobrir que um café da manhã pode ter café puro ou, simplesmente, não tê-lo; pode ter leite puro ou, simplesmente, não tê-lo. Já inventaram o chá, o suco, a vitamina. Podemos fazer combinações nutritivas e continuarmos vivendo com qualidade, independente do café com leite.
Não estamos presos a um cardápio, podemos fazer o nosso próprio. Mas, para sabermos que não gostamos de café, havemos de experimentá-lo; para sabermos que não gostamos de leite havemos de experimentá-lo; para sabermos que não gostamos dos dois, da mesma forma.
Temos por obrigação com a felicidade, passar um tempo da nossa vida na modalidade café com leite. Dormir com alguém, aprender a dividir a cama, conviver em espaços comuns para nos polirmos, aprendermos a discernir o outro; ver a quem amamos em momentos de tristeza, suas reações, acompanhar como alguém constrói sua vida, para admirarmos ou não. Nos deixarmos ver da mesma forma, sem capas, sem dissimulações, nós crus. Para sabermos se essa é a nossa vocação, nosso destino, nossa escolha acertada.
Esta experiência é muito importante. Quem nunca viveu isso, tem um hiato na vida e um motivo a mais para ser indeciso em relação à sua construção, pois sempre  imaginará que a felicidade estaria naquilo não vivido.
Agora, depois de passarmos pelo café com leite e descobrirmos que não é a nossa praia, escolhamos ser o café ou o leite e façamos o que quisermos, sem frustrações, sem rancores, sem fantasmas - isso é o ideal.
Desfrutar a vida da maneira que quisermos, com overdose de felicidade nas veias. Seja curtir todos os shows de rock, as baladas da cidade, as exposições de arte ou ler aquele livro que está guardado e nos prometemos lê-lo na semana seguinte e, na outra, e outra e a bendita semana nunca chega...
Assenhorear-mo-nos de nossas agendas e cumprirmos compromisso por compromisso sem chorarmos a falta de ninguém, mas é claro, cultivando alguém para um cafuné que ninguém é de ferro.
Feitas todas as construções, caminhemos para o outono de nossas vidas. Nesta fase conheceremos a nós mesmos muito melhor, o que não significa que gostaremos do que venhamos a conhecer, mas conheceremos.
É a fase reflexão. A fase em que faremos um "apanhado" de nossa trilha e procuraremos melhorar a nós mesmos, num processo iniciado lá atrás, porque passado não se muda.
Só saberemos o que somos no universo do café com leite quando chegarmos ao final. Aí, sim descobriremos que tipo de café somos, se somos leite e se a nossa fórmula combinava ou não com a de alguém. Porque café é feliz sozinho e leite também. Mas, se combinarem, o sabor ficar agradável e as propriedades se mantiverem, juntos é muito melhor.
Mas, é bom sabermos que não precisamos mais sermos o que os contos de fadas e as novelas dizem ou diziam que deveríamos ser. A isto chamamos originalidade e coragem. A felicidade não tem receita.











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