domingo, 2 de junho de 2013

DESCONSTRUÇÕES

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Às vezes precisamos mais que mudanças, às vezes precisamos mais que transformações superficiais, às vezes precisamos desmoronar tudo, implodir um arcabouço de crenças, conhecimentos particulares, comezinhos e pequenos que nos foram impingidos e que nos constitui.
Mexer no que nos constitui é difícil, talvez seja impossível, mas o talvez acende uma luz no fim do túnel que nos abre a possibilidade de nascer de novo na alma, recriarmo-nos de novo de uma maneira que corresponda as necessidades das questões da época em que vivemos.
Voltar à infância e nos darmos conta de que acreditávamos no impossível, classificado dessa forma hoje, mas que , para nós, à época era mais que possível, era viável. Não guardávamos rancor porque, simplesmente, não sabíamos o que era; não tínhamos ódio porque não nos fora apresentado; não tínhamos preconceito porque nossas antenas eram as da alma. Todos eram iguais, só prestávamos atenção no que sentíamos. Para fazer esse exercício ingênuo, puro e que, talvez, seja o segredo do bem viver é necessário desconstruir.
Éramos protegidos, distanciados do perigo, do desconhecido por medos cotidianos que aos poucos nos inculcaram o pré-conceito, o pré-julgamento do outro ancorados na premissa do desconhecimento, dos temores, da fragilidade, em suma,  uma proteção inflada. Já que não sabemos quem é.... Já que não sabemos o que pensa....Já que não sabemos de onde veio...Já que não sabemos do que é capaz (relativo à maldades, astúcias e malvadezas)....Separemos, tomemos cuidado, sejamos precavidos e isso serviu de desculpas para invenções de estereótipos, para o exercício de estigmatizações. Nada contra a proteção e a precaução, desde que, não se torne uma prisão e uma fábrica de mau entendidos. Esse julgamento do outro  é criado e trançado da maneira mais sórdida, no cotidiano de nossas infâncias, ....com carinho e isso amalgama as nossas construções equivocadas.
Deve haver uma receita para se viver em sociedade, num amontoado de bilhões de pessoas diferentes em níveis de evolução no entendimento de mundo, de inclinações d'alma, com "coragens" diferentes, "sentires" diferentes, sem ser contundente.
Deve haver uma maneira de enxergarmos o mundo de almas díspares vivendo suas passagens centenárias num teatro temporário, aprendendo coisas e tendo prazer no que vemos.
Deve haver uma forma de perceber diferenças, respeitá-las de coração, de fato e se imbuir delas para crescer.
Deve haver um caminho de ver o outro como um grande livro de vivências e que tem o que nos ensinar, com quem temos o que trocar.
Deve haver um modo de viver em que a troca seja eixo norteador.
Deve haver uma frequência que nos torna uma grande onda com diferenças de  intensidade, mas que se completa.
Deve haver uma forma/modo de se usar a alma para o que se veio fazer.
Deve haver uma energia que nos impinja a amar e a existir como sendo uma pequena gota no universo e alguma outra força que nos conscientize disso, e a partir daí, que sintamos prazer em fazer parte de um todo maior e que está conectado.
Quando implodirmos um arcabouço degenerado que reduz a eternidade a cem anos, que diminui o amor ao tamanho de um "sentimentozinho",  que confunde o prazer de ser com o  de ter; quando ousarmos a rebeldia do que nos disseram que era o certo pelo feeling da experiência; quando ligarmos todos os sensores para auto-didatismo da vida;  quando praticarmos a subversividade do imposto e rompermos com o  "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço" pelo "viva e deixe viver"  estaremos realizando o nosso processo pessoal de desconstrução que nos permitirá jogar fora as certezas, parar de acreditar no que vemos, deixar de ouvir o que ouvimos para apenas sentir.
Trocar as antenas da pré-história pelos instrumento da evolução: a intuição e a percepção; prestar mais atenção às energias com as quais interagimos do que com os estigmas e estereótipos que criamos, e que são todos frutos de um passo atrás, para nos atermos às variantes dos  prismas das verdades que nunca soubemos,  mas que estão lá, basta acessarmos. Provavelmente será o maior passo em direção ao desenvolvimento de alma, de entendimento do mundo, de congraçamento universal e de união com o todo ao qual pertencemos.
Essa mistura, esse caos, essa desordem, que é inerente às diferenças, todas juntas, misturadas vivendo e convivendo a um só tempo, sempre foram "reais", sempre estiveram em nossas vidas, a diferença é que quando as enxergamos e admitimos elas passam a existir, de fato, e deixam de ser problemas para serem a nossa vida, para  fazer parte de nós.
Deixar de existir o "eu" e passar a existir o "nós" faz com que o "nós" e o "eu"passe a ser  uma coisa só, a premissa "somos um" deve abarcar essa grande transformação que advém de nossas desconstruções. Desconstruir é preciso.

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