domingo, 1 de junho de 2014

OUTRA DIMENSÃO

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Pelas leituras da literatura espiritualista, é possível imaginar uma alma sem corpo chorando ou uma alma sem corpo sorrindo, mas jamais, uma alma sem corpo gozando. O corpo em relação à suposta alma, é inferior, finito, casca e vestimenta. Sem ela, a alma, o corpo não chora, não sorri e não goza. É um zé ninguém.
Isso me faz lembrar de uma música da década de noventa, do Sagrado Coração da Terra, que dizia: "estrelas são as lágrimas do anjos a chorar, por não terem um corpo, a vida e não saberem o que é amar" numa alusão clara ao privilégio dos pobres mortais de exercitarem a experiência da sensação máxima advinda da junção alma/corpo.
Ora, porque será que o gozo é tão perseguido? Tão procurado? Tão desejado?...A vida, o corpo, a alma, tudo se volta para os oficiais oito segundos mais gloriosos da existência humana. ( existem os oficiosos: os múltiplos, os sucessivos etc....rsrsrsrsr). Quem sabe por não ser o único momento em que a alma usa/experimenta o corpo e o corpo experimenta a alma? É o momento de junção do divino em nós, é o momento do exercício de uma plenitude de deus.
A maior aventura da vida de um ser encarnado é o corpo do outro. O que faz com que percamos a concentração com a proximidade do outro?  Que força desestabiliza a respiração somente com a contemplação? Que energia é essa que nos faz cair e mergulhar num mundo de sensações que se exponenciam a cada segundo? Que poder é esse que nos põe insanes e nos faz retornar a era mesozóica? Que mistério espetacular é esse que nos envolve a ponto de nos tirar de onde estamos e nos levar a uma outra dimensão, literalmente, sem sair do lugar?
....o corpo do outro. A sensação de embevecimento pela permissão da proximidade, do toque, da contemplação da reação a cada movimento, a cada olhar, a cada investida. O cheiro, o calor, respiração....e o nirvana. Porque é nisso, que todo o mundo, com suas teias complexas, se transforma.
Tenho uma teoria....São deuses que se encontram para exercer o beneplácito encarnatório e ensaiam um balé de sintonia, em busca de uma única frequência. O gozo é uma comemoração dos deuses que celebram terem conseguido encarnar e lembram de sua condição de deuses através da interseção entre dois mundos.
Não há aventura maior que o corpo do outro. A exploração de todas as potencialidades das sensações. É por isso "que não é bom que o homem viva só" ...porque o gozo é prejudicado. E o criador de todas as coisas é safado! Que bom!.... Tô começando a gostar desse cara!
 
 


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