quarta-feira, 16 de março de 2011

UVAS VERDES

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Um conto de fadas relata uma passagem em que uma raposa, ao não alcançar as uvas, diz que as mesmas estão verdes.
Diz-se que as uvas estão verdes quando não se tem disposição para criar mecanismos que as alcance. Quando percebe-se que pensar dá trabalho e quando se tem prazer na indolência.
Mas as uvas continuam seu desenvolvimento, sua viçosidade aflora, sua beleza seduz.
Aos que chegam, seduzidos por esta beleza, é dada a mensagem do "estar verde". Os que acreditam corroboram com a incompetência, a ineficiência, a inutilidade de sua própria existência. Aos que não acreditam - poucos- a questão não coadunante com o que salta à vista instiga. Estes são os que gostam de desafios, tem prazer em usufruir o tempo de forma produtiva, são ávidos por trabalho, e pensar é um bom exercício. A palavra de ordem passa a ser persistência.
Enquanto os dois principais tipos de atores da existência, os perdedores e os vencedores, se adaptam a seus mundos com diferentes nuances, perspectivas e instrumentos....
As uvas, em seu crescimento exalam o dor característico de seu amadurecimento, instigando ainda mais os grupos, cada um com sua oratória. Cada grupo com seu objetivo. 
As uvas são colhidas, levadas a uma vinícola, pisadas, coadas e postas para descansar por longos anos.
Os perdedores continuam conflagrando contra as uvas, sem nem notar os ciclos da vida, presos ao mundo pequeno e medíocre da falácia. Os vencedores continuam persistindo, desafiando-se, crescendo e fazendo ouvidos moucos à tolices.
Diz-se da mediocridade que faz parte da existência, que é normal, que é "ser" humano. "Ser" humano tem sido desculpas para muitas mazelas imperdoáveis. Não  conseguir se ver, se corrigir, ter parâmetros é comum.
O viver é pleno  usufruto de todas as potencialidades que descobrimos em nós. 60, 80 anos é tempo demais para se fazer nada e tempo de menos quando se tem tanto para oferecer, para construir e para aprender.  
Lao-tsé disse: " A alma não tem segredos que o comportamento não revele".O comportar-se diz muito sobre nós, fala das origens de nossa alma e, é o único exercício real de poder que temos. E, é aí que exercitamos nossa vontade e decisão em plenitude.
As uvas são o prêmio de quem faz  por merecer, em nada foram atingidas, seguiram seu ciclo natural, ornamentando boas mesas, em excelente companhia, com assuntos agradáveis e procedentes, cercadas de boa música e sublime viver.
No trajeto da evolução sejamos uvas que se transformam em bom vinho, independente do que dizem os tolos. Postemo-nos à mesa com honra, numa construção límpida e justa que nos fortaleça a alma sempre, porque isso contagia. Se cada um de nós conseguirmos contaminar mais um outro, seremos melhores, teremos um mundo melhor. Mas isso não se faz gritando, se faz em silêncio, vivendo. 
      E aos vencedores......as uvas.
 


      

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